🍼Capítulo 4💫

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— Então a vadiazinha quis me desobedecer ? — aquela voz me fazia tremer.

  Sophie

— Mãe, eu posso explicar. — minhas mãos estavam tremendo e eu estava suando frio.

— Não me interessa. Você sabe o que acontece quando me desobedece e já falei para não me chamar de mãe. — Ela se levantou e veio até mim — Uma aberração como você nunca seria minha filha.

— P-por f-favor. Eu não fiz p-por m-mal. — Eu já estava chorando. Aquelas palavras me machucaram.

Como ela podia me odiar tanto ? Eu nunca fiz nada contra ela. Eu só queria carinho e amor, mas isso parecia um crime para ela.

— Não chora! Você é tão fraca que não aguenta ouvir algumas verdades sem chorar ?? — Ela estava cara a cara comigo e eu estava tremendo. — Responde !!

  De repente eu estava no chão. Senti a ardência do tapa que ela me deu e chorei mais ainda. Ela gritava comigo e eu só me encolhia mais e mais, até que ela perdeu a paciência e me arrastou até o portão. Ela me levou pelo cabelo e eu tentei lutar contra, tentei de verdade. 

— N-não faz isso!! A Sophie promete não desobedecer mais, por favor. — Eu gritava e chorava, mas não adiantava.

— Fala direito! — Ela me jogou o chão e andou até a porta. — Vai ficar aqui até eu decidir. Vai aprender a me obedecer por bem ou por mal.

  Ela saiu e fechou a porta, em seguida ouvi o barulho a chave. Ela levou com ela qualquer resquício de luz que aquele ambiente tinha. Eu me abaixei, sentindo a parede gélida atrás de mim e fiquei em tentar respirar.  Me arrastei até um canto e abracei as minhas pernas. Eu não queria ficar no escuro e não queria ficar sozinha.

○○○

Não sei quando tempo faz que eu estou aqui. Meu estômago doi e eu só queria estar com a Mel e o Henry de novo, eles eram legais comigo. A Mamãe entrou aqui ontem e me bateu e eu só pedia pra ela parar.

A porta foi aberta e eu só esperei pelo pior. Ela me levou para o meu quarto e praticamente me jogou na cama.

— Levanta, você tem que ir pra escola. — Ela colocou uma bandeja que tinha pão e um copo de leite na mesa ao lado. — Você deu sorte que a sua escola ligou. Eu disse que você estava doente, mas que iria hoje. Então come e sobe para se arrumar.

Eu não respondi. Praticamente devorei o que estava na bandeja, eu estava faminta. Minha cabeça doi e eu só queria dormir, mas ela podia me colocar lá de novo se não fosse para a escola. Me arrumei com muito custo e sai de casa.

   Eu fui andando e a cada passo eu sentia mais e mais cansaço. Era como se a minha cabeça estivesse pesada e eu me sentia quente. Estava muito cansada. Cheguei na escola e me encostei no muro. Não tinha mais forças para nada.

— Sophie!! Você veio. — Eu reconhecia a voz, mas não estava pensando direito. Uma mão tocou o meu ombro e eu virei a cabeça para ver quem era.

Era a Mel.

— Sophie, você está pálida! — Ela colocou a mão no meu pescoço eu me afastei. Estava muito fria. — E está ardendo em febre! Vem, eu vou te levar pra casa.

Pra casa ? Não. Pra casa não! Comecei a balançar a cabeça freneticamente, mesmo que isso me deixasse com vontade de vomitar.

— Mel, pra minha casa não. Não me leva de volta pra lá...— Falei baixo, mas o desespero era evidente.

— Calma, o que aconteceu? Porque não quer ir pra casa ? — Ela parecia muito preocupada.

Eu abri a boca para responder, mas estava tudo girando. Estava cansada e então me entreguei ao sono.

Henrique

  Hoje era segunda feira e eu estava na minha sala trabalhando. Eu levei a Mel pra escola e não vi a Sophie no muro, minha irmã disse que ela poderia estar lá entro ou estar atrasada, mas eu achei estranho.

