Ilhas Escuras, Baía da Morte
ZENABU IV
Zenabu alongou os braços e massageou os punhos. A manobra delicada ao timão que acabou de fazer para ancorar o Lágrima do Mar lhe custou a última gota de concentração e quase toda a força da tripulação que remou até o último fôlego.
Todos subiram ao convés relaxando os ombros e aliviados com o resultado do trabalho braçal. Todos, com exceção de Jaco e Zenabu, estavam aos remos. A capitã falava e o intendente sussurrava as ordens para os demais. Gani, o mais forte, tinha o seu assento à frente dos demais.
As Ilhas Escuras eram o ponto de ancoragem de muitas frotas piratas. Conflitos eram proibidos pelo Código, mas "acidentes" aconteciam e Zenabu estava ansiosa para que um acontecesse entre ela e a Frota de Ouro. Eles estavam provocando-a por algum motivo. O Norte lhe pertencia e eles estavam atacando Jardim Branco, o único território habitado. Como se não bastasse, enviaram Rima como capitã do Sorriso da Virgem. Zenabu sabia que o Sorriso era um bom navio para fuga, mas fraco demais para uma batalha. Rima estava lá com o objetivo de obrigar Zenabu a matá-la e se sentir exatamente como estava naquele momento: destruída e furiosa.
Obviamente que Zenabu não precisaria matar a outra capitã por esses motivos. Poderia tê-la ameaçado e a levado como prisioneira no Lágrima. Alguns meses no depósito e ela seria mais uma tripulante. Porém, as últimas palavras dela revelaram o segredo que só a tripulação do Lágrima do Mar, alguns do Estrela do Norte, Rose, Mysha e Aureana sabiam.
Era proibido falar sobre a filha que Zenabu deixou em Ponta Madeira e a punição para isso era a morte. Todos que sabiam ficaram cientes e ninguém nunca questionou. A única pessoa autorizada a falar sobre isso era Toni, que foi enviado com ela para Ponta Madeira e lhe contaria toda a verdade quando, e se, pudesse se defender sozinha. Caso contrário, seria arriscado demais, Zenabu tinha muitos inimigos.
A regra vale para qualquer outro que descobrisse o segredo também, e Rima o revelou para o que restou de sua tripulação condenada. Não havia escolha, Zenabu não poderia trair a própria palavra. Isso faria com que perdesse a autoridade perante a tripulação do Lágrima.
Era como se Zenabu estivesse fadada a matar todos os seus amantes. Já aconteceu algumas vezes antes. E, aos poucos, estava acreditando mais na própria maldição que inventou.
Estava acreditando em qualquer coisa ultimamente. Sabia que Rose e Aureana estavam lhe escondendo algo. Mais cedo ou mais tarde, teria que ouvi-las. Zarpou do Norte rapidamente e chegou às Ilhas Escuras no menor tempo possível. No fim, era como se estivesse fugindo de alguma coisa. O Lágrima do Mar era muito rápido mesmo com os suprimentos e o ouro, o Estrela acabou ficando para trás.
A maioria dos piratas enterrava ouro em algum lugar. Mas isso é uma grande estupidez. Em algum momento alguém descobre ou simplesmente organiza um motim para roubar o ouro. Os espólios do Oculto na Névoa não ficavam enterrados e sim armazenados. O Banco de Ourovelho era a maior instituição financeira do mundo e ninguém questionava quem era o depositante dependendo da quantia.
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Invulnerável
FantasyOs deuses abençoam aqueles cujo destino é entrelaçado ao equilíbrio. Porém, num mundo onde a maior parte dos territórios é unida por uma fé intolerante, os conectados aos deuses são perseguidos e suas existências são negadas. Uma resistência formad...