Ele é como um leão

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Consultório Persona

07/07/2017 - Consulta XXI


Boa tarde, senhor terapeuta.

Nós voltamos ontem do Brasil. A viagem foi... Bom, melhor te contar desde o início. 

Cinco dias atrás, logo pela manhã, peguei minha mala, minha passagem e fui em direção à aeronave. Iria como passageiro, porém, fui vestindo meu uniforme. Eu não poderia ir nesse voo como um comissário, porque isso não me permitiria dar a devida atenção para Taehyung, entretanto, Jaejin e eu achamos que se eu também simplesmente sentasse ao seu lado, como sendo um passageiro comum, ele iria sacar na hora que era tudo armado, por isso fui vestindo meus trajes da WINGS e iria fingir que estava lá à trabalho. 

 Embarquei no avião. Ele já estava sentado na Primeira Classe. Segui o caminho, conferi o local e o número da minha poltrona nas informações da passagem eletrônica na tela do meu celular. Fiquei hesitante no corredor à alguns assentos antes de chegar onde ele estava. Eu pensava em várias coisas: "Será que ele vai lembrar de mim? Será que perceberá que não estou aqui a trabalho? E se descobrir que foi tudo armado? Como será que ele vai reagir? Será que devo esperar mais um pouco antes de aparecer na sua frente?" 

 — Jeongguk... Quer parar de enrolar e sentar logo na sua poltrona aqui do meu lado?!  

 Meus devaneios foram interrompidos quando percebi ele chamando pelo meu nome. Taehyung lia uma revista sentando em seu assento. Mas ele sequer olhou para trás. Como sabia que era eu estava ali? Como sabia que era eu?

 Ainda receoso, aproximei-me mais. Ele estava sentado em uma coluna onde haviam três poltronas uma do lado da outra. Taehyung estava exatamente na do meio. Ele nunca fica na janela. Sempre senta entre a janela e o corredor. 

Sentei ao seu lado: 

— Oi... — pronunciei baixinho enquanto guardava o celular no bolso. 

— Oi — respondeu me olhando brevemente, já voltando a prestar atenção na revista. 

 Estava atônito ainda. Como ele sabia que era eu? 

— Como você sabia que era eu? — perguntei confuso. 

— Porque eu ouvi o barulho característico que seus sapatos de comissário fazem enquanto você caminhava receoso procurando por algo — explicou friamente, folhando a revista.  

 Eu estava em choque. 

 — Mas... mas... Todos os outros comissários usam os mesmos calçados. Como você sabia que era eu? — revidei espantado. 

— Porque eu reconheço o som dos seus passos — falou me olhando. 

 Fiquei de queixo caído. 

— E a propósito: Por que você está usando esse uniforme? — interrogou folhando a revista. 

— P-por quê? Porquê... eu- porquê-

— Para de gaguejar, Jeongguk — disse rindo. 

Ele fechou a revista e guardou no compartimento do banco da frente. 

— Mas como você sabe que não estou aqui a trabalho? 

— Porque é óbvio. — Deu de ombros. 

Three MinutesWhere stories live. Discover now