Vagalumes

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Península do Leste, Mata Solitária

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Península do Leste, Mata Solitária

NATOS II

Natos aguardava algum dos rapazes se pronunciar. Contou a eles, por ordem do irmão, que Ponta Madeira estava se retirando da Mata Solitária e todos iriam retornar para a cidade ao amanhecer. Mas fez questão de deixar evidente que não concordava com isso. A frota estava muito bem abastecida de bons capitães, o castelo tinha bons guardas e os portões da cidade eram fortes suficientes para um ataque de dois aríetes simultâneos. Eles precisavam mostrar que eram fortes ali entre os demais lordes e não no mar onde ninguém poderia ver.

— Eu concordo — disse Jule. — não sei navegar mesmo e não estou a fim de voltar sem nenhuma história pra contar.

Jule era um homem bonito, mais do que Natos gostaria de admitir. As moças o adoravam em Ponta Madeira. Sempre deixava um rastro de suspiros por onde passava, até mesmo Natos engolia em seco quando estavam perto um do outro. Ele mantinha o cabelo grande e cheio, dispensando o elmo da armadura. O olhar dele era sedutor, sorriso feito para palavras provocativas e uma voz que mais parecia música. Barba bem aparada evidenciando os traços masculinos e suavizando o maxilar quadrado. Muito alto, esbelto e habilidoso em tudo que fazia.

— Tudo que você quer é uma história? Então nem precisa lutar, você já é um bastardo mentiroso mesmo — provocou Roger.

Roger era o inverso de Jule. Baixo e atarracado. Tinha um nariz grande e torto. O cabelo já estava ficando ralo e branco aos dezoito anos e por isso ele ficava com o elmo até quando não precisava. Não tinha nada de galante e nem se esforçava pra isso. Mas era um soldado de verdade, sem pena de ninguém. Natos o viu pisar no crânio de um pirata até os miolos se espalharem pelos paralelepípedos das ruas de Ponta Madeira. Ao contrário da voz musical de Jule, a voz de Roger era áspera e boa para palavras rudes.

— A sua irmã está me esperando com uma bela história pra contar, quanto melhor a história, melhor o que ela vai me oferecer — explicou Jule ao piscar com um olho só de maneira galante.

— Você vai ter que ter a aprovação da outra irmã antes — Roger ergueu a espada. — essa irmã de aço aqui se chama castradora de mentirosos, que tal?

— Se cortar o meu pau fora, todas as mulheres da cidade vão ficar desoladas. E até até alguns homens, certo Roger?

Todos riram. Roger tinha o sangue quente e era fácil provocá-lo.

— Vai à merda — resmungou Roger ao cuspir no chão. — quanto a voltar pra cidade, por mim eu fico.

— Eu acho que devemos ficar também — disse Fin. — pelo menos um pequeno grupo, como política de bom acordo.

Fin era magro e rápido na aparência e na personalidade, que não havia muita. Ele sempre concordava com Roger, não importava a situação. Era mais fácil e rápido concordar com o mais teimoso do que discordar e precisar pensar uma opinião própria. Tinha a cabeça raspada e o rosto liso sem barba. Não por opção, mas porque não crescia mesmo. A voz infantil o fazia parecer mais novo do que era. Natos o achava um covarde, pois gostava mais de usar técnicas de esquiva do que de defesa. Era do tipo que preferia atacar por trás aproveitando a distração do inimigo. Enquanto os outros usavam espada e escudo, ele preferia o arco e os dardos de sopro.

InvulnerávelWhere stories live. Discover now