Capítulo 5 • Acerto de contas

6.7K 518 475
                                    

— Mas o que é isso? — os dois escutam berros no quarto, e então abrem os olhos assustados. — Levanta daí agora, Allan!
Quando Julio realmente acordou, todo assustado, percebeu a situação em que estava.

Deitados os dois no colchão, Julio abraçava Allan por trás, fazendo conchinha. Julio se afastou rapidamente e Allan se levantou correndo.

— Desculpa, mãe... A gente só pegou no sono enquanto conversava. — Allan explicou.
— Não quero saber! Se eu quisesse que vocês dormissem juntos eu dava a minha cama! Não iria mandar pegar um colchão pra ele se fosse pra vocês dormirem juntos! — a mãe dele falou brava. — Vão logo tomar café. Já são 08:10.
— 08:10? Por que não me acordou? Minha aula começa 07:40! — Allan falou e então foi correndo pegar o notebook e entrar na aula. — Depois eu tomo café.
— Vem você comer então. — a mãe de Allan falou brava para Julio, e então saiu do quarto.

Julio tinha se assustado, não queria criar problemas... Mas como aquilo foi acontecer? Allan deveria ter ido dormir na sua cama! E por que diabos acordaram abraçados? Se bem que... Não podia negar que estava gostoso. Estava aconchegante. Abraçar Allan era como abraçar um ursinho de pelúcia. Estavam dormindo tão tranquilos... Julio ficou curioso pra saber como seria se eles acordassem sozinhos daquele jeito. Allan surtaria!

Julio olhou para Allan, confuso, esperando sua confirmação antes de ir comer.
— Tudo bem, vai lá comer. Quando acabar você volta pra cá. Traz algo pra mim depois? — Allan falou tranquilo, bocejando.
— Tá... — Julio falou e então foi.

— Onde está a mãe de vocês? — Julio perguntou para a irmã de Allan, que tomava café na mesa da cozinha.
— Ela tá passando roupa. Senta aí, vou pegar as coisas pra você. — ela falou e então se levantou com preguiça.

Julio não sabia onde enfiar a cara. Tinha certeza de que ela tinha ouvido a gritaria, ou pelo menos de que a mãe do amigo tinha contado.

— E então... Vocês dois... — ela insinuava, colocando o saco de pães e o resto das coisas na mesa.
— Não! Não, de forma alguma. — Julio negou rapidamente.
— Mas dormiram juntos? — ela perguntou sem entender.
— Não é o que está pensando. Não rolou nada, nós só estávamos conversando e pegamos no sono, acabamos dormindo juntos porque Allan ficou no colchão comigo.
— Mas pelo que eu entendi, vocês estavam dormindo de conchinha... — ela falou baixinho para a ninguém ouvir.

Julio sentiu seu rosto corar de vergonha. Nunca tinha ficado em uma situação tão constrangedora. Queria se enfiar embaixo da mesa e não sair mais.

— É... Eu não sei como isso foi acontecer, mas acho que tudo bem, somos amigos... — Julio falou, torcendo para que a menina parasse de lhe interrogar.
— O Dani sempre vem dormir aqui e eles nunca acordaram agarrados daquele jeito! — ela falou desconfiada.

Agora sim Julio tinha ficado envergonhado. Sua alma saiu do corpo e voltou. Sentia que iria desmaiar a qualquer momento, e sentia que seu rosto estava tão vermelho que estava parecendo que tinha ficado no sol direto por uns 2 dias. Tinha ficado sem palavras, não sabia o que dizer.

— Tudo bem, eu tô brincando, não precisa ficar com vergonha assim. — ela falou rindo. — Se você me diz que são só amigos, eu acredito.
— Obrigado... — Julio falou pegando um pão e passando maionese para colocar presunto e queijo.

Ela terminou de comer e ficou mexendo no celular, então Julio também terminou e fez um lanche para Allan. Colocou o presunto e o queijo, e cortou a casca do pão de forma. A irmã de Allan observou aquilo com atenção. Julio não tinha cortado a casca quando estava comendo.

— Com licença, eu posso esquentar no microondas? — Julio perguntou, apontando para o lanche.
— Claro. — ela respondeu, ansiosa para ter certeza de que ele levaria o lanche para seu irmão.

Julio colocou o lanche no microondas e o esquentou por 30 segundos. Quando tirou, deu uma olhada e viu que o queijo não tinha derretido por completo, então colocou-o novamente no microondas e acrescentou mais 10 segundos. Viu que tinha derretido por completo e então retirou e colocou em cima da mesa, e o cortou na diagonal, no formato de triângulos.

