Mensageira

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Península do Leste, Mata Solitária

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Península do Leste, Mata Solitária

ÍRIS V

Era a primeira vez que Íris retornava à cidade com companhia. Todas as vezes que saiu para entregar mensagens foram em viagens curtas e solitárias. Ela tinha certeza que gostava muito de fazer isso, mas retornar na companhia do exército era simplesmente incrível.

Lorde Laio de Porto da Baixada estava cabisbaixo. Ainda que fosse reconhecido como o grande herói da batalha, perdeu o pai de maneira tão repentina que parecia que não era verdade.

— Ainda não nos conhecemos formalmente — disse o cavaleiro, agora Lorde, ao trotar o cavalo ao lado de Íris e Areia Preta. Ele forçava um sorriso. — Você lutou muito bem, eu nunca vi uma mulher lutar.

Íris se lembrou de um saque pirata que aconteceu há cinco anos em Ponta Madeira. Um pirata matou dois guardas e tentou levá-la como refém achando que era alguém nobre só pelo fato de estar na praia do castelo. A espada que Íris ganhou por começar a aprender a esgrimir sem espadas de treino foi parar na garganta do pirata no instante em que ele se aproximou. Não dormiu direito por uma quinzena, afinal só tinha doze anos.

Aliás, quantos dias ficaria sem dormir depois dessa batalha?

— O senhor já sabe quem sou, Lorde Laio.

— Uma boa espadachim. Venha qualquer dia em Porto da Baixada, se o seu pai prefere te ter só como mensageira saiba que eu colocaria você na minha guarda.

— Não sou nobre o suficiente — respondeu Íris ao sorrir ironicamente.

Não havia motivo para se enganar. E, apesar desse provável falso convite ser tentador, Íris gostava de sua vida em Ponta Madeira. No momento só queria retornar.

— Você estava no abraço-do-urso tal como eu. Com certeza percebeu que coragem e habilidade não se medem com nobreza. Escreva para Porto da Baixada caso mude de ideia.

Ele sorriu novamente, empinou o cavalo e voltou para a companhia dos demais cavaleiros de seu território. Era o momento de se separarem. Lorde Laio seguiu na direção sul da bifurcação da estrada com seus soldados, carroças e mortos.

Havia um costume dos soldados de mandarem agradecimentos uns aos outros e presentearem os que lutaram bem da maneira que fosse possível.

Lorde Naloan presenteou Íris com uma bronca por ficar e lutar ao invés de fugir para a cidade. Entretanto, Íris recebeu flores que Gunter catou pelo caminho. Um odre de vinho meio vazio de Jule, um punhado de queijo de Roger, uma pedra de amolar de Fin, uma caixa de tabaco de Rando e uma faca de arremesso de Hugo, que já havia lhe dado a camisa.

Toni lhe deu um tapa na orelha por ficar ferida antes dele chegar com os reforços. Íris se perguntava, ainda, quem os chamou embora tivesse certeza que foi a deusa-mar que falou com ele.

InvulnerávelWhere stories live. Discover now