1. O início da paz

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Eu estava com os meus pais e Jake depois que todos os amigos de meu avô, de meu pai e de meu tio Jasper, além de nossos primos de Denali, partiram. Papai olhava para tia Alice, provavelmente lendo algo nos pensamentos dela, e então ele sorriu. Presumi que não fosse nada sério e também não perguntei, afinal, era particular, fazendo com que não fosse da minha conta. Quando o sol começou a baixar no horizonte, nós quatro entramos na casa. Nesse momento, tia Rosalie me pegou no colo e me abraçou. Eu passei meus braços ao redor do pescoço dela para me aconchegar melhor naquele abraço. Logo, toda a minha família veio até nós e nos abraçamos porque estávamos a salvo, porque eu estava a salvo. Aro deixou claro que queria me conhecer mais e que estava curioso ao meu respeito, mas vovô garantiu-me que ele não me faria mal. Aquele homem me assustava. A forma como olhava para tudo, como se estivesse à procura de alguma coisa, me causava arrepios. Principalmente, porque aquele olhar havia sido dirigido a papai, a mamãe, à tia Alice e a mim e eu não sabia interpretá-lo. Parecia-me cobiça, mas não havia como ter certeza. Sabia apenas que me dava uma sensação ruim. Porém, eu confiava em meu avô e se ele me dizia para não ter medo, eu não teria. Já que descobri, naquilo que deveria ter sido uma guerra e acabou sendo apenas uma conversa, que pararia de envelhecer aos sete anos e que ficaria ao lado de minha família para sempre. Nunca os contei que entreouvi algumas conversas preocupadas entre eles a respeito de meu crescimento acelerado, mas nesse momento, eu percebia o alívio em todos e me alegrei profundamente.
Jake se tornou alfa e agora La Push tinha duas matilhas: a de Sam e a de Jacob. Quando perguntei a Seth, um dos membros da nova matilha de Jake, o terceiro na hierarquia, e um grande amigo de meu pai, a quem eu também me afeiçoei, pois ele sempre brincava comigo e me fazia rir, sobre onde ele ficaria, ele me respondeu que estaria na matilha de Jacob. Gostei dessa notícia. Principalmente porque a matilha de Sam não se relacionava conosco. À noite, eu me sentei no cascalho que ficava na base da escada de entrada da casa de meus avós e Seth, pouco tempo depois, se sentou ao meu lado.

– Mas não vai ter problema? – perguntei e ele sabia ao que me referia, já que fora o último assunto que conversamos
– Não! – respondeu Seth com um dar de ombros– Jake é um alfa por nascença, Sam apenas se tornou alfa porque ele declinou. Por isso, Jake é maior que Sam. Agora, tanto os antigos quanto os novos lobisomens poderão escolher em qual matilha ficarão. – ele estendeu a mão e pegou uma pedrinha – Além disso, Jake e Sam se entenderam
– Papai disse que vocês não são lobisomens – comentei rindo, com os olhos no chão, e pegando uma pedrinha de formato estranho no cascalho
– Ah! – disse sorrindo – Já acostumamos a nos chamar assim. Acho que não mudaremos
– Mas está errado – retruquei olhando feio para ele
– Vai ser nosso segredinho – comentou Seth com um sorriso conspiratório para mim
– Como é um segredo se todos sabem? – perguntei confusa
– Não sei – respondeu Seth, me fazendo gargalhar
– Você é muito bobo – disse
– Só um pouquinho – e piscou um olho para mim

Ficamos ali brincando com as pedrinhas e Jake, pouco tempo depois, se juntou a nós. Seth me olhou nos olhos, erguendo e abaixando as sobrancelhas diversas vezes, e eu quase caí de costas nos degraus de tanto rir.

– O que eu perdi? – perguntou Jake com um sorriso enquanto bagunçava os cabelos de Seth e fazia um cafuné na minha cabeça 
– Ness e eu estávamos discutindo que tínhamos um segredo sobre não sermos lobisomens, – contou Seth e então abaixou os ombros ao completar – mas aí ela me lembrou que todos sabem, então não é um segredo

Jake riu e eu disse, porque achei importante ressaltar:

– Também te chamei de bobo
– Chamou mesmo – concordou Seth com um sorriso

Minha mãe e meu pai, então, apareceram e mamãe me pegou no colo para que eu fosse dormir. Dei boa noite aos meus amigos e deitei a cabeça no ombro dela enquanto seguíamos para o quarto em que eu ficaria ali na casa do vovô. Depois que eu já estava deitada na cama, minha mãe me deu um beijo de boa noite na testa e se deitou do meu lado direito, enquanto papai se apertou do meu lado esquerdo, ambos me abraçando. Ele começou a cantar uma canção de ninar para mim e eu dormi quase imediatamente.
No dia seguinte, quando acordei, meus pais ainda estavam ao meu lado, com os braços redor de meu corpo, me olhando como se não acreditassem que eu estava ali, que eu era real. Como, para mim, falar era algo novo, preferi mostrar-lhes que eu estava feliz por estar ali, com eles. Mostrei as sensações que tive enquanto estava na barriga da mamãe, quando ela conversava comigo e quando o papai cantava ou tocava para mim. Mostrei também que estava feliz por tudo ter terminado bem, que havia gostado de nossos primos e me sentia mal pela morte de Irina. Ainda que minha vida tenha corrido risco, apenas porque ela tirou conclusões precipitadas e não quis conversar conosco para me conhecer, eu não queria que ela tivesse sido morta. Muito menos que Tanya e Kate perdessem a irmã, eu gostava muito delas. Meus pais sorriram para mim e me deram um beijo, cada um em uma bochecha, e papai disse:

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