Capítulo 3

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FELIPE

Eu havia dito para Amanda vestir um vestido. E graças a Deus ela me contrariou.

Ela ficava muito bem de calça jeans e uma blusa simples. Como naquele momento.

Amanda era uma mulher simples, delicada, mas de um charme único.

Estávamos comendo um lanche, com ela na minha frente, enquanto ríamos de algum assunto bobo que comentamos. Com ela era sempre assim, risadas frouxas.

Quando já estávamos satisfeitos, pegamos o carro e dirigi até a boate que ficava no centro da cidade. Encontrei primeiro com Valéria e Douglas, que cumprimentaram Amanda animadamente, e depois partimos para a fila de entrada.

Como ainda era cedo, ela não estava muito grande, e entramos sem muita demora.

Meus outros amigos já se encontravam lá dentro, e apresentei todos a Amanda.

— Você é a famosa Amanda. Bom saber que você existe de verdade. — Victor, um dos meus amigos, aproximou-se, pegando a mão de Amanda e puxando-a de encontro a seu rosto, dando-lhe dois beijos, diferente de todos os outros, que a cumprimentaram apenas com um aperto de mão.

— Pois é. Não sou uma invenção da cabeça de Felipe.

Amanda deu um sorriso complacente para mim, que retribuí.

Após um tempo de conversas animadas e bebidas, Victor se levantou e começou a dançar conforme a batida da música.

— Vamos dançar? — ele chamava a todos, mas direcionado especificamente a Amanda.

Felizmente, todos aceitaram, e fomos para a pista de dança, já dançando pelo caminho.

O grupo de amigos era composto por cinco homens e quatro mulheres, então ocupamos boa parte da pista.

Amanda dançava perto das outras meninas, animadamente, enquanto eu observava a pista como um todo, mas foquei minha atenção nela quando Victor chegou mais próximo.

E da posição que estava, vi também quando Amanda o afastou, empurrando-o.

Aproximei-me mais um pouco, atento a todos os movimentos de minha amiga.

Não era posse, longe disso, mas um cuidado que eu tinha com ela.

— Não, por favor — ela disse com mais veemência na voz, empurrando-o mais uma vez.

E isso foi suficiente para que eu tomasse uma atitude.

Coloquei uma das mãos sobre o peito do homem, empurrando-o mais forte.

— O que está acontecendo aqui? — perguntei encarando-o.

— Só estava querendo bater um papo com a sua amiguinha. Nada demais.

— Engraçado que eu ouvi a minha amiga dizer um não, alto e claro para você.

— Claro que não, ela só está se fazendo de difícil.

Com isso, Douglas se colocou ao meu lado, ombro com ombro.

— Você sabe que não vale a pena. Deixa o babaca para lá — ele falou baixo, para que apenas eu o ouvisse.

Sim, Victor estava em nosso circulo de amizades apenas por causa da irmã, que era um amor de pessoa e o olhava enojada.

Resolvi não armar uma confusão, não valeria a pena mesmo.

— Quer ir embora? — perguntei para Amanda, quase me sentindo culpado por tirá-la de casa.

— Por favor, me leva para casa.

Fiz um meneio de cabeça para o resto do pessoal que se encontrava ao nosso redor, e nos encaminhamos para a saída.

— Babaca, vê se aprende a respeitar as pessoas — disse assim que esbarrei em Victor —. E não pense que faz parte do nosso círculo de amizade, pois você sabe que está com a gente só por causa da Andressa. Mas vou conversar com ela amanhã, e dizer que não quero mais você perto de nenhum dos meus amigos.

Saí pisando firme, e quase espumando de tanta raiva. Mas me acalmei assim que entrei no carro e Amanda ligou o som quase no volume máximo, e começamos a cantar.

Ela era a felicidade em pessoa.

Chegamos à frente de sua casa e eu saltei com ela, caminhando até o portão.

— Você não precisa ficar comigo. Sério, eu estou bem — ela insistia.

— Eu vou ficar porque eu quero. A não ser que não queira minha companhia. — Fiz um bico, ensaiando um drama.

— Claro que quero. Sua companhia sempre é muito bem-vinda, e você sabe disso.

Enquanto ela abria o portão e entrava, eu a seguia.

— Olha, desculpa mais uma vez. Victor é um babaca de carteirinha, mas não achei que ele ia ser tão filho da puta.

— Fê, não foi você que foi inconveniente comigo. Não tem do quê se desculpar.

— Mas eu insisti para que você fosse. E eu que apresentei você aos meus amigos.

Já estávamos dentro de casa, com Amanda abrindo a geladeira – que já havia sido abastecida por mim, com sua permissão – e me entregou uma garrafa de cerveja.

— Mas você não me obrigou a ir. Fui porque eu quis.

Ela passou por mim e foi para a sala, jogando-se no sofá. Permaneci algum tempo observando-a da cozinha. Amanda era uma mulher delicada e frágil, mas ao mesmo tempo tinha uma força e determinação enorme dentro de si. E isso fazia com que eu a admirasse cada vez mais.

— Vai ficar aí parado? Entrou para me fazer companhia ou me olhar apenas?

— Mas o que vamos fazer na sala se nem a sua televisão está instalada ainda? — brinquei caminhando até ela e me jogando no sofá ao seu lado.

— Vamos continuar conversando, sentados confortavelmente.

Ela levantou a própria garrafa de cerveja, fazendo um brinde no ar, e eu a imitei.

— Você ficou chateada com o que aconteceu hoje? — Eu não queria insistir na mesma tecla, mas a culpa que me invadia me consumia.

— Ei, já disse que não. Você me apresentou para sete pessoas hoje, e uma delas foi babaca comigo. Mas você não consegue dar créditos às outras. — Ela fez uma pausa, bebendo a cerveja. — Tipo, eu conversei com a Gabriela, adorei ela, aliás, trocamos nossos números. Sem contar que reencontrar a Valéria e Douglas foi muito gostoso. Então pare de se culpar.

— Eu fico puto da vida se vejo você sofrendo. Prometa-me que não vai deixar nenhum babaca te convencer de que é o cara certo. Que você vai escolher bem qualquer marmanjo que for entrar na sua vida?

—Qualquer marmanjo? — ela perguntou, mas já com um sorrisinho no rosto.

— Eu sou o seu melhor amigo. Eu sei e tenho que te aconselhar. E ainda lutar por você.

— Eu gosto de ter um segurança particular assim, me sinto importante.

— Você não precisa de um segurança, ou nada para se sentir importante. Você é, e muito para mim, lembre-se sempre disso — disse sério, sentando-se ao meu lado.

— Você também é muito importante para mim, Felipe — ela disse me olhando nos olhos fixamente.

Permanecemos nos encarando por mais alguns segundos, em uma intensa conexão que eu havia sentido apenas com a minha melhor amiga.

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