Capítulo - 14

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     Depois de todo o seu clamor, Pedro abriu os olhos e viu suas mãos peludas e suas garras de besta, ele ainda era uma fera

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     Depois de todo o seu clamor, Pedro abriu os olhos e viu suas mãos peludas e suas garras de besta, ele ainda era uma fera. Diante da frustação viu a lua prosseguir e sumir do centro da abertura da colina, olhando novamente seu reflexo ele se via humano, mas em seu exterior ainda era uma besta, tomado pelo desespero um choro inconsolável o afligiu e se derramando em lagrimas, Pedro caiu ao chão sem fé na cura para seu mal.

     Chorando encostada em sua própria imagem, Isabel não sabia como consola-lo, pois não conseguia nem controlar a si mesma, as esperanças que nutria em relação ao milagre que não aconteceu a devastou e ver o companheiro aos pedaços no chão a destruía.

     Inconsoláveis com o fracasso os dois permaneceram no centro da colina, não tinham forças para seguir adiante. Pela madrugada, Isabel não tinha mais lagrimas para derramar e decidiu ajudar Pedro a seguir, ao citar palavras motivacionais:

     — Essa imagem que reflete nos espelhos mostra quem você realmente é no seu interior, mesmo que por fora seja uma fera o interior é o que conta, você é e sempre será o príncipe Pedro Henrique.

     — Não sei se acredito mais nisso. — Olhando novamente seu reflexo, Pedro disse. — Esse é quem eu já fui um dia hoje eu sou esse monstro.

     — Não é, você continua sendo um príncipe gentil que me salvou diversas vezes, se realmente fosse uma fera já teria me devorado.

     — Não devorei, mas a fera em mim vive pedindo isso. — Olhando para o chão, Pedro desprezou sua vivencia. — Eu sou essa maldita besta, esse reflexo é apenas um passado. — Extravasando sua fúria, ele deu um forte soco no seu reflexo e estilhaçou o mineral que constituía as paredes.

     Com o punho sangrando, Pedro sentia dor, mas não era a dor do ferimento provinha de seu amago, sua alma estava destruída como os fragmentos mineral pelo chão. Sem esperanças de que voltaria ao normal, ele desprezou sua fé:

     — Eu não deveria ter acreditado nessa lenda idiota. — Deferindo outro soco em seu reflexo, ele duvidou de sua capacidade pós fracasso. — E agora como vou prosseguir?

     Explodindo em seu peito, o sangue da fera pulsava e seguindo o fluxo pelas veias transportava ódio a cada ação. Extravasando seus sentimentos mais ferozes, Pedro começou a socar as paredes destruindo tudo sem se importar com as feridas que isso causava a seus punhos.

     As paredes danificadas aos poucos desmoronavam a cada impacto na estrutura, em meio a devastação do interior da colina, Isabel estava apavorada com as atitudes de seu companheiro ao mesmo tempo que se preocupava com a demolição daquele lugar. As paredes ruíam, a trincas mostravam que tudo ali iria desmoronar em breve, Pedro continuava a destruir tudo o que via pela frente.

     Os fragmentos continuavam a cair e as paredes desmoronariam em breve e a colina desabaria por completo, Isabel tossia com a fumaça que preenchia aquele ambiente, ela sabia que se não detivesse Pedro os dois iram morrer soterrados pelos escombros. Numa atitude desesperada, ela interceptou a fera, se postando na frente de Pedro o impedindo de continuar a destruição daquele lugar.

     — Pedro esse não é você, tome o controle não deixe a fera domina-lo.

     Por alguns instantes a fera paralisou como se lutasse para se controlar, Pedro se contorcia e com as mãos na cabeça sentia uma forte dor. No instante seguinte a fera exalou ar de suas narinas e direcionou um olhar assustador a Isabel, e a atingiu com um forte golpe, lançando-a ao chão.

     Sentido dores pelo corpo, Isabel não conseguia se levantar, seu nariz sangrava muito manchando sua face de vermelho. O cheiro de sangue invadiu as narinas de Pedro e despertou seu feroz extinto por carne humana, aproximando-se de Isabel se postou sobre a vítima, com suas últimas forças ela tentava impedir a dominação pela fera, mas seus sentidos confusos o impediam de se controlar.

     Saltando para abocanhar Isabel, a fera a viu pegar um grande pedaço de mineral e postar a sua frente refletindo a imagem do humano que um dia ele foi, com a voz abafada pelo sangue e pela forte respiração, Isabel falou:

     — Pedro, esse é você, não seja dominado pela fera. O nosso exterior reflete a nossa imagem para os outros, mas o nosso interior diz quem somos a nós mesmos.

    O reflexo impediu o ataque e aquelas palavras tornaram a força de vontade de Pedro forte o suficiente para se dominar. O extinto feroz aos poucos perdia força perante a humanidade, caindo em si, Pedro viu tudo o que causou a destruição da colina que estava prestes a desmoronar, o que mais o afligiu for ver Isabel ferida por sua causa.

     Em meio aos escombros, Pedro pegou Isabel e a colocou sobre os ombros, a colina estava desabando e para fugir dali ele teria que ser rápido, usando as garras as fincava nas paredes e escalava. Tomando cuidado para não cair, Pedro cautelosamente escolhia a rota menos danificada e com o corpo protegia Isabel de qualquer dejeto que pudesse atingi-la.

     Ao chegar no topo da colina, Pedro atravessou a brecha para o exterior, de relance ele mirou os olhos de Isabel, consumido pela culpa faltava-lhe coragem para desculpar-se. O chão começou a estremecer, as partes ocas da estrutura estavam desabando e para distanciar-se do perigo, Pedro desceu a colina e partiu para o esconderijo. 

Feroz - A maldição da bestaWhere stories live. Discover now