Capítulo 4 • vem em casa!

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Antes de tudo, eu gostaria de dizer que esse capítulo contém diálogos 🔞. Não contém nenhuma cena de sexo, mas os diálogos são um pouco pejorativos.
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Allan fez um esforço para abrir os olhos ao sentir seu celular vibrando no bolso da calça. Quando os abriu, levou um susto. Estava deitado no peito do amigo, o abraçando, enquanto ele também dormia e a mensagem enorme da Netflix "tem alguém assistindo?" estampava a TV.
Se afastou rápido e com vergonha, e atendeu o celular. Era sua mãe.

— Alô? Mãe?
— Allan, onde você está? Já são 20:00! Você disse que viria jantar em casa, eu fiz comida!
— Caramba, me desculpa mãe... Eu nem vi a hora passar. Eu já estou indo.
— Você já jantou?
— Não.
— E seu amigo?
— Também não.
— Quer chamá-lo pra dormir aqui?
— Tem certeza?
— Sim. Venham logo, a comida está pronta.

— Era a sua mãe? — Julio pergunta ainda de olhos fechados, com sono.
— Sim. Ela disse pra você ir comigo e dormir em casa. — Allan falou se levantando.
— Sério? — Julio perguntou surpreso.
— Sim. Pegue suas coisas.
— Vou conversar com a minha sogrinha hoje... — Julio falou irônico.
Allan não falou nada, mas riu.

— Obrigado pela comida, estava uma delícia! — Julio falou feliz para a mãe de Allan, indo para o quarto com ele.
— Que bom que gostou! — ela falou com um sorriso.
— Vai tomar banho primeiro, eu vou depois. — Allan falou e então Julio foi.

Os meninos já tinham tomado banho e Allan ajudou Julio a arrumar o colchão no chão pra ele dormir.
— Está com sono? — Allan perguntou assim que deitaram.
— Não... — Julio falou rindo. — Você está?
— Não... Eu tava dormindo até agora.
— Eu também...
— Nossa... O seu vídeo do tiktok deu muito like... — Allan falou se lembrando de quando tinha assistido o vídeo.
— É... Parece que o pessoal gosta de ver a gente junto. — Julio falou se lembrando de quando ele fez a brincadeira. — Acho que queimei todos os seus esquemas! — ele falou rindo.
— Quem me dera eu tivesse algum esquema... — Allan riu.
— Quer dizer que eu tenho você só pra mim? — Julio falou não conseguindo segurar a risada.
— Idiota... — Allan riu. — Eu é que devo estar queimando todos os seus esquemas.
— Tá nada... Só tenho olhos pra você. — Julio falou sorrindo.

Julio gostava de brincar desse jeito com Allan, fazia eles se sentirem mais a vontade, por mais que soubesse que tinha um fundo de verdade nelas. Julio sabia que era normal querer dar carinho pros amigos, se conhecia e sabia que era uma pessoa carinhosa, mas com Allan era diferente. Allan não gostava desse tipo de coisa, mas com ele, aí não ligava e até retribuía, por mais ríspido que fosse. Gostava de olhar para o amigo, gostava de tê-lo por perto, de o ver rindo, de o ver bravo, e acima de tudo, amava vê-lo constrangido por conta de alguma brincadeira "romântica" que Julio fazia.
Julio era bom em decifrar sentimentos, principalmente os seus próprios. Se considerava hétero, mas jamais impediria se rolasse algo. Sabia que no momento não estava apaixonado, mas não podia ter certeza do futuro.

Allan, por outro lado, estava pisando em ovos consigo mesmo. Era hétero. Ponto final. Não queria nem pensar em se apaixonar por um garoto. Ele gostava de meninas, tinha certeza. Mas não podia negar que quando Julio sorria tudo em sua volta se iluminava. Não podia negar que gostava de quando Julio o abraçava por trás e dava beijos mesmo que por brincadeira. Não podia negar que gostava da forma como Julio era sensível, da forma como ele se preocupava, da forma como ele fazia de tudo para lhe agradar... Amava o amigo, não queria imaginar não ter mais sua amizade. Não era seu melhor amigo, mas sentia que gostava dele de forma diferente. Sempre faziam coisas juntos e se sentia incomodado quando Julio fazia essas mesmas brincadeirinhas com outras pessoas. Nada de errado nisso, certo? Ciúmes de amigo, claro. Eram amigos, isso era amizade...

