Noah continua me olhando sem demonstrar nenhuma expressão, o seu olhar está duro e ele não parece se comover com as lágrimas que escorrem por minhas bochechas, sem que eu possa afastá-las, pois além de me sentir perdida, os meus músculos parecem ter congelado, impossibilitando-me de me mover.
— Noah, eu... - limpo a minha garganta e fecho os olhos, os apertando com tanta força que sinto uma leve pontada em minhas têmporas. — Eu não sei como lhe dizer isso.
O que eu posso dizer? Eu não posso simplesmente mentir. Eu sabia que esse dia iria chegar, mas eu não esperava que fosse agora. Não hoje. E não depois da noite que tivemos.
Eu ainda posso sentir os vestígios de Noah em mim, como se ele houvesse marcado cada mínimo centímetro do meu corpo. Sinto-me, como se ele tivesse me tomado para ele e não apenas fisicamente, mas também me feito dele de alma e coração. Ele plantou um sentimento intenso em meu peito e eu não sei se consigo tirá-lo de mim. Não tão cedo.
— Sem mentiras, Sinaa. Diga-me a verdade. - ele diz rispidamente. — Porque nunca disse que você é a filha do presidente dos Estados Unidos?
A ironia pinga em sua última frase, ao nomear-me como a filha do presidente. Ele está realmente chateado. Suspiro e abro os olhos, mas não consigo olhar para ele.
— Eu não menti, apenas ocultei parte da história. - digo baixo, mas tendo a certeza de que ele me ouvia. — O meu pai, antes mesmo de tornar-se presidente, sempre me privou de tudo. Eu estudei em casa e nunca tive amigos em colégio e nem vivi da maneira que um adolescente gostaria de viver. Sempre dancei, às vezes precisava ser escondido dele, pois ele sempre achou a dança uma perda de tempo e deixou claro que eu nunca iria entrar em uma companhia para sair em turnê, por ser perigoso para mim e ele não me quer longe. Antes de avisá-lo, eu me inscrevi para as bolsas da universidade e quando a carta de admissão chegou, estava escrito que eu tinha sido aceita, mas eu havia dito a ele que entraria lá com o objetivo de cursar administração. Como ele queria. - soluço baixinho e encaro meus pés. — Naquela noite em que você me levou de volta e tinha aquele tumulto na entrada, eram os seus seguranças a minha procura e ele estava no corredor com a minha mãe, esperando por mim. Na noite em que você me viu andando na calçada e me levou ao parque abandonado, eu estava em um evento de caridade. Causei desgosto a ele em todas as vezes que ousei quebrar as suas regras apenas para me sentir humana, ao menos uma vez. Eu aproveitei que estava indo para um lugar novo e poucas pessoas me reconheceriam. Evitei usar minhas roupas de grife ou as que uso para estampar capas de revistas e até mesmo as que desfilo ao lado da minha família em eventos, apenas para ser normal e me misturar. Sabina descobriu depressa, mas manteve a boca fechada a meu pedido. Eu consegui manter isso por algum tempo, mas depois dessa notícia... - ergo o meu olhar e olho para a televisão desligada. — Todos irão me ver. Eu temia esse dia, mas ele chegou e eu preciso lidar com a minha vida, exatamente como ela é. Queira eu, ou não.
— Eu te contei sobre as minhas merdas e você ainda assim esconderia isso de mim? E por quê? - ele grita.
— Porque dói, Noah. Dói pensar que pessoas se aproximam de mim por interesse ou outras fogem por não querer se misturar ao meio político. - ergo os braços para cima e deixo-os cair nas laterais do meu corpo. — Eu não planejei ter essa vida, mas eu a tenho. Eu amo os meus pais, mas também odeio o fato de não ter uma vida.
— Sua vida é perfeita. - diz, usando ainda mais o veneno de sua ironia. Olho-o incrédula. — Porque não se envolveu com algum riquinho de merda?
— Perfeita? A vida de ninguém é perfeita, Urrea. - grito, perdendo a razão e o controle. — Eu posso não ter enfrentado muitas coisas e não ter vivido o que você ou outras pessoas viveram, mas a minha dor me faz querer desistir, chorar, gritar e fugir. - arfo, perdendo o fôlego e sem saber ao certo o que dizer. Eu estou brava e sinto vontade de jogar tudo o que possa se quebrar na cabeça de Noah por ele ser tão estúpido e egoísta. — Eu não me gabo do que tenho e nem desmereço ninguém. Eu só estou tentando encontrar o meu lugar, pois eu sei que não é sendo a futura governadora do país, por mais que esse seja o desejo do meu pai. - aponto para ele, sentindo mais lágrimas molharem o meu rosto, deixando minha visão um pouco turva, mas consigo ver o seu rosto exalando tensão. Os ossos de seu maxilar estão prontos para perfurar o seu rosto. — Eu não sei por que não cai nos encantos de algum outro garoto da universidade. Mas eu sei que não foi a algum deles que me entreguei na noite passada. Não me pergunte o motivo, pois eu também o desconheço.
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🍉ִִֺּֽֽׂ֪֤֭ׄؒᬼ ⃟͊🎯ᮭ 𝗼𝗽𝗽𝗼𝘀𝗶𝘁𝗲 𝘀𝗶𝗱𝗲𝘀 | noart ✓
RomanceEu nunca gostei de errar. Fosse um passo do balé, um cálculo feito rapidamente ou nas questões da vida. Eu pensava que essa era uma das minhas qualidades, gostar de fazer o certo, mesmo desejando quebrar regras, de vez em quando. Um dia, eu conheci...