Os deuses abençoam aqueles cujo destino é entrelaçado ao equilíbrio. Porém, num mundo onde a maior parte dos territórios é unida por uma fé intolerante, os conectados aos deuses são perseguidos e suas existências são negadas.
Uma resistência formad...
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Norte, Jardim Branco
ROSE IV
Rose não conseguia dormir. Permaneceu no castelo com Mysha enquanto Zenabu e Mei-shang retornaram ao Lágrima do Mar. As vozes exaltadas não permitiam que o sono chegasse. Aureana e Zenabu discutiam no navio e as palavras chegavam aos ouvidos de Rose como se estivessem a um palmo de distância. Tentava seguir os ensinamentos de Jaco e fechar a sua mente, mas não dava. Nunca ouviu tantos sussurros como naquele momento. Era como se uma força externa estivesse forçando-a a ouvi-las.
— Você não quer nem vê-la? — Perguntou Aureana — Zenabu, por favor, não faça isso.
— Eu não posso, eu simplesmente não posso. — Respondeu Zenabu.
— Como assim não pode? Olha só para você! É a mulher mais poderosa do mundo agora, você pode qualquer coisa.
— Você não entende. Agora que eu tenho essa riqueza e sei como conseguir mais, eu não vou descansar. E nem quero fazer isso. Você faz ideia de como foram os meus últimos meses? Quase perdi a minha tripulação para o frio. Quase morri em tempestades. Como poderei cuidar de uma criança?
— Não vá então. Coloque outro no seu lugar para comandar a frota.
— Minha tripulação segue a mim. Se eu colocar outro, será outra tripulação.
Houve um silêncio por um momento e Rose massageou a testa.
— Eu não posso ser mãe, Aureana. Sou uma pirata, é tudo que eu sei ser.
— Não sei o que dizer, a decisão é sua, mas...
— Não irei me arrepender. Ela vai estar segura longe de mim.
— Segura? Você quer mandá-la para uma cidade que odeia piratas! Você faz ideia do que fazem com os piratas que são presos em Ponta Madeira durante um saque?
— Eu sei.
— Eles os prendem nos esgotos do subsolo da cidade para, literalmente, morrer nas profundezas caso você não saiba.
— O pai dela é diferente.
— Você... está apaixonada por ele ou algo do tipo?
Outro momento de silêncio.
— Não seja estúpida. Ele é a porra de um lorde.
— Um lorde do qual você se entregou.
— Não me orgulho de tudo que fiz na minha vida.
— Acha que ele vai querer criá-la junto com a família nobre dele? Zenabu... você não sabe o que é a nobreza. Você não faz ideia do que são essas pessoas. Eu sei porque sou uma delas.