— Sério, você é um idiota. — Allan falou rindo.
— Amanhã eu posso ficar pra almoçar? Eu prometo que não vou dar trabalho pra minha sogra. — Julio falou com um sorriso, imperceptível por conta do breu no quarto.
— Estava mesmo cogitando ir embora antes de almoçar? Que falta de educação, Julio... Nem comente isso com a minha mãe. — Allan falou rindo.
— Não... É que eu não queria incomodar. Sua mãe deve ser ocupada e ficar hospedando um moleque aqui não deve ser tão prazeroso... — ele falou se culpando.
— Como eu já tinha dito, sua sogra que te chamou. Ela gosta de você, não se preocupe, você jamais atrapalharia. Se atrapalhasse eu diria. — Allan falou em partes brincando, para ver como Julio reagiria.
— Ai, Allan... — Julio falou dando um sorriso envergonhado, rindo tímido.
— O que foi? Não gosta quando eu diga que você é meu namorado? Vem cá, deixa eu te dar uns beijinhos. — Allan falava rindo, e então se jogou para o colchão de Julio, caindo em cima do amigo, que riu, mas reclamou de dor.
Allan então começou a puxá-lo e a beijar o rosto de Julio, brincando. Julio ria, e apenas escondia o rosto. De beijos no rosto todo, Allan então começou a fazer cócegas no amigo, que se debatia rindo e tentando empurrá-lo.

Tinha ficado envergonhado. Extremamente envergonhado e tímido. Tudo bem ele fazer essas brincadeiras com Allan, mas quando era Allan que fazia, ele só conseguia ficar tímido e com vergonha. Não conseguia continuar normal, era como se Allan o "quebrasse", de certa forma. Julio se "desmontava" quando Allan entrava na onda. Por outro lado, Allan entrar na onda não era comum. Allan ria, mas em si, odiava esse tipo de brincadeira. Ele não gostava e sempre pedia pros amigos não fazerem porque se sentia desconfortável, mas com Julio ele gostava, gostava e retribuía.

Quando Allan finalmente parou, exausto e suado, Julio disse ofegante:
— Se sua mãe entrasse aqui agora, exatamente nesse instante, ela acharia que estávamos transando.
— Você é o cara mais idiota que eu já conheci na vida! — Allan falou rindo, se aconchegando no colchão ao lado de Julio, que foi para o lado, dando espaço.
— Amanhã a gente podia sair com os meninos, né? — Julio fala animado.
— Eu tenho EAD amanhã cedo... Mas a gente pode a tarde, se eu não tiver tarefa. — Allan falou não querendo que o amigo fosse embora de sua casa.
— Ah... Então... Amanhã enquanto você fica na aula, é pra eu ficar aqui fazendo o que? — Julio perguntou confuso.
— Se masturbando pra eu ficar te olhando. — Allan falou sério, e por um instante ficou um silêncio constrangedor, mas logo os dois gargalharam.

Allan podia tentar se enganar o quanto quisesse, mas não a Julio. Julio sabia muito bem sobre sentimentos, e sabia que lá no fundo, mesmo que quase imperceptível, tudo que Allan falava de forma irônica, já tinha sido pensado sóbrio.

— Fica mexendo no celular, assistindo TV, qualquer coisa que não me atrapalhe. — Allan falou.
— Droga, não vou poder te mamar? — Julio falou irônico.
— Eu sei, eu sei... Também vai ser difícil pra eu resistir, mas não pode, Julio. — Allan falou irônico, rindo, e então os dois riram.
— Tem uma menina no tiktok que disse que você é o passivo revoltado e eu o ativo otimista, tipo Naruto e Sasuke. — Julio comentou, rindo forçadamente.
— Por que você o ativo? — Allan foi direto ao ponto, impaciente.
— Ué? Você se opõem? — Julio perguntou segurando o riso, surpreso.
— Claro! — Allan fala nervoso. — Todo mundo sabe que o Sasuke é o ativo também! Todo mundo sabe que o revoltado é o ativo e o otimista é o passivo.
— Meu deus, Allan... — Julio falou querendo rir. — Você está totalmente errado...
— Ah, é? Então por que acha que eu sou o passivo? — Allan perguntou indignado, se sentando e encarando o amigo no escuro.
— Eu te conheço melhor do que você se conhece, Allan... — Julio falou com um sorriso, e então virou de costas para o amigo, com sono.
— Já vai dormir? Eu não acredito nisso... No meio de um debate seríssimo, e você vai dormir? — Allan fala indignado.
— Debate seríssimo? — Julio riu. — São os fatos, mo... Espera só pra ver...
— Tá maluco? Vira aqui que a gente vai conversar! — Allan falou extremamente constrangido.
— Dorme, Allan. Você tem aula amanhã cedo. — Julio falou e então pegou a mão dele e a puxou para si, fazendo automaticamente Allan ser a conchinha maior. — Quer que eu segure sua mão pra você dormir?
— Idiota... — Allan falou irritado e então se virou de costas para o amigo. — Você é que é o passivo! — resmungou.
Julio apenas sorriu internamente com o que o amigo acabara de fazer e então caiu no sono.

Amava o jeito como Allan se irritava fácil, e amava ainda mais as atitudes bobas que Allan tinha irritado. Era engraçado, ele realmente estava sendo muito mimado por Julio. Droga, eu criei um monstro! Julio pensava e sorria para si mesmo.

Continua...

Friends • Allan e JulioWhere stories live. Discover now