Chegadas*

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JUNGKOOK

Os dias estavam sendo cansativos.

Depois que Jimin foi internado sem uma data exata para retornar para a casa, as coisas começaram a se amontoar como em um desastre colossal.

A primeira coisa foi que todas as pessoas em que Jimin havia fechado acordos e que se mostraram interessadas em ter quadros dele em casa ou escritórios, agora mostravam-se sem sequer um pouco de compaixão no coração.

Jimin sempre assina contratos quando inicia algum trabalho, e esses contratos são totalmente especificados. Há valores, prazos, multas... e atrasar ou cancelar, geram essas multas. Então eu estava otimizando meu tempo entre ficar com ele no hospital e cuidar para que nada de errado ocorresse, enquanto também ajudava Yeji, que era responsável pelas devoluções e pagamentos dessas multas.

Jimin disse que não se importava, que os valores eram corretos já que se tratava de uma quebra de contrato, que se fosse numa situação adversa, ele também buscaria seus direitos ali, mas eu sinto, como companheiro e alma interligada dele, que Jimin está triste com isso. A questão para ele não é o dinheiro, eu sinto que não; é o amor que ele põe em cada uma das vezes em que ficava por horas trancado em seu ateliê e deslizava seus pincéis com diversas tintas e cores sobre as telas, e que estava sendo completamente desvalorizado assim.

A questão dele estar dentro de um quarto de hospital vinte e quatro horas por dia também é agoniante. Digo, para mim.

Eu sinto a frustração dele a cada vez que precisa se levantar da cama hospitalar. Sempre precisa ser com calma e apenas quando necessário, o que é o caso de usar o banheiro. Fora isso, ele apenas fica lá, quieto e em silêncio.

Doutor Kim até o liberou para pintar sem que fosse necessário erguer-se da cama, deixando-a numa posição de cento e sessenta graus, deitado com a tela em seu colo, e ele até se animou um pouco quando testamos a primeira vez.

No primeiro dia Jimin pintou flores, diversas flores. O quarto ficou vivo com suas cores espalhadas lá, mas era somente isso. Ele começou a ficar frustrado outra vez, já que sua paixão era as telas, e quanto maiores, mais animado ficava, mas com simples folhas, ele já não queria mais.

Então a única coisa que ele podia fazer, além de ficar deitado numa cama guardando por si e por nossa filha, era desenhar, e aquilo, ele já não queria mais.

E foi assim por todo um mês. Tentei fazê-lo sorrir quando completamos seis meses de Alisha e sete de Jihye. Levei-lhe um bolo, o mais bonito da loja, mas quando o entreguei, ele apenas chorou baixinho.

ㅡ Ainda falta tanto. ㅡ ele disse me abraçando.

E doía em mim também. Vê-lo e não poder fazer nada era devastador. Nossa família até se prestou a nos ajudar.

Com a chegada de Junghyun a nossa antiga casa, onde seria sua morada então, todos os dias os gêmeos e Sky vinham passar as tardes com ele. Mas logo Junghyun conseguiu organizar as papeladas de escolas, e assim, eles já não podiam mais vir.

Minha mãe também veio com ele, passou cerca de duas semanas, e ele sempre sentava ao lado de Jimin e acariciava seus cabelos.

Quando enfim Sun noona chegou ao hospital, doeu ainda mais vê-la chorar numa mesma situação por seu único filho. Logo me lembrei de quando a conheci, num quarto de hospital também. Jimin estava interno e o medo nos reinava diariamente, mesmo que conseguíssemos disfarçar bem perto dele.

E então agora com oito meses de Jihye e com Jimin beirando o sétimo com Alisha, eu ouvia o choro outra vez de Jimin, mas desta vez, de pura alegria.

ㅡ Vai nascer, Kook-ah...

UNKNOWN - Jikook | MpregWhere stories live. Discover now