Capítulo - 15

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     Com nascer do dia, Pedro escondeu-se numa parte sombria da floresta, o silencio de Isabel deixava o clima tenso, mesmo em meio as magoas e ressentimentos eles queriam estar juntos ainda que em silêncio

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     Com nascer do dia, Pedro escondeu-se numa parte sombria da floresta, o silencio de Isabel deixava o clima tenso, mesmo em meio as magoas e ressentimentos eles queriam estar juntos ainda que em silêncio. Tomando coragem para enfrentar as consequências de seu ato feroz, Pedro aproximou-se de Isabel ao falar:

     — Eu sinto muito por tudo que eu fiz na colina. — Olho a olho, ele falou sinceramente. — Tudo o que menos quero na vida é te machucar.

     — E o que você falou sobre sentir vontade de me devorar?

     — Eu sou uma besta, mesmo que não tenha cedido aos meus extintos eles existem aqui dentro de mim. — Tocando a mão de Isabel, Pedro revelou. — Misturados com os sentimentos que eu sinto por você.

     A verdade revelada era conflitante e deixava a relação entre eles confusa, Isabel sabia que apesar ter sido atacada tinha plena confiança que Pedro pudesse dominar a fera. Ao pegar o pequeno pedaço do mineral que trouxe do interior da colina, Isabel mostrou a Pedro seu reflexo humano.

     — Acredito que esse é o seu eu verdadeiro. — Mostrando o objeto mais de perto, ela prosseguiu. — Mesmo que se condene como uma besta e que tenha perdido o controle na colina, é com o príncipe Pedro Henrique que estou falando agora.

     Vendo o seu reflexo no pequeno mineral, Pedro estava surpreso que mesmo danificado o objeto ainda funcionasse. Relembrando sua trajetória sentia o peso das palavras que acabou de ouvir, tinha alguém que acreditava nele, e em sua mente veio o juramento que fez a seu pai no dia que se tornou cavalheiro de vera cruz.

     — E agora para onde iremos? — Isabel questionou.

     — Eu honrarei a promessa que fiz a meu pai e ao meu reino. — Segurando novamente a mão de Isabel, Pedro a persuadiu. — E gostaria que você fosse junto comigo.

     — Voltar ao reino de Vera Cruz? — Cabisbaixa, Isabel argumentou. — Mas por lá eu sou uma foragida, e por culpa daquele povo a minha madrinha está morta.

     Diante de uma forte argumentação, Pedro duvidou de seus propósitos, mesmo que tivesse uma palavra a ser honrada sentia que não poderia voltar sem Isabel ao seu lado. Contidos pela falta de concordância, o silencio tomou novamente o ambiente, momento no qual lembranças invadiram a mente de Isabel, o povo do reino havia condenado a sua amada madrinha, mas ainda assim era possível encontrar pessoas boas por lá, pessoas que sofriam assim como ela sofrera com o ataque das feras e com a má gestão do novo rei.

     — Mesmo que não sinta vontade de voltar aquele lugar, tem uma pequena voz que me fala para retornar ao seu lado e ajudar, pois, há pessoas que realmente precisam.

     A decisão de voltar ao reino primeiramente parecia estupida, mas os propósitos por trás desse retorno eram nobres e honrosos. No mesmo instante que decidiram o que fariam, os preparativos para a viagem começaram, Isabel remendava as capas que estavam desgastadas e Pedro preparava os suprimentos, com muito esforço conseguiram arrumar tudo e com o fim do dia a jornada de retorno ao reino se iniciaria.

     Sob a lua cheia a caminhada se iniciou, mesmo que a famosa lenda da colina da alma não fosse verdadeira e tivesse trazido sofrimento aos viajantes, eles lembrariam dessa aventura eternamente. Deixando para trás aquele cenário magnifico, Pedro e Isabel partiram de volta para o reino de Vera Cruz.

Feroz - A maldição da bestaOnde histórias criam vida. Descubra agora