— Está fazendo isso pro Allan? — ela perguntou com um sorriso.
— É... Ele pediu pra eu levar algo pra ele. — Julio falou com um sorriso.
— Sabe que ele comeria até se você levasse o pão e o queijo frio, né? — ela perguntou desconfiada, com um sorriso.
— Ah, eu sei que ele gosta do queijo bem derretido e que ele não gosta muito da casquinha do pão... — Julio falou sem graça.
— Uau... — ela falou confirmando suas suspeitas. — Parece que você é bem íntimo do Allan...
— Eu me esforço pra agradá-lo... — Julio falou com um sorriso tímido, indo em direção ao quarto com o prato na mão.
— Por isso em triângulos? — ela perguntou com um sorriso, entendendo tudo.
Julio virou-se para ela, envergonhado, e então disse, sem graça:
— É...
— Cuide bem do meu irmãozinho, Julio. — ela falou e então Julio foi para o quarto.

— Caramba, como você demorou! — Allan falou enquanto tirava os fones de ouvido e Julio lhe entregava o lanche. — O que foi? Por que está com essa cara?

Julio então tinha percebido que Allan fingiria que aquele momento nunca aconteceu. Uma pena, queria falar sobre. Queria ver como ele passaria a tratar Julio, mas ele simplesmente tinha decidido ignorar.

— Nada, eu só tava conversando com a sua irmã. — Julio falou tentando se controlar, sério.
— Com a minha irmã? — Allan perguntou sério também, encarando Julio.
— É. — Julio falou se sentando na cadeira da mesinha e cruzando os braços, o enfrentando.

Allan estava sentado na cama com o notebook no colo, e tinha colocado o pratinho do lanche que Julio trouxera em cima da cama. Encarava o amigo de forma duvidosa. Estava com ciúmes? De Julio ou de sua irmã? Não sabia dizer.

— O que falou com ela que chegou todo envergonhado? — Allan perguntou se irritando.
— Eu não tenho que te contar. — Julio falou com um sorriso debochado, rindo do ciúmes que Allan jamais admitiria.
— Vai ficar de segredinho agora? — Allan perguntou nervoso e então Julio começou a rir. — Não é pra ficar dando trela pra ela! Você veio pra ficar aqui comigo! Não tem que ficar com ela! Me conta logo o que vocês conversaram.
— O que? É isso mesmo, Brasil? Allan Jeon está com ciúmes? — Julio falou rindo.
— Claro que não! — Allan falou revirando os olhos. — Não seja patético...
— Bom, sendo assim, acho que vou voltar pra lá... Ainda tenho muito o que conversar com ela... — Julio falou se levantando, segurando o riso.
— Você quer morrer? Sério, me responde: você quer morrer? Porque eu acho que é isso que você quer. — Allan falou bravo, cruzando os braços.
— Daqui a pouco eu volto, Allan... Presta atenção na aula. — Julio falou sorrindo e então mandou um beijinho pro amigo.

Allan ficou emburrado, não queria que o amigo fosse. Julio tinha voltado envergonhado, o que sua irmã tinha feito? Com certeza ela deu em cima dele... Nossa, eu vou matar ela! Quem ela pensa que é pra dar em cima do meu amigo? Eu vou lá agora trazer o Julio de volta.

— Julio, para! Não vai lá... — Allan falou quase que em pânico, com a voz trêmula.

Ao ouvir aquilo, Julio vibrou. Ele está chorando? De ciúmes? Não estava acreditando naquilo, não podia fazer aquilo com ele, por mais que Allan merecesse, não conseguiria fazer isso.
Voltou no corredor e colocou a cabeça na porta do quarto. Viu Allan o olhando desesperado, mas não tinha nem sequer levantado da cama. Julio soltou um suspiro, revirou os olhos. Foi até o amigo, que o seguiu com os olhos e o abraçou. Um abraço breve. Allan nem se moveu, ficou apenas esperando para ver o que o amigo diria. Julio sabia que Allan não se desvencilharia do abraço, Allan estava querendo atenção. Se afastou do abraço com um leve sorriso e então se abaixou e deu um beijinho na testa do amigo, que ao perceber que ele realmente voltaria pra lá voltou a ficar agitado.
Allan não fez nada em relação aos carinhos, não afastou, não reclamou, apenas sentiu, com saudade, e carente. Julio tinha percebido que era aquilo que ele queria, e gostava ainda mais do amigo por isso.

— Se você sair Julio, não volta mais. — Allan falou fazendo birra, ao ver o amigo indo até a porta de seu quarto.
— Calma, amor... Eu não vou dormir de conchinha com ela igual dormi com você hoje. — Julio falou e deu uma piscadinha, e então saiu rindo, deixando o amigo vermelho igual um pimentão, todo envergonhado na cama.

— Oi... Posso entrar? — Julio perguntou envergonhado, cabisbaixo.
— Entre. — a mãe de Allan falou sem nem olhar para o menino, enquanto passava roupa.

Continua...

Friends • Allan e JulioМесто, где живут истории. Откройте их для себя