Capítulo 4

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“Porque no amor sigo sendo um tolo
Sempre cometo o mesmo erro
E quanto menos você me dá, mais eu me apaixono
Porque no amor sigo sendo um tolo
Me acho inteligente, sem razão
Mas meu coração vence e eu te dou tudo
E eu te dou tudo...”


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A aposta que Maria e Ananda fizeram viera muito a calhar. Maria sabia bem que, por mais que ainda estivesse muito zangada com o amigo, aquela birra não duraria muito, e agora, tinha um motivo sólido para ficar longe do mesmo, pelo menos por setenta e duas horas.

Cheia de e-mails para enviar, e outros problemas para resolver, ela decidiu que em casa não era o melhor lugar para estar no momento, ainda mais com Ananda falando abobrinhas no seu ouvido, então, achou melhor ir para a escola, pelo menos lá ela era respeitada, e não teria que falar com ninguém como seu melhor amigo era um belo cafajeste.

— Bom dia, diretora. – Fernando Rangel, comumente chamado de Rangel na escola, apareceu com a cabeça na sala dos professores, onde Maria se instalara. – Não sabia que a senhora estava aqui.

— Bom dia, professor Rangel – Maria o respondeu um tanto envergonhada, ainda se lembrando do episódio das horas anteriores – entra. – Ela espantou os pensamentos, e sorriu, tentando parecer normal. – Aproveitei que os professores estavam em aula e vim trabalhar aqui, a iluminação daqui é melhor que da minha sala. – Explicou. – E o senhor, o que faz aqui? Pelo que eu saiba, hoje não é seu dia aqui.

— Ah, não, não – ele deu alguns passos e parou repousando as mãos numa das cadeiras da grande mesa dos professores – esqueci um livro aqui e vou precisar dele na outra escola.

— Entendi. Então fique a vontade para procurar, finja que não estou aqui.

Fernando assentiu e desviou sua atenção de Maria. Enquanto o professor procurava seu pertence, Maria não conseguiu evitar que pensamentos inapropriados a invadissem. Ela o observava discretamente enquanto buscava pelo objeto. O homem em questão era atraente à sua maneira, e muitas mulheres facilmente se jogariam aos seus pés. Alto, presença marcante, educado, sorridente, adjetivos que fariam qualquer uma ficar de quatro.

Lembrou-se das palavras de Estêvão, e achou que ele não passava de idiota por falar algo tão sem fundamentos. Claro que aquele homem a via somente como uma colega de trabalho, bom, se ele realmente tivesse algum tipo de interesse, fora muito comedido, pois ela jamais percebera nada anormal. É, Estêvão estava vendo coisas onde não existiam.

— Não está aqui. – Disse fechando seu armário. Rapidamente Maria expulsou aqueles pensamentos, tentando manter o foco na conversa, que não era nada mais que uma conversa formal entre colegas.

— Será que não é aquele ali do lado da cafeteira? – Sugeriu.

— Ah, é ele sim! – Pegou o livro demonstrando satisfação. – Bom, obrigado diretora. Agora tenho que ir, senão me atraso para aula.

— De nada. Tenha uma boa aula.

— Obrigado mais uma vez. – Ele caminhou até a porta, mas antes de abrí-la, voltou-se para Maria novamente. – A senhora está muito bonita hoje, quero dizer, não só hoje, mas hoje, em especial, está ainda mais.

Amor nas EntrelinhasWhere stories live. Discover now