Capítulo 5 - Hoseok

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Hoseok não mentiu quando disse que iria para a casa de Namjoon após a escola, e Namjoon também não mentiu quando disse que ele poderia ir para a casa dos Kim quando quisesse, porque era praticamente da família. A questão era que: Jung não avisou seus pais, e também não pretendia. Ele queria ter aquele momento longe da família, por pelo menos uma noite.

Hoseok caminhava silenciosamente pelas ruas de Seul quando se dirigia à casa dos Kim. Seu corpo inteiro se mantinha encolhido dentro das roupas quentes, seus olhos vagavam para os lados quando ouvia o som de veículos e o adolescente suspirou aliviado ao notar estar no bairro que tanto conhecia, ajeitando a postura enquanto ia até a porta, dando duas rápidas batidas, como era de seu feitio desde criança. Ele ainda usava o uniforme, embora o casaco de inverno estivesse posto sobre o seu blaser e o cachecol amarrado desleixadamente escorregasse por seu pescoço. O céu já não estava mais claro, e a noite começava a chegar, constrastando com a casa pintada de amarelo mostarda, dando-lhe um aspecto sombrio que não combinava com seus donos.

— Oi. Entre, está frio — Namjoon apareceu na porta, ainda usando o uniforme da Palan Haneul que se tratava de uma camisa polo azul pastel por baixo do sobretudo aberto.

— Oi, Nam. Obrigado — o adolescente sorriu, retirando os sapatos sujos na porta junto com o casaco, pendurando no armário de madeira. — Como foi seu dia?

— De boa — ele deu de ombros, indo até a cozinha. Hoseok o seguiu. — Está com fome? Estou fazendo lámen.

— Eu aceito. Acho que vai ajudar com o frio — Namjoon assentiu, abrindo dois pacotes do macarrão antes de jogar na água quente. Hoseok notou o ambiente silencioso demais. — Cadê a Nayeon?

— Na casa de uma amiga. Disse que não vai voltar hoje — o mais novo por alguns meses revirou os olhos, fazendo Hoseok rir. Era engraçada a maneira que Namjoon ficava quando a irmã caçula saía, embora fizesse o mesmo.

— É por isso que você tá tão calado? Tá com ciúme da sua saeng? — ele brincou, mas Namjoon não sorriu. Hoseok se preocupou, seu melhor amigo nunca ficava daquela forma. — Nam? Está tudo bem?

— Nós... — ele hesitou, e Hoseok notou aquilo. — Não temos mais dinheiro para pagar o tratamento da halmeoni — ele sussurrou, enquanto sua voz se tornava rouca. Hoseok suspirou, entendendo o que estava acontecendo. — É provável que ela tenha que vir para cá, mas não teria ninguém para cuidar dela... E você sabe como o Alzheimer deteriora o cérebro dela e... Ela não pode ficar sozinha, ela é como um bebê.

— Eu sinto muito, Nam. Eu sinto muito mesmo — e realmente entendia. Hoseok era acostumado com a morte, em seu estado mais cru.

— Minha mãe está tentando conseguir um segundo emprego para pagar as dívidas — ele riu, embora Hoseok conseguisse ver a lágrima escorrendo por sua bochecha cor caramelo. — Mas você sabe como funciona, Hobi. Ela mal tem tempo para nós, imagina se arrumar outro serviço? Na-Nayeon precisa dessa figura materna, ela só tem quinze anos! Eu sei que ela me ama, mas não é igual... — o roxeado fungou, esfregando a palma da mão nos olhos enquanto mexia o lámen com o hashi de madeira. — Você sabe que não é.

— Eu sei, eu sei — o moreno assentiu. — Mas seria provisório, hm? Seria até ela conseguir quitar as dívidas que seu harabeoji deixou... Não seria para sempre — Hoseok sorriu. — E Nay é uma menina tão, tão doce... Ela entende as coisas, Namjoon. Ela não é burra, então não a trate como tal. Não a trate como se ela não tivesse opinião própria, porque ela tem.

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