Capítulo 2

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FELIPE

Ter minha melhor amiga comigo era maravilhoso. E eu morria de saudades dela todos os dias.

Conversas descontraídas, segredos compartilhados, horas e horas de felicidade com uma pessoa que eu considerava.

Estávamos arrumando as roupas – ela estava, porque eu... zoava com ela – enquanto batíamos um papo sobre tudo o que vivemos.

— E você se lembra daquela minha amiga, a Fernanda, do segundo ano? — ela perguntou animada enquanto dobrava uma peça de roupa.

— Aquela morena, que tinha os olhos azuis? — tentava puxar na memória.

— Sim, essa. Vocês ficaram, lembra? — Balancei a cabeça, confirmando. Eram poucas as amigas de Amanda que não pediam para ficar comigo. Fazer o quê, se o cara aqui era o galã das novinhas, não é? — Logo depois que você deu um fora nela, nunca mais olhou na minha cara. Até semana passada, quando a encontrei na rua, ela virou a cara para mim.

A gargalhada em meu peito estrondou o local. Era estranho ver como algumas amizades se acabavam por tão pouco. Mas era triste ao mesmo tempo. O que me acalentava e não me preocupava, era saber que Amanda não tinha amizade verdadeira com ela, e isso não a afetara.

— Você ri, né, seu babaca. — Ela começou a me bater com uma blusa que estava dobrando, fazendo-me encolher sobre a cama.

— Ei, calma, eu estou rindo com respeito. — Ela me bateu com um pouco mais de força, mas rindo também.

— Idiota.

— Mas você se lembra daquele Robson? Que era super afim de você?

— Sim, ele se casou com a Aline. Tadinha, dizem que ele bate nela — ela disse, com uma melancolia na voz, mas logo voltou os olhos para mim, rindo. — E você que diz que ele era afim de mim, porque ele nunca chegou perto de mim, efetivamente.

— Porque eu nunca deixei — disse sério, tirando o sorriso do rosto dela também. Eu não estava sabendo da parte que ele agredia a mulher, mas sabia desde a adolescência que ele era um babaca de primeira, e que não merecia minha amiga.

Amanda era uma pessoa meiga e carinhosa. Seu rosto exalava doçura, pureza. Seu sorriso era singelo e magnífico. Eu não podia permitir que qualquer um chegasse perto dela e a ferisse.

— Como assim? — Ela voltou a arrumar as roupas, e eu peguei uma blusa que estava sobre a cama, dobrando-a.

— Eu sempre soube que ele era um babaca, violento e nojento. E ele vivia insistindo para que eu falasse com você. Uma vez ele disse que ia investir sem a minha ajuda e... bem, acabamos caindo na porrada.

Amanda deixou os braços caírem diante do corpo e me encarou abismada com a boca aberta.

— Como assim?

— Eu não podia deixar um babaca se aproximar da minha melhor amiga. Você já imaginou se fosse você no lugar da Aline? Eu já estaria preso uma hora dessas por assassinato.

Ela abriu um sorriso discreto, e colocou os longos cabelos pretos atrás da orelha, abaixando a cabeça em seguida.

— Você sempre foi muito protetor comigo, não é? — ela disse com a voz baixa.

— E teria chances de ser o contrário? Crescemos juntos. Apesar dos três anos de diferença...

— Dois anos e sete meses — ela me interrompeu.

— Ah, sim, claro, desculpa. — Levantei uma sobrancelha para ela. — Voltando, você é a minha irmã que eu nunca tive.

Amanda fez uma careta, o que me fez rir. Ela odiava ser considerada minha irmã. Porque segundo ela, era filha única e não dividiria sua herança com ninguém.

Uma Proposta Entre AmigosWhere stories live. Discover now