Capítulo 17

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"Como fui me apaixonar assim por você

Sempre soube que não era para mim

Eu jurei que poderia controlar meus sentimentos

Como fui me apaixonar assim por você

Eu jurava que nada podia me machucar

Mas agora estou morrendo por você.

Estou morrendo por você...

Está bem, não te conto mais nada

Só te peço agora para não cruzar os olhos

Ok, você disse preocupada

Que nunca faria algo que me machucaria..."

****

Maria não soube disfarçar sua surpresa à pergunta, contudo, sua feição não denotava preocupação, pelo contrário, a pergunta de Esther havia desencadeado em Maria uma vontade de rir consideravelmente grande, mas ela apenas deixou escapar um risinho de lado.

— Não entendi sua pergunta, Esther. – Lentamente, Maria se assentou, deixando seus olhares na mesma altura.

— Minha pergunta foi muito simples, Maria. O que há entre você e Martim? – Esther era toda calma.

— Não há nada entre mim e o amigo do Estêvão. – Deu de ombros.

— Agora tenho que certeza que existe ou existiu algo entre vocês. Percebeu como acabou de falar dele? – Ela arqueou uma sobrancelha. – O que aconteceu?

— Não aconteceu nada, Esther! – Maria se levantou, alterada, e marchando, foi para o meio da sala. – Queria saber aonde você quer chegar com toda essa insinuação.

— Eu não sou cega, Maria – Esther girou sobre a cadeira, continuando a conversa – e nem idiota. Suas últimas atitudes te condenam. Ah, meu irmão concorda comigo.

— Estêvão?! Ele suspeita de algo? – Perguntou, visivelmente perturbada.

— Sim. Maria, sei que não somos melhores amigas, e tenho motivos para querer você bem longe do meu irmão, mas sei ser uma ótima ouvinte. Se quiser, pode se abrir comigo

— Não tem o que dizer. – Maria desviou seu olhar do dela, um tanto incomodada com aquela conversa.

— Tem certeza? Pode confiar, não conto a ninguém, nem mesmo ao Tê.

Maria tornou a encará-la, e assim elas ficaram durante alguns segundos. O silêncio havia se instalado e só se ouvia distante dali o burbúrio dos alunos. A diretora pôs-se a procurar na estante um livro qualquer, na intenção de se livrar da pergunta de Esther, em vão, pois sentia os olhos da cunhada ardendo em suas costas.

Cerca de dois ou três minutos se passaram, e então Maria tornou à sua mesa, e de pé, encarou Esther.

— Eu o odeio com toda minha força.

Declarou com sangue nos olhos. Por pouco, os olhos de Esther não saltaram.

— V-você o... Odeia? Mas... Por quê?

— O motivo não interessa. Odeio Martim, odeio sua existência, odeio sua voz, enfim, odeio tudo que tenha a ver com ele. Satisfeita?

— Claro que não! – Bradou. – Desde quando surgiu esse ódio todo?

Amor nas EntrelinhasWhere stories live. Discover now