Capítulo - 03

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     As noites de terror tinham se amenizado, com o passar do tempo os ataques das bestas pareciam ter diminuído, isso ocorreu graças a fera guardiã

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     As noites de terror tinham se amenizado, com o passar do tempo os ataques das bestas pareciam ter diminuído, isso ocorreu graças a fera guardiã. Todas as noites uma besta de pelos marrons saia vasculhando o reino tentando impedir que novos ataques ocorressem, tal besta era o príncipe Pedro Henrique.

     Seus dias de solidão eram amargurados, o príncipe fera vivia numa caverna escondendo-se do sol, suas noites eram sofridas, pois enfrentava as bestas tentando proteger o reino. Mesmo com uma feição de animal sua humanidade mantinha-se intacta, a infecção pela maldição da besta mudou seu exterior, mas em seu interior ele ainda era o mesmo.

     Numa noite densa, o príncipe comia carne de animais da floresta, mesmo que isso não o nutrisse ele tentava manter o controle e jamais atacaria humanos para satisfazer sua gula extintiva, com essa doutrina o sentimento de que algum dia voltaria ao normal o mantinha vivo. Depois da refeição, ele andou até um lago para se limpar e o tormento o acompanhou, todas as vezes que via o reflexo da fera que se tornará, seu coração acelerava.

     Depois de um dia de fome, Isabel estava fraca, mas pronta para lutar por mais um dia, arrumando-se para a caçada, quando de seu quarto ouviu sua madrinha receber alguém na sala, a conversa era baixa e impossível saber de quem se tratava e pela curiosidade a jovem foi verificar. Com o susto inicial, ela paralisou, o visitante era ninguém menos que Gastão o guarda que havia ajudado no conserto da choupana.

     — Bom dia Isabel. — Suavemente, Gastão beijou a mão dela em seguida elogiou. — Você está linda.

     Assustada, Isabel rapidamente puxou a mão e afastou-se do guarda, o modo abrupto causou constrangimento. Para amenizar a situação, Gastão mostrou os pacotes que havia trago e revelou o conteúdo:

     — Trouxe comida para vocês duas, eu sei que estão passando por necessidades, então resolvi ajudar!

     A situação parecia cada vez mais complicada para o lado de Gastão tudo o que ele fazia não despertava reação alguma em Isabel. Com suas investidas em agradar fracassando, Gastão decidiu ir mais adiante e mostrar sua verdadeira intenção:

     — Então Isabel. — Após pigarrear, Gastão usou um tom galanteador. — Estava conversando com sua madrinha, ela me disse que você está solteira assim como eu. — Então o assunto principal daquela visita foi exposto. — As jovens da sua idade sonham em casar, ter filhos e você tem um pretendente.

     — Chega! — Isabel impediu o final daquela conversa.

     O nervosismo de Isabel ficou aparente pelo seu forte ofegar, bruscamente ela começou a empurrar Gastão para fora da choupana, em seguida devolveu os pacotes de mantimentos e bateu a porta. Após extravasar, ela recostou-se na porta enquanto refletia sobre o que se passou, vendo todo o ocorrido sem interferir nas decisões da afilhada, Maria das Graças aproximou-se tentando apaziguar a tensão.

     — Calma Isabel. — Para amenizar, ela concluiu. — Não precisamos disso, ficaremos bem sozinhas.

     — Ficaremos. — Isabel consentiu.

     — Mas por que toda essa situação?

     — Ele pensa que eu me casaria com alguém apenas para viver bem? Tenho planos diferentes e eu não tenho sentimentos por Gastão.

     — Entendo, sua mãe foi igual. — Maria nostalgicamente lembrava do passado ao relatar. — A beleza dela chamava a atenção de vários homens ricos, mas no final ela escolheu o amor de seu pai.

     — Isso não é uma boa memória, pois agora eles se encontram embaixo da terra devido a penúria de suas vidas. — Relembrando a morte dos pais, Isabel disse cabisbaixa.

     — Independente do destino trágico dos dois. — Maria enfatizou. — Eles viveram sem arrependimentos e mesmo que tenham partido cedo demais conheceram a felicidade da vida.

     Do lado de fora, Gastão sentia-se magoado por ter sido rejeitado, ele estraçalhou os pacotes de comida e saiu galopando desenfreado pela estrada. Com o coração partido foi chorar suas magoas nos bordeis do reino.

Feroz - A maldição da bestaWhere stories live. Discover now