Capítulo 10 - Tinto de Sangue

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Nota

Durante alguns capítulos, os eventos serão narrados pelos olhos de diferentes personagens de modo que, os próximos capítulos bem como o passado, podem estar se desenvolvendo ao mesmo tempo, ao passo que não teremos uma narrativa sequencial até segunda nota. 

Agradeço e aproveitem sem moderação. 

    Sua cabeça doía

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    Sua cabeça doía.

     Se isso ao menos fizesse calar a maldita canção, abraçaria de bom grado aquele desconforto. Quando foi que os melhores dias de sua vida se fizeram tão amargos?

      As folhas caem, para o instante que vale o eterno. A noite se vai, a aurora recai e me aconchego em seu peito terno.

    Inari cantarolava em seu encontro, enquanto o wyvern do irmão se debatia na grama. Aquele parecia ser o jeito de fazer uma ameaça velada à branah.

– Já chega! – exclamara Sorel, tomada de afobação.

     A balada se derramava arrastada, de místico violento do qual Sorel não conseguia se afastar. Mesmo agora, no corredor tomado de silêncio e vazio, com a criadagem a lamber as botas dos lordes na câmara de audiências ou a dançar no Maybh, a voz de Inari estava em seus ouvidos.

     Donzela guardada em fortaleza de pedra, seu tesouro que não se contesta. Ouro, bronze e cobre nos cabelos... E a prata no coração.

     Suas unhas correram pela carne dos dedos a tirar deles a pele. Elawan, recordou, era ele que estava tentando escutar, mas, para a branah, apenas as palavras de Inari ressoavam. Um tipo diferente de tambor de guerra.

– Nem todos podem se pavonear que um príncipe lhe compôs uma canção. Para uma feérica sem graça como você, é uma balada e tanto. Ainda mais, vinda do falecido e belo, Cardiff. – Inari ronronou. Sorel nada disse. – Soube que estavam nas Montanhas Nebulosas essa manhã. Muita coragem sua, aquele reino roubou tanto de sua família quanto pode. – E foi tudo – Se o prêmio valeu tamanha viagem para Elawan, não queria ser esse cervo.

– Vir aqui pode levantar suspeitas a respeito da relação de vocês – objetou a feérica respondendo a alfinetada com outra.

     Inari era uma figura de beleza etérea, de pele e cabelos pardos, seus olhos eram estreitos limiares verdes de pura malícia. Os lábios finos se apertaram com puro desprezo.

– Te contou até mesmo isto, há algo sobre o Lorde do Fogo Encarnado que não saiba?

    A branah prendeu a respiração, lembrando do quadro no corredor, mas sorriu sem mostrar os dentes. Àquela altura, incitava seus pensamentos à loucura. Mais, precisava de mais, precisava de respostas. Não compreendia quem ou o que havia libertado os cães, tampouco o que os deixara em completo descontrole para atacar o wyvern e correndo a ermo. Mas sabia que isso estava ligado a Kervan, de algum modo.

Entre Damas e EspadasWhere stories live. Discover now