Capítulo 25

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“Havia esperado por você

Toda a eternidade

E nessa tarde de abril

A espera chegou ao final

Já não posso deixar de pensar em você

E te amar, mesmo que não esteja aqui.

Somente, somente

Um minuto foi suficiente

Para te querer

Com só um segundo

Nos demos conta que era para sempre

Não posso esconder, não posso evitar

Estar ao seu lado, me faz sentir diferente...”

****

Enquanto seus olhares estavam compenetrados um no outro, o mundo à volta parecia sofrer uma grande explosão. Uma mentira havia os separado e agora, essa mesma mentira acabara de ser destruída.

Maria, que na noite anterior ensaiara várias vezes como contaria o que descobrira para Estêvão, perdeu a fala. Sua boca se abrira em vários momentos, mas em nenhum deles as palavras tiveram forças para atravessar a garganta. Estêvão, contudo, parecia ter sido atingido por uma força muito superior a ele, e agora não sabia onde estava, o que dizer e como agir. No fim, ambos tinham sentimentos parecidos.

 — Você nunca me traiu. – Disse uma vez mais, caminhando até onde Maria estava assentada, e lá, a fitava de pé. – Tudo não passou de uma armação.

Maria confirmou, não muito consciente de seus atos. A voz de Estêvão ainda era branda.

— Esse tempo todo você era inocente, esse tempo todo ele sabia e fez você acreditar em algo que nunca aconteceu. Eu vou matar esse desgraçado, infeliz! – Sua voz ia subindo gradativamente.

— Entendo sua raiva, pois compartilho do mesmo sentimento. – Ela se levantou. – Durante dez anos, dez anos – enfatizou – ele me fez acreditar que eu – batia contra seu peito – havia posto fim na nossa história. Dez anos carregando um fardo que nunca existiu. Ah, como eu odeio o Martim! – Gritou.

— Mas se ele está pensando que vai sair ileso dessa história, ele está muito enganado. – O ódio transbordava dos olhos de Estêvão.

— O que está pensando em fazer? – Temerosa, ela perguntou, segurando seu braço.

— Vou voltar para o Rio agora mesmo. Esse infeliz vai ver com quantos paus se faz uma canoa.

Totalmente fora de si, Estêvão tentou sair da casa, mas Maria com sua pouca força o deteve. Na verdade, ele só continuou no seu lugar para entender o que se passava em sua cabeça, pois ela não conseguiria segurá-lo ali contra sua vontade.

— Você não vai fazer isso. – Ela afirmou, certa do que dizia.

— Não vou fazer o quê?

— Você não vai fazer nada contra o Martim, não vou permitir que você suje suas mãos com esse imundo.

— Desculpa, Maria, mas dessa vez não vou atender seu pedido.

Mais uma vez ele tentou se retirar, mas Maria usou um pouco mais de força para o impedir. A paciência de Estêvão já estava se esvaindo – a que ainda lhe restava.

Amor nas EntrelinhasWhere stories live. Discover now