Capítulo 15

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"Já dizia eu

Muito bom para ser verdade

Tão bonita, tão sedutora, tão sensual

Que coincidência que só assim comigo

Assim mesmo comigo.

Você prometeu que nunca iria embora

Você me disse que era só minha

Você jurou que eu era o melhor da sua vida.

Um dia eu vi que você não só disse isso para mim

Que seus lábios eram meus e de outros mil

Que meu coração estava certo

Aquelas noites em que duvidou de você

Eu tenho que aceitar que eu senti

Mas foi terrível quando descobri

Que com todos você é sempre assim

Tão bonita, dedicada e fácil..."

****

Todo o corpo de Maria entrou em colapso. Não conseguia se mexer, pensar, raciocinar e mal respirava. Sentia que uma onda violenta vinha de encontro ao seu corpo, levando-a para onde quisesse, sem dar a ela a oportunidade de se salvar.

A imagem daquele homem parado à sua frente trazia de volta coisas que ela queria esquecer, coisas que habitavam no lugar mais oculto do seu ser, coisas das quais ela se envergonhava, e maldizia com toda sua força o dia que ele cruzara seu caminho.

Mas ele sorria, contrastando sua atitude apavorada. Sorria de forma pretensiosa, como se conhecesse Maria melhor que ela mesma, sorria de forma tão perversa, como se dissesse a ela tudo o que ela não queria ouvir.

— Você vai ficar aí me olhando com essa cara de assustada, ou vai me convidar para entrar?

— Sai daqui! – Silabou, tentando se recuperar do baque. – Vai embora daqui! – Sua voz se elevou.

— Sem antes levar um papo com você? Não, não, não, meu bem.

Maria até tentou fechar a porta e se livrar daquele inoportuno, mas antes que ela pensasse em agir, Martim meteu o pé entre a porta e o caixilho, impedindo que ela fechasse, e sem muito esforço, adentrou à casa, para desespero de Maria.

— Por que você voltou, hein? Como conseguiu meu endereço? Como conseguiu subir? – Gritou, parada na entrada, vendo-o se acomodar, como se estivesse em sua própria casa.

— São muitas perguntas, meu bem, mas vou responder todas. – Ele se deitou no sofá, e com as pernas cruzadas, olhava Maria, despreocupado. – Número um: – indicou o número com o dedo – voltei porque estava com saudades da mulher mais bonita que já conheci – Maria revirou os olhos – número dois: – repetiu o ato, mas com dois dedos – Estêvão, muito solícito, me deu seu endereço...

— Estêvão?! – O cortou apressada. – Você já viu Estêvão?

— Já, e ele continua o mesmo, não é, apaixonado, jogado aos seus pés. Não vai magoá-lo de novo, hein. – Deu uma piscadela. – E, por fim, número três: – mexia os três dedos, provocando-a – eu disse ao porteiro que era seu irmão e queria fazer uma surpresa, o bobinho acreditou. Se eu fosse você, reclamaria com o síndico, que história é essa, deixar qualquer um subir assim, sem saber quem é? – Riu.

Amor nas EntrelinhasWhere stories live. Discover now