Capítulo 22 - Namjoon

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⚠️ Aviso de gatilho: luto e menção a suicídio ⚠️

Namjoon se lembrava de quando viu Hoseok pela primeira vez, muito antes de saber seu nome.

Ele tinha seis anos, acreditava, porquê desde criança sua memória era péssima para datas. Ele se lembrava de uma discussão, onde sua mãe não pôde buscá-lo na escola, e então seu pai ficou furioso, porquê para ele seus filhos eram seus bens mais preciosos, e ele e sua mãe tinham um acordo.

Foi uma discussão boba que tempos depois esqueceram porquê sabiam que, na época, o trabalho de sua mãe era importante o suficiente para que desvencilhasse de tudo, e seu pai passou a compreender isso. Mas foi uma briga forte o suficiente para que Namjoon decidisse que era um peso muito grande para que seus pais carregassem, e decidiu fugir.

Ele andou cinco quadras, que era o ponto de sua casa até um parquinho abandonado, até notar estar perdido. Como qualquer criança nova demais, ingênua demais para conhecer pela primeira vez a sensação de uma liberdade que nunca teve, Namjoon se desesperou. Ele chorou, encolhido próprio ao castelo com um grande escorregador antes que percebesse estar sendo observado.

Era Hoseok; pequeno demais, triste demais, Namjoon sequer sabia o motivo para ele estar ali, mas quando ouviu as primeiras pessoas do garoto entre infinitas que trocaram em onze anos de amizade, ele se desesperou:

— Você é um fantasma?

Namjoon sequer sabia o que era um fantasma na época, tampouco sua forma ou jeito de se portar, mas pela forma como aquele menino estranho o olhou, junto de suas expressões – desde físicas a corporais –, o pequeno Kim sabia que não era algo bom.

Foi quando, gaguejando um pouco e sentindo seu corpo se arrepiar, ele revidou:

— N-Não. Você é?

E aquele foi o início da amizade deles.

Namjoon e Hoseok conversaram por horas – pareceu muito tempo na cabeça infantil deles –. Hoseok contou o porquê de estar ali: ele tinha brigado com o irmão que estava cuidando dele por se sentir rejeitado –, até que a mãe do mais velho apareceu, vermelha de tanta preocupação. O Jung – na época Kim – se recusou a ir embora sem que tivesse o número de Namjoon para marcarem de sair, e quando ele passou o contato de seu pai, ambos foram embora, jurando nunca perderem contato.

E não perderam, porquê Kim Namjoon e Jung Hoseok sempre cumpriam suas promessas, não importava a idade que tinham.

Mas fazia muito tempo desde que Namjoon começou a cumprir suas promessas, ainda mantendo segredos que não conseguia como revogar.

Kim Taehyung era um deles.

Era quase duas horas da tarde, e ele estava em uma clínica desconhecida no norte de Seul, onde ninguém com plano de saúde chegava. O sol estava forte do lado de fora do grande prédio hospitalar com aparência de abandonada, e ele conseguia ouvir o pequeno som de carros se movimentando pelas ruas, em direção a seus destinos após um horário de pico. Em sua coxa, um pequeno caderno repousava, onde ele fazia pequenas anotações de minuto em minuto, enquanto conseguia sentir sua mochila batendo em seu tornozelo. Seus dedos também batucavam nos própria joelhos, sentindo seu coração se acelerar e seu estômago se revirando, perguntando-o o motivo para estar demorando tanto para ser chamado.

Merda, uma ressonância não demorava tanto.

— Senhor Kim? — quando ele ouviu a voz o chamar, seu coração parou por um segundo, antes de retomar o movimento. Ao por os olhos no homem na entrada do corredor, ele sabia que as coisas não tinham ido bem. — Por favor, me acompanhe.

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