Quem é esse cara?

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Consultório Persona

24/04/2017 - Consulta X


Doutor, doutor... Pelo amor de Deus... Doutor...Eu não sei nem como explicar...

O que está acontecendo?

Não, não, não, não. Eu não quero me sentar. Não. Nem mesmo na cadeira que gira-gira. Eu estou muito nervoso para isso.

Por onde eu começo?

Tá... Tá! Calma, calma. Jeongguk, respira, respira...

Okay... Vou começar pelo começo.

Depois que eu saí daqui, na minha última consulta nesse sábado, eu fui para a boate House of Cards, como sempre faço. Até aí, nada de novo. Fiquei com algumas garotas lá, nada demais também. Só que não sei qual, mas alguma delas, era comprometida. Eu não sabia. A garota também não me falou, e eu ainda não adivinho as coisas. Na verdade, sou burro o suficiente para não notar até o óbvio. O que as pessoas percebem em um segundo, eu normalmente levo dias. Tá, já me perdi do assunto... Parece que contaram para o cara e então começou uma confusão no meio da boate. O namorado dela veio para cima de mim. Eu consegui empurrá-lo, porém, os seguranças notaram o tumulto. Fui "convidando" a me retirar do estabelecimento. Colocaram-me para fora do clube por causar "transtorno" aos demais.

Decidi voltar para casa. Estava indo a pé, até porque moro perto. No meio do caminho, eu estava meio distraído e nem notei que haviam dois caras me perseguindo. Quando olhei para trás, era o namorado da garota e mais um amigo do cara. Eles não eram tão grandes. Pouca coisa mais forte que eu, mas vamos combinar que dois contra um é desonesto. Um deles me segurou por trás, e o outro me deu um soco no estômago. Consegui me soltar chutando o que estava a minha frente e dando uma cotovelada no que estava atrás, do qual revidou com outro soco. Coloquei a mão no meu lábio e notei que estava sangrando. Acabei me distraindo. Estava tão atordoado que nem notei um deles vindo para cima de mim de novo. Ele apenas me empurrou, e eu caí sentado no chão.

 Nesse momento, um carro veio em alta velocidade freando bem há uns 30 centímetros de atropelar um dos caras. O agressor pulou assustado, já batendo com as mãos no capô do carro. Demonstrava-se furioso por quase ter sido atingido. A porta do motorista abriu. E, adivinha?

 Era nada mais, nada menos, do que o Sr. Kim Taehyung.

 Ele estava de terno. Provavelmente voltando de mais um daqueles compromissos formais. Mas não foi o fato de ele estar passando coincidentemente ali, bem naquele momento, que me surpreendeu, doutor.

 Eu estava sentado no chão, enquanto assistia o Sr. Kim batendo naqueles dois caras ao mesmo tempo. Eu não sou a favor da violência, seu psicólogo, mas o Sr. Kim colocou os dois para dormir. Com tanta técnica que eu mal conseguia acreditar em todas aquelas cenas que se passavam bem diante dos meus olhos. Eu estava literalmente de queixo caído.

Kim Taehyung apenas nocauteou aqueles dois infelizes, mal olhou na minha direção e já voltou para o interior do seu carro importado. Sem falar uma única palavra. Achei que ele fosse, sei lá... me ajudar. Mas, não. Levantei-me sozinho e parei ao lado do carro acreditando que ele me daria uma carona. Puxei a maçaneta e o notei travando as portas empurrando o pino para baixo. Fiquei sem entender nada. Olhei pela janela para o interior do veículo:

 — Tem um ponto de ônibus na outra esquina — comentou friamente.

 O maldito fechou os vidros da janela e já arrancou com o carro, abandonando-me ali, sem entender a porra nenhuma do que tinha acabado de acontecer. Fui para casa a pé, chocado, imaginando até que aquilo tudo poderia ser combinado; que ele deveria ter pago aqueles caras para aparecer na hora, do nada, e fazer aquilo tentando me impressionar.

Three MinutesWhere stories live. Discover now