Capítulo - 17

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     Na área urbana do reino de Vera Cruz havia uma grade feira onde era possível encontrar uma infinidade de produtos

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     Na área urbana do reino de Vera Cruz havia uma grade feira onde era possível encontrar uma infinidade de produtos. Numa pequena barraca de repolhos formava-se uma aglomeração de pessoas, um homem no centro da algazarra contava:

     — Depois que a imensa besta cinza me pegou, pensei que ali seria o fim da minha vida. — Depois de uma pausa dramática, o homem continuou. — E de repente surgiu uma outra besta, essa tinha o pelo marrom, ela golpeou ferozmente a cinza. Nesse momento eu escapei e as feras começaram a lutar na rua, eu fiquei de longe vendo tudo e no final a fera marrom venceu luta. — Batendo no peito, o homem declarou. — Se hoje eu estou aqui, é graças a fera marrom.

     Entrando em meio ao amontoado de pessoas que ouviam o testemunho, um senhor de meia idade direcionou a palavra ao narrador ao questionar:

     — A fera marrom o salvou também?

     — Sim. — Interrompendo sua história, o homem respondeu. — Uma fera de pelos marrons me salvou ontem à noite.

     — Há mais de um ano uma fera com essas características me salvou também. — Mostrando uma caderneta, o senhor relatou. — Tenho várias histórias de pessoas que também foram salvas por essa fera, porém, faz um tempo que não tenho notícias dela, eu poderia escrever a sua história?

     Com o consentimento do homem, a história dele foi escrita e publicada como uma notícia oficial do jornal de Vera Cruz. Os boatos em relação a fera marrom foram espalhando-se e tornou-se uma lenda que era admirada e ao mesmo tempo temida pelos moradores do reino.

     Com retorno de Pedro a vigilância da noite, os ataques das feras diminuíram drasticamente e todos os moradores atribuíam esse feito a fera marrom e sentiam-se gratos por terem um herói.

     Quando o rei soube da veneração que a fera vinha recebendo, ficou furioso, pois sabia que a popularidade da criatura inimiga não significava boa coisa, e em sua mente vinha a lembrança do ocorrido na casa de cura, seu sobrinho virando um monstro. Interligando os pontos, João I sentia medo de perder sua dominância dentro do reino, e então deu as ordens a guarda real:

     — Há boatos de uma fera marrom que está fazendo vigilância pelo meu reino. — Forçando a voz, ele ordenou. — Quero que a capturem.

     Em uma fileira os comandantes da guarda acataram a ordem ao posicionarem a mão sob a cabeça, em sincronia os homens saíram do castelo real e sob o comando de Gastão tramaram a estratégia:

     — Vamos formar um imenso batalhão para pegar essa fera.

     — Eu não entendi essa ordem. — Um dos comandantes questionou. — Vamos capturar a fera que aparentemente está nos ajudando?

     — Fera é fera. — Com rigor na voz, Gastão ditou. — Temos que matar todas que pudermos independente dos boatos, vivemos um inferno com o ataque dessas bestas, acham que elas simplesmente ficaram boazinhas? — Seguindo o caminho, ele concluiu. — Vamos nos preparar.

     A guarda real estava bem armada e com diversos homens postados em locais estratégicos do reino, com a chegada da noite aguardavam atentamente a fera marrom aparecer.

     Assim que a lua cheia despontou no céu, Pedro se preparava para mais uma vez honrar seu juramento. Ao indicar que sairia da caverna, ele teve uma grande surpresa, Isabel surgiu usando um capuz preto e em sua mão um arco.

     — Irei com você.

     — Você não pode. — Após a resposta negativa, Pedro explicou. — É muito perigoso.

     — Eu sei me cuidar, e sou muito boa com arco e flecha. — Replicando, Isabel afirmou. — Você sabe disso.

     — Isso não é suficiente para derrotar uma besta, não posso deixar você numa situação tão perigosa. — Após explicar seus argumentos, Pedro se aproximou de Isabel e a fitou enquanto falava emotivamente. — Eu não suportaria se algo ruim acontecesse.

     — Exatamente assim que eu me sinto todos os dias. — Virando o rosto na direção oposta, Isabel quebrou a conexão entre os olhares e falou baixinho. — Vendo você chegar todo machucado.

     — Eu sou uma fera, posso suportar a dor e me curo rápido!

     Sem palavras, Isabel rapidamente pôs a mão num bolso na parte posterior de seu vestido e pegou o pedaço de mineral que reluziu, posicionando o objeto na frente de Pedro o reflexo mostrou a face humana dele. Encarando sua imagem ele entendeu o que Isabel queria dizer mesmo sem nenhuma palavra ter sido dita, diante da forte oposição, Pedro manteve sua decisão:

     — Eu sei que você quer me ajudar, mas a maior ajuda que pode me oferecer é ficando aqui em segurança.

     Sem argumentos para continuar discutindo, Isabel calou-se e deixou que Pedro partisse sozinho.

Feroz - A maldição da bestaWhere stories live. Discover now