Oculto

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Extremo-Norte-e-Além, Montanha Sussurro

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Extremo-Norte-e-Além, Montanha Sussurro

ZENABU I

Zenabu observou Gani retornar ao navio. Ele levou a mulher nos braços com cuidado. Como se estivesse carregando uma taça de vidro barato que poderia se quebrar a qualquer momento. A capitã nunca viu uma pessoa como ela em toda a sua vida. Pequena e de pele muito clara. Com uma cor de cabelo não vista nos dias atuais em todas as Terras Conhecidas e Desconhecidas. Tinha que levá-la o quanto antes para Jardim Branco, nenhum lugar no mar ou na terra era seguro para alguém como ela. O Extremo Norte era uma desolação cheia de almas perdidas e fantasmas esquecidos de uma civilização exterminada.

A extração dos diamantes não seria nem um pouco fácil, quase impossível. Zenabu estava tão esperançosa e determinada a encontrar o lugar que não pensou nas ferramentas de mineração que deveria trazer. Ou melhor, inventar, já que ninguém nunca conseguiu minerar esse tipo de riqueza sem escravos invulneráveis. Ordenou à tripulação a recolher tudo que encontrassem pelo chão. Teria que voltar um dia para minerar. Havia restos de equipamentos espalhados, mas eram antigos e complexos demais para gente como a dela. Além disso, a maioria parecia estar destruído.

— E agora, capitã? — Perguntou Jaco, o intendente.

Ele era o único amigo que Zenabu conheceu na sua vida miserável anterior a pirataria. Jaco estava com ela no dia em que fugiu de casa e, dependendo da capitã, permaneceria assim. Como disse o pai de Zenabu quando ela se entregou ao mar: calmarias são para inimigos, confiança se cria em tempestades. Jaco era um homem baixo e meio magricela, porém sério e com uma boa voz para ordens rápidas aos tripulantes menos corajosos. A cicatriz da queimadura que mantinha metade do seu rosto paralisado e a outra metade numa eterna expressão de infelicidade lembrava Zenabu todos os dias que houve um momento em que a sua vida foi salva por ele.

— Precisamos de mais equipamento, esse lugar é maior do que eu imaginava. — Respondeu Zenabu ao coçar a testa — A exploração seria dez vezes maior, ou trinta vezes, se tivesse me preparado mais. Pelo pau do deus-névoa, por que eu não pensei nisso?

— E quem teria pensado? — questionou Jaco esboçando o máximo que o seu rosto castigado permitia de um sorriso. — Nunca houve diamantes desse tamanho, alguns pequenos, mas outros são maiores que uma pessoa. Tem muitas peças pelo chão. Depois voltamos.

Ela se abaixou e pegou uma pedra de diamante, mais ou menos do tamanho de uma bússola. Era magnífica. Levou a peça à boca e a mordeu sentindo a dureza quase indestrutível do material. Ergueu-a contra luz e observou como os raios de luz eram refletidos em todas as direções. Parecia um sonho que se tornava realidade. E tudo aquilo era dela.

— Pegue tudo que puder! — Disse para Jaco que gritou as mesmas palavras para a tripulação em seguida fazendo mais estalactites caírem.

UHA! — Homens, mulheres e outras pessoas não classificadas urraram sem medo em resposta. A tripulação de Zenabu era bem variada e ninguém tinha medo de morrer.

InvulnerávelWhere stories live. Discover now