Capítulo 6

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“Sei que tem mais alguém que está procurando pelo seu amor
O que é normal
Que você está no seu direito
E eu não posso evitar

Mas não o beijes como a mim
Mas não o toques nunca assim
Pois eu nunca beijo como a ti te beijo
Quando tropeço por ai

Mas não o olhes como a mim
Não o acaricies nunca assim
Para o seu bem, eu digo isso
Porque se você fizer
Vai se lembrar de mim...”


****

A imagem de Estêvão parado a poucos metros fez Maria se assustar. A feição que ele portava a deixou em alerta, ele trazia consigo uma cara não muito amigável. Apenas alguns segundos foram suficientes para que Maria e Fernando se afastassem. Ela tentou manter a calma, afinal, não fazia nada de mais, o professor parecia um pouco mais preocupado, pois não sabia em que território estava se metendo.

— Eu só estava tirando um cisco que caiu no olho dela. – Fernando se adiantou, sendo simpático.

— Não estou falando com você! – Estêvão foi rude.

— Ele só estava tirando um cisco do meu olho.

Maria confirmou o que seu colega havia dito, mas Estêvão continuava na mesma.

— Estou te esperando no carro para almoçarmos. – Simplesmente virou as costas, caminhando em direção ao estacionamento.

— Não vai esperar o Gui? – Perguntou.

Estêvão se voltou a ela, já estando alguns metros de distância:

— Não, o pai dele vem buscá-lo. – Depois da resposta, ele sumiu de vista, deixando um clima pesado entre os dois que ficaram.

— Lamento o ocorrido – Fernando seguia Maria, que havia entrado na sala dos professores – não queria causar nenhum transtorno entre você e seu namorado.

— Ele não é meu namorado – o encarou – Estêvão é só meu amigo.

— Para um amigo, ele se incomodou demais com a nossa proximidade. – O professor comentou, deixando sua xícara sobre a mesa. – Ele é assim com todas suas amizades?

Maria ignorou a pergunta do colega, pegando seu pertences e caminhando em direção à porta.

— Bom, já vou indo, até mais, professor. – Deixou um acena de cabeça, e uma curiosidade rondando a cabeça de Fernando.

Maria deixou a sala um pouco envergonhada com o episódio, mas não tinha certeza do quê exatamente estava com vergonha. Poderia ser pelo papelão de Estêvão na frente de um colega seu, ou por seu amigo tê-la visto com o motivo da última discussão dos dois. De qualquer forma, aquela não fora a melhor sensação que já sentira.

Quando chegou no carro, ele estava à sua espera, ainda com cara de poucos amigos. Estêvão seguiu em silêncio durante o curto percurso da escola ao restaurante, deixando Maria falando sozinha em todo ele.

Estêvão não fazia questão de esconder sua má vontade. Estava sendo grosso com Maria, somente a respondia, dava a entender que não queria estar ao seu lado, pelo menos não naquele momento. Maria contudo segurava a onda, tentava manter a calma, para não tornar as coisas piores entre eles.

— Não tem um dia que esse restaurante mão enche! – Ambos já se encontravam à mesa almoçando. – Você deve ficar muito orgulhoso.

— Sim. – Seus olhos encaravam qualquer outra coisa, menos Maria.

Amor nas EntrelinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora