Capítulo 22

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Respire

Arrume seu vestido

Tome atenção com os sapatos

Ande com calma

Respire

Respire

Repetia para mim todas as vezes possíveis, quando o foco em mente se perdia, me forçava a acreditar que, é apenas um jantar.

É apenas um jantar.

É apenas uma noite.

É apenas um acordo.

E é assim, tentando minimizar a gravidade dos factos, levando tudo na maior piada, mesmo sabendo que, a elegância vai morrer em poucas horas, quando a verdade explodir.

— Você consegue.

Resopro várias vezes, o ar não é tão gelado, mas minhas mãos tremem como se tudo fosse um erro, as sinto suarem, meu corpo de torna rígido, e meu coração batuca tão forte como as rufas do tambor.

Observo meu reflexo no enorme espelho no centro do salão, não se destaca muita mudança, o vestido cetim vermelho cobre meu corpo, com um decote busto e uma fenda a dois palmos abaixo da cintura. Um toque de elegância e sensualidade.
Corro os dedos no tecido, seu toque é  liso e seu brilho é levemente acetinado.

Nunca pensei em fugir do padrão e usar vermelho, mas o dia, a circunstância, o momento, todo esse conjunto temporal soa assim, vermelho ardente.

Como o toque de Brian

Vermelho ardente,  como todas as tentativas de fugir

Vermelho ardente, como a chama da verdade

Vermelho ardente, como o fogo que queima a medida que tento me afastar dele, e nossas memórias voltam como o fogo, incendeiam o local e me trazem de volta a tudo, para todos os momentos.

Balanço o cabelo levemente arrumado, ele dança ao som do vento gelado emitido pela janela aberta próximo a mim, meu rosto não parece diferente devido a pouca maquiagem que Vanessa aplicou, entretanto, ela reforçou várias vezes o batom vermelho, tanto que quando a tentou passar pela quarta vez, surtei e ele me apelidou de louca.

— Pronta?

Viro e encaro o dono da voz, meu Pai corre os olhos em meu corpo, e sorri como se, pela primeira tudo estivesse alinhado a seu propósito.

— Sempre. — Digo baixo, carregada de dúvidas e questões. — Sempre pronta.

Ele relaxa os ombros e sorri outra vez, duas na verdade se fosse para contar, considerando que, tão pouco eu, ou ele soltamos sorrisos um na frente do outro.

Indiferente a tudo, ele fecha o botão do meio de seu casaco preto, igual ao resto do seu vestuário, tudo preto e elegante, como se os papéis fossem trocados, e agora ele estivesse vivendo a minha versão.

— Se preferir eu chamo Vanessa, e você espera o anúncio para descer. — Ele diz suave. — Ou se quiser, pode descer agora, você sabe aqui estão todos.

Acúmulo o máximo de ar possível antes de responder, e agora a ideia a maldita ideia, começa a parecer tão errada como antes, eu ainda consigo sentir meu coração palpitar rápido, meus pés exigindo uma pausa, e minhas mãos tremendo como se sentisse a presença dele, porém nada disso é bom.

Meu corpo reproduz um cenário imaginário no qual, acredita verdadeiramente ser verdade, minha cabeça forma hipóteses estúpidas de um acto que, tão pouco se é verdade,   como se estivesse perto a cair em um abismo Profundo.

Nosso Último BeijoWhere stories live. Discover now