  No sábado a Sophie parecia estar com medo de alguém e não queria entrar em casa, estou preocupado com ela. Ter ela nos meus braços aquele dia me pareceu algo tão natural que se pudesse não iria solta-la. Me senti culpado por ter deixado ela em casa, mesmo que fosse um sentimento sem sentido. Quer dizer...Ela estava em casa.

Balancei a cabeça e voltei a me concentrar nos meus emails. Não é a primeira vez que minha atenção vai para uma certa menina asiática. Eu pesquisei sobre infantilismo e descobri coisas que não sabia. Eu queria cuidar da Sophie, queria poder protege-la, estar com ela me fazia bem.

  Não falaria nada agora. Ela podia se assustar, na verdade eu tinha medo que ela não gostasse de mim. Eu nunca namorei ninguém, nunca tive vontade se oficializar nada. Nunca realmente me apaixonei por alguém, mas sinto que posso sentir isso pela Sophie.

— Hey. — Me assustei quando Noah entrou no meu escritório. — Tá pensando na menina de novo ?

Eu liguei no domingo para perguntar ao Noah algumas coisas e acabei contando sobre a Sophie e o que ela me fazia sentir.

— Talvez ? — ele riu.

— Você está gostando dela, Henry?

Eu estou ? Bem, acho que estou. Mas tem muito mais nessa história, ela precisa de cuidados.

— Eu não sei. Ela mexe comigo e eu tenho vontade de cuidar dela. Ela parece tão frágil e é boa demais para esse mundo. — Murmurei sorrindo.

— Você gosta dela. — Não era uma pergunta.

— Eu não sei. Eu penso nela mais do que deveria, mas não sei decifrar esses sentimentos. — Eu estava me sentindo agoniado.

— Se você não descobrir, então daqui a pouco ela arruma outra pessoa. — Noah provocou.

  Senti um aperto no peito só de imaginar a Sophie com outra pessoa.

— Eu vou pensar, ok? Eu conheci ela sábado e todos esses sentimentos são novos para mim. — Justifiquei e ele assentiu.

— Tudo bem.

  Ele não tocou mais no assunto e seguimos nosso dia normalmente. De noite eu falei com a Mel e ela disse que a Sophie não foi para a escola. Isso era estranho e eu não tenho um bom pressentimento sobre.

○○○

 
  Eu estava em uma reunião da empresa. Eu nem consegui levar a Mel pra escola hoje por quê a reunião seria as 07:00. Estávamos discutindo sobre a gestão da empresa e o aumento do salário dos empregados.

— Eu acho que devemos aumentar em dez por cento e... — A fala de Daniel foi cortada pelo toque do meu celular.

  Eu deixava no modo não perturbe e a única que podia me ligar era a Mel. Ela sabia da reunião e se estava me ligando mesmo assim, então aconteceu alguma coisa.

— Alô? Mel ? — escutei o barulho de uma ambulância e já fiquei desesperado. — Melissa?

— Oi. Desculpa te ligar, mas eu precisava. — Ela estava com voz de choro.

— O que houve? Você está bem ? — Eu já tinha levantado da maldita cadeira e estava andando de um lado para o outro na sala.

— Eu estou, mas a Sophie não. Ela desmaiou na escola e estamos indo para o hospital que a mamãe trabalha. — Melissa falou.

Não. A Sophie não. Eu pensei em mil coisas e só queria estar lá com elas. Eu tinha que estar.

— Eu te encontro lá. Fica calma que eu já estou indo. — Respondi rapidamente.

  Ela é a melhor amiga da minha irmã, não vou deixar a Mel sozinha. Além disso, eu gosto dela. Tenho carinho por ela e me preocupo, pois ela precisa de amor e carinho. E eu quero dar isso a ela.

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Quase chorei escrevendo esse capítulo. Mas foi necessário.

My little starOnde as histórias ganham vida. Descobre agora