Capítulo 22

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AMANDA

Fazia uma semana que eu não via Felipe, não trocávamos mensagens nem nada do tipo.

Para falar a verdade, eu estava com medo.

Foi tudo muito estranho, em um momento estávamos na cama, felizes, e no outro, quando acordamos e fui tomar banho, ele parecia ter perdido a magia do momento.

Era como se tivesse cumprido uma promessa e acabara o que tinha que fazer, seguindo a vida normalmente.

O que era real, já que fora isso que eu pedira a ele.

Mas eu poderia jurar que as coisas seguiriam por outro caminho. Mas totalmente ao contrário, lá estávamos nós, sem nos falarmos por sete dias.

Eu não queria procurar por Felipe, para que ele não pensasse que eu só o queria para o sexo, para repetir o que havíamos feito, que aliás foi muito bom.

No fundo, eu aceitaria repetir, mas sabia que Felipe não aceitaria isso, então manteria meu desejo guardado a sete chaves.

Mas também era muita infantilidade pensar em algo assim, éramos amigos, afinal, e tínhamos que conversar.

Peguei o celular e abri o Whatsapp, disposta a mandar uma mensagem para Felipe, perguntar pelo menos como ele estava.

Quando abri o aplicativo, ele estava online e digitando. Sai da conversa, para que assim que recebesse a mensagem não parecesse uma desesperada que estava ali esperando, e aguardei que ele mandasse.

Aparentemente ele escrevia e apagava, tomando coragem, ou seja lá o que fosse. Fiquei cinco minutos com o aparelho nas mãos, esperando e nada. Depois passei mais algum tempo tentando entender o porquê ele havia desistido de mandar o que quer que fosse.

Por fim, acabei desistindo também e bloqueei o celular, jogando-o no sofá ao meu lado e recostei a cabeça no encosto, fechando os olhos.

Provavelmente eu havia tomado uma decisão errada. E se isso custasse minha amizade?

Só me restaria esperar parar ver.

FELIPE

Estava com o celular na mão, a mensagem reescrita umas cinco vezes, mas desisti e apaguei. Amanda sinalizava online, mas ainda assim, também não falava comigo.

Eu mandaria algo simples, uma pergunta qualquer se ela estava bem, ou algo nesse sentido, mas acabei desistindo por pura falta de coragem, e joguei o celular com raiva sobre a cama.

Comecei a andar de um lado para o outro no meio do quarto, pensando e tentando ponderar a situação.

Fazia exatamente uma semana que não nos víamos, desde que a deixei na porta de sua casa.

Enquanto ainda rodava no mesmo cômodo, pensando no quão adolescente estávamos sendo, principalmente eu, por não falar com a minha melhor amiga, meu celular tocou, fazendo-me pular.

Peguei-o no primeiro toque, com esperanças de que fosse Amanda, mas a decepção veio assim que vi o nome de Pedro, o homem para quem eu e Amanda estávamos montando um projeto de urbanismo. Atendi imediatamente, mesmo assim.

— Boa tarde, Pedro — chamei-o pelo primeiro nome, já que ele havia me concedido a liberdade.

— Boa tarde, Felipe, tudo bem?

Após os cumprimentos, ele entrou no assunto sobre nosso projeto, sobre como estava o andamento de tudo.

Nosso projeto já estava quase todo montado, mas precisávamos discutir algumas coisas com Pedro ainda, e ele havia dito que estaria viajando na semana, e que entraria em contato com a gente.

E esse era o motivo de sua ligação, ele já estava de volta à cidade, e queria uma reunião com a gente.

Assim que desligamos, permaneci com o celular em mãos, ponderando se seria melhor ligar ou ir pessoalmente até a casa de Amanda dar o recado.

Optei por fazer a ligação, nada de mensagens desta vez.

Disquei seu número, mas ela não demorou a me atender.

— Tudo bem?

— perguntei assim que nos saudamos, percebendo a melancolia em sua voz.

— Tudo sim, e você?

Uma resposta e pergunta automática, sem pensar muito.

Isso não era um bom sinal, mas segui na mesma linha que ela.

— Estou bem, sim. Preciso conversar com você.

Silêncio do outro lado.

Nenhuma outra resposta se ouvia, apenas a respiração de Amanda, que parecia ter ficado mais pesada com o suspense que se fez entre a gente.

— Sobre?

— apenas uma palavra.

Eu podia sentir a tensão pela sua voz.

Será que era medo de que eu falasse algo sobre o final de semana que passamos juntos?

Será que era algum ressentimento?

E se ela tivesse ficado chateada com alguma coisa?

Apenas ela poderia me dizer essas coisas, e no seu tempo, então eu não poderia pressioná-la.

— O projeto do Pedro. Ele chegou de viagem hoje e me ligou. Quer nos ver para finalizar tudo.

— Ah, sim, tudo bem — ouvi quando ela soltou uma respiração mais profunda, como se a estivesse prendendo — para quando e onde você marcou?

— Ainda não acertei com ele sobre isso. Disse que tinha que confirmar com você.

Caminhei até a cabeceira da cama, onde me sentei encostando as costas.

— Certo. Mas o dia que você marcar, para mim estará ótimo. Só me avisa onde e quando vai ser.

— Tudo bem então, vou falar com ele e te passo tudo.

— Certo.

Novamente o silêncio predominou a ligação.

Era como se ainda tivéssemos coisas a dizer, mas nenhum dos dois tomasse a iniciativa.

Chegava a ser frustrante, para os dois lados, eu tinha certeza.

— Mais alguma coisa? — Amanda perguntou, por fim.

— Não, era apenas isso — respondi depois de um tempo, totalmente frustrado.

— Então preciso desligar, estava fazendo algumas coisas aqui. Você me passa o endereço, e não esqueça seu computador com o projeto.

Assim que concordei, ela desligou sem dizer mais nada.

A conversa mais seca que eu já havia tido em toda a minha vida.

Ou será que era apenas impressão minha?

Não, isso não era, porque ela nem se despediu direito, coisa que Amanda jamais faria.

O que eu mais temia estava acontecendo.

Eis aí o fato por que não quis aceitar sua proposta de primeira.

Eu estava vendo minha amizade de anos, indo por morro abaixo, e não tinha muita coisa que eu pudesse fazer, já que não dependeria apenas de mim.

Uma Proposta Entre AmigosWhere stories live. Discover now