Capítulo - 11

30 9 5
                                    

     — "Futuro rei!" — Incrédula diante da grande revelação, Isabel denotou

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

     — "Futuro rei!" — Incrédula diante da grande revelação, Isabel denotou. — Mas o príncipe faleceu no ataque ao castelo.

     — Isso foi o que meu tio disse para pegar o trono para si. — Triste ao relembrar a fatídica noite, Pedro relatou. — Durante o ataque eu lutei contra a besta, acabei sendo ferido e fui infectado pela maldição, no combate cai do alto do castelo o que me causou diversas fraturas. Enquanto estava na casa de cura meu corpo se regenerou como efeito da maldição que percorria meu corpo, em seguida me transformei nessa criatura.

     Enquanto Pedro revivia seu passado, Isabel tentava imaginar a história que ouvia. Depois de digerir todos os fatos uma questão surgiu.

     — Por que você não lutou pelo trono?

     — Quem aceitaria uma fera como rei? — Diante da triste verdade, Pedro constatou. — Nem eu mesmo aceitaria!

     — Eu aceitaria. — Isabel surpreendeu ao mostrar seu ponto de vista. — Mesmo com essa maldição você é mais humano que o atual rei.

     A conversa estendeu-se pela noite até que o cansaço bateu, Isabel tentava resistir ao sono, mas seus olhos fecharam-se lentamente, ao adormecer a jovem recostou-se no pelo de Pedro que estava ao seu lado. Tentando dar o maior conforto possível, Pedro mal mexia-se para não atrapalha-la em seu sono, ele pôde sentir a pele macia que o tocava, e então pela primeira vez tão de perto pôde reparar na beleza incomum de Isabel, que mesmo depois de ter passado por um longo trauma parecia muito forte.

     Com o passar dos dias as feridas de Isabel sumiram restando apenas cicatrizes e lembranças traumáticas. Ao acordar numa madrugada na caverna observou que Pedro havia saído, então ela levantou-se e observou a beleza da natureza, sentia falta do contado com o mundo e aos poucos ia saindo da caverna, seus olhos negros se preenchendo com as cores. Correndo pela floresta, Isabel sentia o toque das folhas caídas e as ramas que batiam em suas pernas, depois de andar por alguns minutos viu Pedro na área frutífera da floresta, a beleza natural daquele lugar trouxe sentimentos nos quais não sentia há dias e seus lábios esboçaram um leve sorriso.

     Ajudando Pedro a preparar um grande arranjo de frutas que os satisfizessem por todo o dia, Isabel escolhia entre mangas e laranjas as que mais lhe agradavam. Com um grande cofo de palha nas mãos, Pedro exibia o quão belo o arranjo ficou e satisfeitos com o que colheram, eles retornaram para a caverna.

     Pedro tentava satisfazer sua fome com frutas, mas sentia que no fundo estava apenas enganando a si mesmo, o extinto animal que o habitava clamava por carne e de preferência humana, ele lutava para vencer essa fera todos os dias de sua vida. Entre uma mordida e outra, Isabel notava a insatisfação que Pedro sentia em relação ao alimento, que apesar de saborosa não matava a sua fome.

     — Não gostou do nosso arranjo? — Isabel perguntou.

     — Está delicioso. — Pedro respondeu sem ânimo.

     — E por que parece estar tão triste ao comer?

     — Não é tristeza. — Cabisbaixo, Pedro explicou. — A fera em mim clama por carne, meu corpo está enfraquecendo com essa dieta e não sei o que pode acontecer...

     A triste realidade que Pedro enfrentava era comovente aos olhos de Isabel, vê-lo lutar bravamente contra os extintos apesar de motivacional era uma triste condição, vasculhando soluções em sua mente, Isabel questionou:

     — Você já procurou alguma cura para essa maldição?

     — Não encontrei nada que pudesse desfaze-la. — Com um pequeno brilho de esperança no fundo do olhar, Pedro afirmou. — Mas há uma lenda...

     — Que lenda? — Entusiasmada, Isabel interrompeu.

     — É apenas uma lenda. — Mesmo que suas palavras fosse dita de forma desacreditada, pela feição de Pedro era possível notar uma pequena chama de fé. — Dizem que há um lugar chamado de colina da alma que durante a lua cheia é capaz de mostrar seu verdadeiro interior, contam vários relatos de maldiçoes quebradas e cura de enfermidades relacionadas a esse lugar.

     — E por que você nunca foi lá?

     — Deve ser apenas uma lenda. — Denotando sua aparência, Pedro ressaltou. — E como eu atravessaria o país nessa forma de monstro?

     — Daremos um jeito. — Confiante, Isabel falou. —Amanhã partiremos para a colina da alma.

Feroz - A maldição da bestaWhere stories live. Discover now