Capítulo 24

87 13 2
                                    

Sal bateu na porta de madeira silenciosamente. A placa vermelha de ‘KEEP OUT’ não ajudou as borboletas em seu estômago. Ele não tinha ideia de quem iria abrir a porta. A doce zeladora - Lisa? - disse a ele que seu filho tinha a mesma idade. Isso pode significar qualquer coisa. E, caramba, ele não sabia como era Nockfell ainda. E se o filho dela fosse um esquisito conservador superassustador? E se o filho dela tivesse na verdade 12 anos?

Confiar no primeiro adulto com quem conversou provavelmente não era a jogada mais inteligente. Mas ele não tinha muitas opções. Seu pai não o queria no apartamento. Ele estava ‘atrapalhando o desempacotamento’. Ele ‘precisava ir se ocupar’. Então seu pai o enviou para falar com as pessoas. E a primeira pessoa que conheceu foi Lisa.

E agora ele estava aqui.

Ele bateu novamente. Houve uma resposta desta vez.

"Sim?"

Sal levantou a mão para mexer no cabelo. “Ei, uh, Larry? Sua mãe disse que eu deveria vir dizer oi. Acabei de me mudar para o 402.”

“Oh, ei! Entre! A porta está aberta!" Uma voz falou pela porta.

Estava realmente aberta. Sal respirou fundo antes de girar a maçaneta.

O quarto estava bagunçado. Tão, tão bagunçado. E havia pôsteres em cada centímetro das paredes. Pinturas, acabadas e mal tocadas, estavam espalhadas e cobertas com cores e imagens obscuras. Cheirava fortemente a tinta e madeira de pinho, queimando instantaneamente os olhos de Sal e seu nariz quebrado. Música tocava ao fundo, alguma canção de rock dolorosa e estridente de uma caixa de som de aparência mais velha. Tudo era opressor, e ele cerrou os punhos para evitar que se transformasse em uma confusão de choro e espasmos.

Então ele percebeu Larry.

A princípio, Sal pensou que devia haver um engano. Havia um menino, mais ou menos uma cabeça mais alto do que ele, que definitivamente não poderia ser um calouro. Ele já parecia que a puberdade o havia chutado no rosto. Ele tinha cabelo ao redor da metade das costas e estava se movimentando pelo quarto com os braços cheios de materiais de arte. Seus grandes olhos castanhos estavam focados, e sua língua mal saía da boca em concentração.

O menino parou por um segundo quando chamou a atenção de Sal. Ele piscou com força e depois abriu um sorriso gigante. "Ei!"

"Oi..." Sal disse, sua voz embargada de nervosismo.

"Bela máscara!" Ele disse alegremente, virando-se para soltar todos os seus suprimentos em sua cama de solteiro.

Sal franziu a testa. “É prostética.”

“Oh. Merda. Me desculpe, cara!" Ele correu os dedos pelos cabelos, seus olhos castanhos desviando o foco por um momento. Sal percebeu a lacuna de seu dente, grande o suficiente para passar um cartão de crédito, e a verruga em sua bochecha. E seu nariz pontudo. Ele parecia tudo menos convencional, não que Sal tivesse espaço para falar. Mas ele gostou.

"De boa." Sal enfiou as mãos no bolso do moletom. “Já estou acostumado a coisas muito piores agora. Então, estou feliz que você gostou dela." Ele olhou para seus pés.

Larry se inclinou um pouco mais perto. Sal sentiu seu rosto esquentar. “Então... você, tipo, não tem rosto aí embaixo? O que aconteceu?"

Sal ficaria ofendido. Sal deveria ter ficado ofendido. Mas havia algo no tom sincero de sua voz. Ele obviamente não queria fazer mal. “Prefiro não falar sobre isso.” Ele gaguejou. Ele esperava que não parecesse zangado.

"Ok, mudança de assunto." Ele acenou com a cabeça, ainda sorrindo calorosamente. Nada sobre ele estava vacilando. “Eu sou Larry. Eu moro aqui com minha mãe.”

Nós Não Temos Que DançarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora