Capítulo - 20 (Final)

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     Após a identidade da fera marrom ter sido revelada, todos os guardas anularam o ataque contra a besta e ficaram atônitos em relação ao fato descoberto, muitos desconfiavam que fosse mentira outros ainda achavam ser bruxaria, mas no fundo tinh...

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     Após a identidade da fera marrom ter sido revelada, todos os guardas anularam o ataque contra a besta e ficaram atônitos em relação ao fato descoberto, muitos desconfiavam que fosse mentira outros ainda achavam ser bruxaria, mas no fundo tinham uma pequena fé de que aquilo fosse verdade. De que outra forma como explicariam uma fera que salvava as pessoas do reino? Sendo que todas as outras criaturas apenas devoravam e destruíam.

     Pedro não sabia como agir após a realização de algo que sonhou por tanto tempo, revelar ser o príncipe diante do povo de Vera Cruz era algo que ele apenas imaginava e pressentia que isso nunca fosse acontecer, mas o destino o trouxe ao momento que tanto desejava. Tirando a feição feroz do rosto ao esconder as presas, Pedro se apresentou:

     — Muitos podem não acreditar, mas é verdade. — Então ele proclamou. — Eu sou o príncipe Pedro Henrique, filho de Pedro II e Maria I.

     Todos ficaram boquiabertos perante a fera falante, jamais imaginariam presenciar tal acontecimento. Rapidamente uma grande multidão formou-se ao redor da fonte e todos viram a imagem de Pedro refletir nas águas, cada vez mais pessoas se aglomeravam naquele lugar e logo as ruas foram tomadas pela população.

     Depois de alguns minutos no centro das atenções, Pedro não sabia como proceder perante o acontecido, ele não suportava ser o centro dos holofotes e o motivo de tantos cochichos. Repentinamente, Pedro pegou o pedaço de mineral que estava na fonte e com isso seu reflexo sumiu, sem mais explicações em relação a sua condição ele decidiu partir, ao colocar Isabel nos ombros saltou escalando muros e altas construções e sumiu da vista dos curiosos despertando uma enxurrada de boatos.

     Nos confins da floresta, Pedro adentou na sua velha caverna em seguida colocou Isabel no chão, os dois apenas se olhavam sem dizer palavra alguma, depois das grandes emoções vividas a pouco, eles não sabiam expressar o que sentiam em relação ao ocorrido. O clima tenso no ar, o cansaço depois da intensa batalha trouxe o esgotamento físico e mental, depois de alguns minutos em estado de desolamento, eles se entreolharam entre suspiros exalavam sentimentos indecifráveis e tudo que puderam sentir foi a aproximação de seus corpos encaixando-se em um forte abraço.

     O reino não dormiu depois do evento ocorrido na noite passada, praticamente todos estavam sabendo que a fera marrom tinha se proclamado como o príncipe Pedro Henrique, sendo assim o herdeiro direto ao trono de Vera Cruz era uma fera, o que nem de longe assustava os moradores, pois a tirania do rei João I havia deixado a população numa tenebrosa crise. Assim alguns clamavam por uma mudança imediata de poder, outros temiam que a fera pudesse trazer uma crise ainda pior que a atual, com ideais conflitantes os rumos do reino pareciam incertos e uma grande revolta em busca de melhorias se formava.

     Ao ouvir os boatos, o rei João I constatou que suas teorias em relação a fera marrom eram verdadeiras e temia perder seu domínio para o verdadeiro herdeiro. Para coibir a grande revolta que se aproximava, ele mandou a guarda real prender todos os jornalistas que ousassem publicar as notícias sobre o príncipe fera e aplicar severas punições aos que continuassem espalhando os boatos, tais medidas foram usadas para tentar dar um ponto final naquela situação.

     Com agressividade os guardas dispersavam os ativistas e com o uso da força traziam terror a população do reino que não tinham direito de se expressar. O jornalista que publicava os feitos heroicos da fera marrom enfrentou o poder do rei ao espalhar notas sobre o príncipe fera, sua ação trouxe severas consequências e mesmo perdendo a liberdade ninguém foi capaz de calar a sua voz.

     Diante da forte represália causada por João I, o povo de Vera Cruz revoltou-se e uma grande multidão se formou para reivindicar a saída do atual rei. Com um ataque em massa a população planejava invadir o castelo e derrubar o trono com o uso da força.

     Em grande número, os revoltados enfrentaram a guarda real e saíram vencedores do confronto. Ao ver seu reinado ruir, João I decidiu abandonar tudo e fugir, saiu pelos fundos do castelo, montou em sua égua branca e cavalgou sem rumo desaparecendo do reino sem deixar vestígios.

     Vera Cruz não tinha mais um rei, sem liderança os rumos pareciam incertos e as coisas caminhavam desordenadamente, as lembranças do reinando de Pedro II eram nostálgicas, mesmo enfrentando situações difíceis, o rei antecessor tinha a confiança e o apoio da população. Esses feitos passados formava um movimento em prol do príncipe fera torna-se rei, depois de grandes discussões um consenso foi formado e a decisão foi tomada.

     Uma noite importante, mesmo com medo do ataque das bestas noturnas, uma multidão tomou as ruas de Vera Cruz e no perímetro central havia uma grande cerimonia montada tudo muito bem arquitetado para uma grande proclamação.

     Em suas rondas noturnas, Pedro notou a grande movimentação incomum, guiado pelos seus instintos, ele logo alcançou a grande multidão. Ao se aproximar viu abrir uma passagem para que ele pudesse chegar ao centro da cerimônia, visivelmente emocionado seus olhos emitiam um brilho lacrimoso.

     O imenso corpo de Pedro teve que adaptar-se ao trono real no qual foi instruído a sentar-se e então sentiu pousar sobre sua cabeça uma coroa igual a que seu pai usava, sob a veneração de súditos sentiu-se querido e com clamores a seu nome viu que mesmo no corpo de uma besta ele nunca deixou de ser o príncipe Pedro Henrique. A coroação foi intensa cheia de sentimentos e juras.

     — Jurei uma vez que protegeria o povo desse reino e tenho cumprido minha palavra. — Levantando-se do trono, Pedro fez um novo juramento. — E hoje eu prometo a minha vida a Vera Cruz! — Com as palavras do novo rei o povo gritava "Pedro III."

     Com o fim da coroação, Pedro terminou a vigilância noturna e antes do amanhecer voltou a caverna para contar a novidade. Extasiado com tamanha felicidade, ele exibia suas presas com um sorriso estranho no rosto, olhando a coroa reluzente na cabeça dele, Isabel questionou:

     — Por que está usando essa coroa?

     — Eles me aceitaram. — Bastou essa frase para que a emoção os aproximasse e selasse um abraço, com a voz embargada, Pedro afirmou. — Eu fui coroado o rei de Vera cruz.

     A surpreendente história trouxe uma longa conversa, os detalhes sobre o ocorrido foram contados durante todo o dia e o assunto dominou entre as paredes da caverna. Ao anoitecer aconteceria a oficialização do novo rei perante aos súditos e assim que a lua despontou no céu, Pedro demonstrou insegurança e nervosismo, ao ver o temor do companheiro, Isabel o encorajou:

     — Dará tudo certo, fique tranquilo.

     — Você tem razão. — Mudando de feição, Pedro estendeu a mão e falou. — Vamos!

     — Vamos? — Isabel repetiu a palavra num tom de questionamento.

     — Sim, eu preciso de você.

     Com um leve sorriso, Isabel estendeu a mão e sob o comando de Pedro a viagem até o reino foi rápida. A frente do castelo real formava-se um grande aglomerado de pessoas que vieram assistir à cerimônia real, sob a proteção da fera marrom todos ali sentiam-se seguros.

     Isabel ficou entre o público, enquanto Pedro caminhava até as autoridades da cerimônia real. A oficialização do novo rei Pedro III foi finalizada com sucesso e todos ali o aplaudiam a esperavam o grande discurso.

     — Jurei a minha vida a esse reino, mas agora eu preciso jurar meu coração a pessoa que eu amo. — Olhando em um ponto especifico na multidão, Pedro declarou. — Quando eu não tinha ninguém você surgiu na minha vida, mesmo sendo uma fera você confiou em mim e viu quem eu era verdadeiramente, temos grandes histórias juntos e eu gostaria de escrever algo ainda maior ao seu lado. — Caminhando entre a multidão, ele alcançou Isabel e ajoelhou-se diante dela, mesmo abaixado seu corpo de fera ficava maior que a jovem moça, os olhos deles se entrelaçaram e então, ele fez o pedido. — Isabel, quer ser a minha rainha? 

Feroz - A maldição da bestaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora