Capítulo 32

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AMANDA

Eu não poderia estar mais feliz.

Aqueles eram os dias mais felizes de todos.

As pessoas que eu mais amava, incluindo minha família, já que eu havia recebido visitas do meu avô e minha mãe, que babaram tanto na Rebeca quanto puderam, os pais de Felipe faziam visitas constantemente.

Valéria e Douglas não saíam da nossa casa, como naquele momento.

Estávamos todos na sala, conversando baixo, já que Rebeca tirava seu cochilo da tarde no carrinho ao lado do sofá onde eu estava sentada.

Ríamos e conversávamos sobre coisas banais. Felipe nos serviu uma bandeja de petiscos frios e se sentou ao meu lado.

— Como você está? — ele perguntou todo carinhoso.

Fazia um mês que Rebeca havia nascido, e eu estava na sua casa ainda, já que era nosso combinado. E ele se mostrava um pai muito melhor do que eu imaginei que seria. Era carinhoso, cuidadoso, companheiro, prestativo. Além de uma ótima amostra de um marido maravilhoso que seria.

Ainda não havíamos voltado ao assunto de casamento desde que me pediu no hospital, mas estávamos deixando as coisas correrem naturalmente. E eu estava muito contente assim.

Felipe cuidava de mim com muito amor. Era lindo de ver e sentir.

— Estou bem — abri um sorriso para ele, colocando as mãos em volta de seu rosto e depositei um beijo terno e sutil em seus lábios.

Ele me retribuiu o sorriso e voltamos à conversa com nossos primos – sim, já eram meus também.

— Mas e vocês dois, vai ter casório, ou vai ficar nisso mesmo? — Douglas perguntou, estreitando os olhos para Felipe.

Pigarreei, quase me engasgando quando a pergunta foi feita.

— Bom, estamos arrumando nossas vidas ainda, mas já temos planos para isso, com certeza. — Tínhamos?

Não me lembrava de termos tocado em assuntos assim, mas deixei passar.

Mas a conversa seguiu tranquila, sem tocarmos novamente no assunto casamento.

Quando a tarde começou a cair, a campainha tocou.

Olhamos um para a cara do outro, meio surpresos com a visita inesperada, mas Felipe se levantou rapidamente para abrir a porta.

Permaneci na conversa com Valéria e Douglas, enquanto ela nos contava do novo peguete que a estava rondando.

Minha surpresa não foi tão grande quando Felpe retornou com Gabi em seu encalço.

Desde o ocorrido no dia do nascimento de Rebeca, ela não apareceu mais em nossa casa. Nossos amigos sempre nos davam noticias dela, mas ela mesma nunca entrou em contato.

Bom, até aquele momento.

Mas eu não poderia dizer que era uma surpresa vê-la ali na minha casa.

— Oi... — ela falou meio desconfiada.

— Oi, Gabi, como você vai? — Levantei-me para cumprimentá-la.

Felipe ficou ao meu lado, assim que me aproximei dela, mas Gabi não aceitou minha mão.

— Que palhaçada é essa, Amanda? — ela perguntou, ainda mantendo o tom de voz baixo. Não respondi, apenas esperei, já que ela abriu a boca para dizer mais alguma coisa. — Me chamou aqui para me humilhar? Para esfregar na minha cara a família perfeita que você tem?

Para a minha sorte ela ainda mantinha o tom de voz baixo.

— Foi você mesmo que a chamou aqui? — Felipe me perguntou, olhando para mim.

Caminhei lentamente até onde estava o carrinho com Rebeca dentro e a peguei ajeitando-a em meus braços, com o máximo de cuidado para não acordá-la.

— Sim, mas mandei há uma semana, pensei até que ela havia desistido.

— Mas... por que ela pensou que havia sido eu? Ela chegou perguntando isso na porta.

— Convidei do seu celular. Se fosse do meu, ela não aceitaria mesmo.

Já havia demorado mesmo achando que tinha sido Felipe que havia convidado.

— Pois é, te falei que ela queria me humilhar. A perfeitinha Amanda não aguenta ver outra pessoa vivendo a vida em paz.

Olha quem estava falando... parecia até piada.

Só não ri na cara dela, porque o assunto era um pouco mais sério.

— Eu não te chamei aqui para te humilhar, até por que isso não é do meu feitio. — Comecei falando calmamente. — Queria apenas mostrar a você que minha família é forte, e constituída no amor. — Apertei os braços um pouco mais ao redor da minha filha e senti quando Felipe fez o mesmo com a minha cintura. — Você nem ninguém vai conseguir destruir isso.

— Ah, é uma palhaçada isso mesmo.

Assim que ela virou as costas, adiantei-me para falar antes que ela saísse.

— Mas eu não quero te humilhar. Longe disso. — Ela parou, ainda de costas para mim e eu prossegui: — Quero dizer que você pode fazer parte disso. Como amiga. Nunca vamos descartar você da nossa família.

Gabi se virou lentamente para nossa direção, passando os olhos pelos irmãos que nos encaravam do sofá e se voltou para nós.

— Vamos sempre estar aqui. Para te acolher como amigos.

Vi quando uma lágrima rolou de seus olhos. Ela caminhou lentamente de volta até nós, parando a poucos centímetros de onde estávamos, olhou para Rebeca que ainda dormia profundamente. Seu cabelinho ralo estava preso com um presilha vermelha, igualmente a seu vestido. Ela parecia um anjo serena.

Gabi olhou para ela, abrindo um sorriso sincero e simpático, levou as mãos até a cabeça e lhe fez um carinho. Uma lágrima também me acompanhou naquele momento e ouvi um sussurro da boca de Gabi como um "obrigada". Poderia ter entendido errado de tão baixo que soou, mas a julgar por toda aquela cena, eu estava certa.

Ela estendeu um presente que estava segurando até o momento, para Felipe, abriu um sorriso e saiu pela porta.

O clima estava mais leve do que antes, apesar de tudo. E eu me sentia em paz.

Poderia viver agora sem nenhuma pendência.

Felipe voltou a agarrar minha cintura e beijou a minha bochecha.

— Você é a melhor do mundo, sabia? Eu te amo.

Abri um sorriso para ele, os dois com cara de bobo apaixonados, e eu julgava que seria para sempre assim.

— Eu também te amo.

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