Capítulo 14

214 16 48
                                    

"Você caiu do céu

No momento preciso

Certamente algo bom devo ter feito

E minha recompensa foi você

Você caiu do céu

Eu te vejo e não acredito

Desde aquele dia não há nada que eu possa pedir da vida

Tendo seu amor

Que bênção que você veio

Agora vou cuidar de você

Porque eu te amo, você é minha vida e meu céu..."

****

Maria não escondeu a surpresa em sua face. Conhecia Esther há anos, mas podia contar nos dedos quantas vezes ela tinha posto os pés em seu apartamento. Ela hesitou um pouco antes de dar passagem à visitante, chegou até pensar em inventar alguma desculpa e encerrar o assunto ali mesmo, mas a preocupação visível no semblante de Esther a fez desistir da ideia.

— Claro, Esther. Entra.

Esther entrou, e mesmo tímida, parecia decidida no assunto que a levara ali. Seu uniforme indicava que vinha do trabalho, e como Maria conhecia sua escala, sabia que aquele não era seu horário de saída. Esther havia usado seu intervalo para aquela conversa, dando ainda mais importância ao assunto.

— Sente-se, fique à vontade. – Fechou a porta e observou ela se acomodar. – Quer beber alguma coisa? Água, café, chá? Tem umas cervejas das meninas também, se quiser.

— Não precisa se incomodar, não pretendo demorar.

— Então, sou todo ouvidos, mas já imagino o motivo dessa conversa. – Maria se sentou e, colocando uma almofada em seu colo, repousou as mãos sobre a mesma.

— Ótimo, assim não preciso enrolar, posso ir direto ao ponto.

— Certo, eu prefiro assim.

— Então, Maria – suspirou – você não sabe qual a sensação de ter um irmão mais novo e querer protegê-lo, acima de tudo, mesmo vivendo em constantes discussões.

— Não sei que sensação é essa porque não tenho irmãos mais novos, mas isso não quer dizer que não tenho o mesmo sentimento pelos meus irmãos.

— Não duvido disso, mas é diferente. Provavelmente você nunca se meteu numa briga de escola para defendê-los, ou inventou uma mentira para os seus pais para acobertá-los, mas com certeza eles já fizeram isso.

— É, isso já aconteceu algumas vezes. – Discretamente, ela desviou o olhar de Esther, constrangida.

— Claro, porque é isso que irmãos mais velhos fazem, cuidam dos mais novos, mesmo os odiando na maior parte do tempo. Maria, eu amo Estêvão – ela iniciou seu discurso se aprumando e colocando uma mecha solta do cabelo atrás da orelha – para mim ele não é apenas um irmão, ele é meu melhor amigo, meu confidente, meu porto seguro. Ele esteve do meu lado em todos meus momentos difíceis, sempre me ajudou com o Gui, na verdade, ele parece ser mais pai dele do que o próprio pai, e é por isso que eu não quero ver meu irmão sofrer.

— Entendo sua preocupação, Esther.

— Entende mesmo, Maria? Você foi a protagonista dos piores dias da vida dele, agiu como se não se importasse, e depois voltou como se nada tivesse acontecido.

Amor nas EntrelinhasWhere stories live. Discover now