Capítulo 28 - Sobrecarregada

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- Não sei nem por onde começar

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- Não sei nem por onde começar... - Meu pai diz e parece envergonhado.

- Por que não começa da parte que nos enganou, Bellini.

Meu pai arregala os olhos e eu encaro Edward com um claro sinal de "não seja tão hostil, porra".

Edward me encara de volta e depois suspira.

- E-eu... Não queria enganá-los... Eu só...

- Pai... Calma. - É tão estranho pronunciar essa palavra em voz alta. Meu pai se vira pra mim com os olhos cheios de ternura. - Pode começar nos explicando uma coisa que não consigo entender... Edward mencionou que a Isabel era minha irmã mais velha... Como seria possível?

Papai suspira e depois começa a falar enrolando uma mão na outra em claro sinal de nervosismo.

- Isabel tinha uma doença... A verdade é que quando você era criança e eu enviei Isabel para morar com vocês, ela já possuía 15 anos...

- Uma doença? Tipo aquele filme "A órfã"? Que a mulher tinha 40 anos e parecia ter 10? - Pergunto pasma.

- Se chama Doença de Fabry...

- Então você enviou essa louca impostora para morar com a gente? O combinado era você enviar a sua filha! Para concretizamos a união das máfias. - Edward diz exasperado.

- Mas... Isabel era minha filia...

Eu paro de respirar.

Porra... Não acredito que ela era minha irmã... Não isso não...

Um estalo me atinge.

Meu pai não sabe que foi Edward que matou Isabel?

Edward não fala mais nada, até ele foi pego de surpresa.

Um gelo percorre cada parte do meu corpo e eu acho que vou vomitar. Cada palavra dita por Edward invade minha mente me fazendo imaginar os dias que ela passou na mão dele antes de morrer, a sala começa a girar e eu tenho medo de minha cara de paisagem não ser o suficiente para ajudar a disfarçar meu mal estar.

Edward matou minha irmã...

Ela era uma vadia, mas era minha irmã...

Talvez ela fosse daquele jeito devido à doença dela...

Meu pai rompe o silêncio absurdo e começa a falar.

- Minha filha... Me perdoe... Eu não sei qual foi a história que sua mãe lhe contou, mas tudo que fiz foi pra te proteger...

- A proteger? Ela sofreu o pão que o diabo amassou na mão daquela prostituta sem vergonha e seu gigolô maldito. Você sabia que estupraram sua filha antes mesmo de ela completar 15 anos? - A voz de Edward é carregada de ódio e eu nunca o vi tão sério e  tão frio.

Seus olhos eram como enormes iceberg... Me arrepiei só de encará-lo.

Mas a raiva me inundou, ele não tinha o direito de abrir essa informação para o público.

Lanço meu melhor olhar de repreensão mas ele me ignora.

Meu pai está boquiaberto e pálido.

- Dio mio!! - Ele se levanta da sua cadeira, vem até mim e se ajoelha na minha frente pegando minha mão. - Me perdoe filha! Eu não sabia! Jamais poderia imaginar...

Há lágrimas em seus olhos.

- Mamãe disse que você não quis me assumir porque era muito jovem e sua família não aceitaria o filho de uma prostituta. - Resumo para ele.

- Oh Dio... No! Ela poderia ter sido mais justa e dito uma parte da história verdadeira. Eu não assumi você porque toda e qualquer filha minha está prometida a máfia francesa e... Eu não queria que a filha que tive com a mulher que mais amei... Sofresse. - Há dor em seus olhos. - Eu jamais poderia ficar com sua mãe... Mas eu poderia sim ter te trazido comigo para a Itália... Porém, você ficaria em posse deles... E eles já tinham a Isabel, não achei que precisasse te puxar pra esse... Inferno.

Meu coração se aperta e eu preciso de todo meu auto controle para não chorar.

- Imagino que você não tenha problemas com ela ter perdido a virtude com outro, né?- Diz o papai sem encarar Edward.

- Absolutamente... Até porque a virtude dela é minha agora... Sua virtude está na sua alma doce e linda. - Me contorcia na cadeira... Alma doce e linda? Eu sou quase uma vadia como minha mãe... Como ele pode dizer isso? - Vamos nos casar em três dias.

Eu engasgo e papai percebe na hora que nem eu sabia disso.

- Mio caro... Por que a pressa? - Diz suavemente.

- Por que meu irmão está tramando contra mim e não queremos que o mesmo que aconteceu com Isabel aconteça com Anne, certo?

Papai faz uma cara de dor.

- Eu... Sei que ela não fugiu... Sei que mataram ela... Gostaria de descobrir quem foi para poder me vingar corretamente.

Eu estou completamente desnorteada, apavorada, confusa, triste... Parece que vou explodir.

Edward percebe que não estou bem por algum milagre e me tira do local.

- Sr. Bellini, vamos terminar essa conversa em outra hora. Minha noiva e eu vamos almoçar e depois retornamos para cá.

- Claro... Claro...

Antes que meu pai pudesse se aproximar de mim, Edward me arrastou até o lado de fora do escritório e me guiou até um dos quartos da enorme casa.

Eu estava tonta, não sabia o que dizer disso tudo...

Eu tinha um pai... Que se preocupava comigo, que não sabe que meu atual noivo foi quem matou a sua filha, minha irmã... Que não sabe nem a forma monstruosa que ela morreu.

- Você... Quer que eu te deixe sozinha? - Edward ainda estava frio como o gelo, agora ele realmente parecia um mafioso sem coração, nada tinha a ver com meu Edward fofo e apaixonado.

- Vai se foder... Eu não vou casar com você... Não posso casar com o assassino da minha irmã.

- Foi você quem insistiu para que eu te contasse...

Eu estou sendo injusta? Ela realmente o fez muito mal... Mas quem ele é para tirar a vida de alguém?

- Você não é Deus, Edward! Não pode decidir quem vive e quem morre, porra! Eu. Não. Vou. Me. Casar. Com. Você. - Digo enquanto todo o meu corpo treme de raiva... E medo.

- Você não tem escolha, Annelise. - Ele diz entre dentes.

Em um susto de fúria eu acerto um tapa em seu rosto.

Seu rosto vira para o lado com o impacto e depois lentamente ele se volta para mim.

O medo toma conta de cada parte do meu corpo.

Ele avança em mim com os olhos frios faiscando de fúria.

Ele agarra meu pescoço com firmeza me encostando na parede.

Ele não aperta com força a ponto de me cortar o ar, mas é o suficiente para me deixar com muito medo.

Seu olhar é gélido e selvagem. Eu quase não o reconheço, parece outra pessoa...

Então todo o acontecimento do dia é demais para mim, estou sobrecarregada com informações perturbadoras. O quarto vai ficando escuro a medida que meu corpo perde as forças para se manter em pé.

Edward me segura e me sustenta enquanto eu acabo desmaiando.

- Porra, Anne... - É a última coisa que ouço.

Amor Doentio Where stories live. Discover now