Capítulo 9 "Vejo você partir"

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=Brian Blanc=

Sinto seu toque quente percorrer minhas costas, seus dedos brincam em minha coluna distribuindo arrepios. Seu semblante tão pouco é decifrável, Martina não fala e nem olha em meus olhos, seus suspiros demorados aquecem o lóbulo de minha orelha.

—Não serei eu. — Sussurou com a voz embargada próxima a minha orelha.

—O que?.—Perguntei um tanto preocupado.

Inverto minha posição ficando cara-a-cara com a mesma, seus olhos miram em mim juntamente com o silêncio avassalador. Seus lábios se comprimem entretanto nada saí.

— Não serei eu. —Repetiu me deixando confuso. - Não sei eu, a escolhida de seu coração.

— Sempre foi você. —Sussuro em resposta. - Sempre será você, é tudo sobre ser você.

Balançando a cabeça negativamente, Martina sussura " não serei eu"vezes sem conta, de tanto balançar a cabeça, os fios pretos de seus cabelos se desfazem do resto desmontando totalmente seu coque alto. Lágrimas solitárias escorrem em suas bochechas rosadas, seu oceano está afundando tudo nela, seus olhos não se contém e continuam libertando lágrimas tristes, puxo o ar que me falta, aproximo meu corpo do dela tentando limpar suas lágrimas, não quero a ver chorar e muito menos ser o causador de suas dores.

" Quero dar a ela cores o suficiente para pintar o mundo do seu jeito".

Ergo os braços tentando a embalar, a toca mas não sinto seu corpo, com a polegar acarecio sua bochecha direita, nada acontece meus toques são vazios em seu corpo. Em um toque de mágica, após várias tentativas, Martina olha profundamente para a porta de madeira a nossa frente, abre um sorriso fraco e Sussura:

—É ela. — Seu olhar triste apertou em coração, que com certeza deve estar sangrando nesse exacto momento.

A maçaneta da porta gira na parte interna tomando toda a minha atenção, aos poucos a mesma a aberta sem nenhum barulho evidente, uma morena entra sorrindo suas vestes vermelhas denunciaram sua presença juntamente com sua pele morena. Lilly.

—Não serei eu. — Escuto Martins repetir ao meu lado, quando busco pela sua voz nada vejo, seu corpo evaporou em segundos.

[...]

Lutando contra a realidade, rebolo meu corpo suado na cama debatendo com outro. Confuso, suspiro abrindo os olhos me deraparando com o corpo imóvel de uma morena, seus cabelos cobriram parcialmente seu rosto, sua respiração compassada é a única coisa que consigo escutar no quarto, com vagar tiro a coberta de malha de meu corpo, percebendo que carrego comigo apenas a roupa interior, frustrado saio da cama caminhando para o outro lado. Sinto o piso gelado invadir a placa de meus pés causando um frio satisfatório, com essa pequena sensação, encaminho meu corpo para o outro lado da cama onde observo a morena, estendo meu braço direito usando dois dedos, afasto algumas mechas de seu cabelo preto, revelando seu rosto. Lilly.

Flashbacks da noite anterior atormenta meu subconsciente adormecido, beijo, lágrimas, sorrisos. É tudo tão confuso. Afasto meu corpo da Lilly caminhando na direção do banheiro, não acredito que beijei a Lilly em frente de Martina. Ah merda!

Seguro na maçaneta da porta sentindo o frio dançar na palma de minha mão, giro a mesma adentrando no banheiro, com pesar arrasto meu corpo para a banheira onde logo o jato de água fria que caí em meus cabelos e percorre seu caminho pelo corpo todo. Desde que fiz minha viagem a Paris minha vida complicou em todos os sentidos, deixei minha amada, me deitei com uma estranha, voltei a fazer merdas. Após ensaboar meu corpo e remover cada vestígio de sabão com água, saio do banheiro enrolado em uma toalha felpuda azul, suspiro girando a maçaneta adentrando de volta ao quarto, analiso o ambiente sentindo a ausência da morena em minha cama, dei de ombros caminhando para frente debatendo com o enorme armário de madeira, ao abrir busco pelas minhas coisas, por alguma sorte do destino Marcos soube como deixar tudo em seu perfeito estado, entre os cabides pendurados dentro do armário, pego no qual contém meu uniforme, o típico da mansão: calças azuis, camisa branca de mangas longas, e a gravata xadrez com cores variantes entre azul, branco, e vermelho. Depois de me vestir e calçar as sapatilhas brancas de lona. Pronto, caminho pelo quarto na direção da porta onde giro a maçaneta encontrando Max passando pela minha porta, suspiro profundamente.

Nosso Último BeijoWhere stories live. Discover now