Capítulo 29

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Sal abriu os olhos lentamente, piscando com força enquanto o sol se filtrava pela janela de seu quarto de infância. Ele gemeu e puxou o edredom vermelho sobre a cabeça, escondendo o rosto da luz. Ele olhou para seu corpo magro e pálido. Por um momento, ele teve certeza de que estava no colégio novamente. Acordar no seu antigo quarto fez isso com ele mais de uma vez. Acordar, sentindo essa mistura estranha de pavor e animação por ser jovem de novo, e então tendo seus vinte anos lhe dando um tapa na cara quando olhava para seu dedo tatuado.

Antes de sair do quarto, ele colocou um curativo na tatuagem.

E ele colocou seu rosto de plástico também.

O apartamento estava exatamente como ele o deixou quando se mudou. Entediante. Pleno. Não havia muita decoração, pois não era típico de Henry ser espalhafatoso. Ele era simples, chato e sem graça, assim como o apartamento. Seus pés com meias arrastaram-se pela madeira no corredor até a cozinha.

O som de pratos sendo lavados deu as boas-vindas a Sal. Henry estava de costas para ele enquanto esfregava com a esponja, cantarolando uma canção estranha enquanto guardava a louça uma por uma.

"Oi." Sal resmungou.

Seu pai saltou ligeiramente ao som de sua voz, espirrando água sobre o balcão. "Você está acordado!" Henry se virou. "Jesus, você é quieto como sempre. Você sempre foi um pouco..."

"Invisível?" Ele ergueu uma sobrancelha.

"Sorrateiro." Seu pai disse com firmeza.

Sal se jogou na cadeira de madeira à mesa. "Sim. Tanto faz." Ele murmurou.

Minutos de silêncio se seguiram. O tilintar de pratos era o único ruído. Isso deixou Sal inquieto.

“Sal...” Henry deu uma pausa enquanto guardava um prato limpo. "Você sabe que não precisa usar a máscara ao meu redor."

Ele não respondeu. Ele apenas ficou sentado lá.

"Eu sinto que não consegui ver você esse tempo todo. Escondido em seu quarto, nunca tirando a máscara.” Seu tom era brincalhão, mas seus olhos eram cheios de preocupação.

Sem resposta.

Henry tentou novamente. “Você deveria ir para a cidade hoje! Pegar um pouco de café. Andar poraí."

"Por que?"

"Já se passaram três dias e você talvez tenha comido algumas torradas quando não estou em casa. Talvez. Acho que devemos tentar recuperar o ânimo!” Ele disse. “Aqui, quer saber? Pegue meu cartão. Passe um dia só seu. E esta noite... se você estiver disposto, eu adoraria levá-lo para jantar no antigo restaurante esta noite." Ele sorriu. "Como nos velhos tempos."

Sal apenas deu de ombros. "Certo. Eu acho." Ele podia ouvir a voz de Ash na parte de trás de sua cabeça dizendo que um dia fora seria bom para ele. Mas ele também podia ouvi-la chamando-o de idiota. "Eu, uh, provavelmente deveria comer."

Realmente se passaram três dias? Parecia um século, mas de alguma forma como se ele tivesse acabado de chegar na noite anterior. O tempo é estranho quando seu coração está partido. O tempo ficava ainda mais estranho depois de se recusar a ligar o telefone. Travis estava entrando em contato com ele por e-mail, mas nada do que ele disse implicava que já haviam se passado três dias.

Três dias sem comida. OK.

"Sim. Vá até a cafeteria! Arranja algo bom. Tenha um dia divertido." Henry acenou com a cabeça. “Sabe, Maple e Chug estão de volta à cidade! Eles vão ficar com a família de Maple. Ouvi dizer que o bebê dela nascerá a qualquer momento. Eu vi a mãe dela outro dia no supermercado, tenho certeza que eles adorariam ver você- "

Nós Não Temos Que DançarWhere stories live. Discover now