Capítulo 3

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"Será que sempre te dei mais do que eu tinha
Será que fiquei vazio por te dar minha vida
Será que naquela noite a luz da luz era tua
E agora preciso dessa luz para minha noite escura.

Ainda não te esqueci, mas vou
Ainda sinto frio quando ouço sua voz
E é como te arrancar depois de te beijar
E de fazer tantas vezes, mas tantas vezes amor com você
Ainda não te esqueci, mas te esquecerei..."

****

Maria demorou uns dez minutos para responder a mensagem, mas Estêvão sabia que ela aceitaria. Quando sua resposta positiva chegou, ele logo se animou e pôs-se a preparar tudo para que tivessem um jantar agradável e tudo conforme ela gostava.

Cerca de uma hora e meia depois a campainha tocou, era ela. Estêvão morava no Leblon, o mesmo bairro em que ficava seu restaurante e no mesmo bairro do colégio onde Maria trabalhava. Poucos metros separava um lugar do outro.

Maria nunca era anunciada pelo porteiro. Como era conhecida pelos funcionários do prédio, subia direto, assim como Estêvão em seu edificio. Eles tinham a chave do apartamento um do outro, mas como não moravam sozinhos, prefiriam não entrar direto. Raras eram as vezes que isso acontecia.

- Maria, meu bem - falou ao abrir a porta - estava ansioso pela sua chegada.

- Desculpe a demora, sabe como é o trânsito esse horário. - Disse sorrindo. Maria sempre sorria quando estavam juntos.

- Imaginei. Vem, entra. - Estêvão deu passagem a ela e pegou sua bolsa, pendurando-a. - Ah, deixa eu ir logo dizendo: você está linda, para variar, não é mesmo.

- Nem me arrumei muito, mas obrigada, adoro ouvir essas coisas de você, mesmo sabendo que não sou a única. - Declarou, deixando claro seu incômodo pelo jeito simpático demais do amigo.

- Não seja desagradável, meu bem. - Forçou um sorriso. - Se acomoda aí que já vou servir nosso jantar.

Apesar de o relacionamento dos dois ser "moderninho demais para o meu gosto" como diria a mãe de Estêvão (obviamente ela não sabia o que acontecia entre ambos, até porque ela ficaria indignada, mas certamente ela diria isso se tratando de outra mulher) Maria sabia que ele se envolvia com outras mulheres, e ele desconfiava que ela fazia o mesmo, apesar de nunca terem falado abertamente sobre o assunto.

Maria era muito ciumenta quanto as amizades, e quando se tratava de Estêvão, detestava o fato de ele ser um mulherengo de marca de maior, mas isso não era uma regra para estarem juntos, cada um se envolvia com quem quisesse.

- Aqui está a comidinha da mulher mais linda desse mundo. - A serviu com um prato repleto por uma macarronada bastante convidativa.

- Hum - inalou o aroma - o cheiro está ótimo!

- Fiz aquele macarrãozinho que você ama. Só não sei se vai gostar, porque isso aí é uma bomba de calorias. - Se acomodou à sua frente.

- Não dá para recusar, você faz mágica com as mãos! Hum - bastou apenas uma garfada para o semblante de Maria se transformar. - Está uma maravilha, como sempre, né. Você bem que podia me contar qual é seu ingrediente secreto.

- Só se eu te matasse depois. - Riram. - Não adianta, Maria, esse segredo você não tira de mim.

- Poxa. - Fez biquinho. - Bom, de qualquer forma não seria útil mesmo, você sabe que sou um desastre na cozinha.

- Eu quis te ensinar, mas você sempre foge.

- Não é questão de querer, é uma questão de dom. Você tem e eu não.

Amor nas EntrelinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora