Capítulo - 08

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     Ir até a floresta pela madrugada estava virando tradição para Isabel e fugir dos guardas não era o único motivo para isso, com a condição de que a fera não poderia sair enquanto o sol estivesse a brilhar para encontrar a criatura era necessár...

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     Ir até a floresta pela madrugada estava virando tradição para Isabel e fugir dos guardas não era o único motivo para isso, com a condição de que a fera não poderia sair enquanto o sol estivesse a brilhar para encontrar a criatura era necessário sair antes do amanhecer. Abrindo espaço entre a mata, ela puxava seu surrado vestido para que não prendesse na vegetação, não sentia medo de se perder ou do perigo, pois sabia que ali tinha alguém para protege-la e então ao longe avistou a fera.

     — Pedro! — A jovem gritou para chamar a atenção.

     Há muito tempo ninguém não o chamava assim, ouvir seu nome dito por outra pessoa foi motivo de felicidade, alguém enxergava além da fera exterior e via o Pedro que habitava seu interior. Esboçando um sorriso ao mostrar as presas, Pedro aproximou-se da jovem e então notou que a intimidou com a atitude.

     — Desculpa, eu não queria amedronta-la. — Abaixando o focinho, Pedro relatou. — Eu estava apenas sorrindo.

     — Tudo bem não precisa se desculpar por isso.

     — Depois da maldição eu nunca mais sorri. — Escondendo os dentes, Pedro falou tristonho. — Desde então eu não sei sorrir.

     Comovida com a triste situação, Isabel calou-se por alguns segundos, depois abriu um largo sorriso ao falar:

     — Você tem um belo sorriso!

     — Não brinca. — Pedro deu uma leve risada estranha.

     Caminhando pela floresta a paisagem antes do amanhecer mostrava os animais noturnos em suas atividades, uma rota desconhecida, Isabel seguia Pedro pelos novos caminhos, havia abandonado o medo do novo. Grandes arvores frutíferas em um ponto escondido na floresta, ao ver aquilo, ela ficou boquiaberta com a beleza da vegetação, e então Pedro relatou:

     — Esse lugar está praticamente intocado pela humanidade por isso toda essa exuberância. — Retirando uma grande manga rosa, ele continuou a contar. — As frutas que eu te dei ontem foram colhidas aqui.

     Montando um arranjo das mais variadas frutas, Isabel pegava as favoritas de sua madrinha para fazer-lhe uma surpresa. Depois de escolher o que levaria para sua choupana, ela avistou o primeiro raio de sol despontar, apesar de toda a exuberância do nascer do sol ele despertou tristeza por encerrar mais um encontro, tampando os olhos, Pedro despediu-se:

     — Eu tenho que ir!

     — Tudo bem. — Com um sorriso no rosto Isabel acenou ao falar: — Até amanhã Pedro.

     Contente com tudo que acabou de viver, a jovem voltava para casa com um belo e saboroso presente para a sua amada madrinha. Pelo caminho ouvia o canto dos passarinhos como fundo para seus pensamentos, quase uma hora depois ali estava a sua choupana.

     Um susto, Isabel viu a guarda real sair de sua casa, ela correu para verificar o que havia ocorrido. Ao ver sua madrinha sendo levada pelos homens, a jovem ficou desesperada e em alto som gritava para que a soltassem, aquela situação não fazia sentido algum em sua mente e nem mesmo sabia como agir para impedir a ação, uma imagem chocante a paralisou, Gastão enfaixado e com o braço em uma tipoia saiu da choupana, aquilo drenou suas últimas forças. A guarda real agressivamente segurou Isabel pelos braços e então Gastão aproximou-se explicando o motivo pelo qual foi ordenado a prisão dela e de sua madrinha:

     — Bruxaria, atentado contra o reino. — Apontando o dedo na cara de Isabel ele gritou. — Você foi vista andando com as bestas!

     Uma carruagem gradeada como uma gaiola chegou puxada por dois cavalos, sem ao menos considerar ouvir as explicações das rés, os guardas as levaram e prenderam-nas na jaula, com a missão cumprida a carruagem partiu em direção a prisão do reino. Pela estrada, Maria das graças olhou na direção da afilhada e falou:

     — O nosso destino parece triste demais, esse guarda entrou em nossas vidas para piorar tudo, sinto muito filha tê-lo recebido em nossa casa naquela ocasião.

     — A culpa é toda minha madrinha. — Exalando tristeza, Isabel comentou

     — Você não tem culpa, essas acusações não tem fundamentos. — Aproximando-se da afilhada, Maria completou. — Onde já se viu você andar com bestas.

     Calando-se diante do argumento, Isabel sabia que em parte aquilo era verdade, porem as condições com as quais acusam-na não fazia jus a situação real. Tomada por uma tristeza profunda, ela chorou e então foi amparada por sua madrinha, ao som do cavalgar dos cavalos imaginavam que tipo de punição receberiam.

     Enquanto as acusadas eram colocadas na prisão, Gastão discutia com os outros comandantes qual seria a pena aplicada, as palavras cheias de ódio de um homem de grande influência poderiam trazer a ruina total para meras plebeias, com um tom estridente a decisão foi anunciada:

     — Pena de morte na fogueira!

Feroz - A maldição da bestaWhere stories live. Discover now