Um encontro esperado

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Suspiro encarando o reflexo da mulher que sou hoje, era mais uma manhã tranquila e de temperatura agradável, faria sol. A primeira coisa que constato ao me ver é o corpo coberto apenas por uma lingerie branca, meus cabelos avermelhados cobriam o colo do pescoço próximo aos seios. Dou um passo chegando mais perto do espelho ajeitando meu cabelo.

Em minha mão uma aliança dourada reluzia trazendo a esse momento uma bela recordação, eu caminhava ao seu encontro em um dia que escolhermos celebrar o nosso amor, a verdade era que eu queria correr para os seus braços e beija-lo por toda a eternidade. Foi tão especial estar na sua frente e recitar diante de todos como somos fortes e como lutamos. Que foi necessário a perda, nos perdemos para enfim nos reencontramos e sermos completos. Penso na felicidade dos meus pais e como foi bom dividir cada momento daquele dia com minha irmã, lembro das palhaçadas do Pietro que só queria nos expor perante a todos. Maluco e um grande amigo.

Todas as etapas que Thiago e eu vivemos ao longo de todos os anos, nossa amizade, minha ida sem despedida e seu abraço que sempre me deu alento e cuidado. Um filme passou por minha mente quando estava parada no meio da sua sala com minha mala rosa e minha mochila azul, eu estava complemente perdida durante os terríveis anos e só foi encontrar seus olhos e me aconchegar em seus braços para enfim estar em casa. Quantas coisas vivemos depois dessa noite, quantas lições aprendi e ensinei também. As lágrimas o medo, os empecilhos da vida e as decisões tomadas.

Hoje vivíamos num caos nem um pouco doloroso ao contrário, gostávamos das risadas e das músicas fora de hora. Amávamos ver os sonhos de todos nascendo e aos poucos ganhando forma, cuidamos da República com tanto carinho e ainda fazíamos parte do BeU esse lugar especial e essencial para todos.

Passei por muita coisa e já senti todo o tipo de emoções que se possa imaginar, amor, medo e desespero. Culpa. A maldita culpa que me corroeu por anos a fio, vazio que logo foi preenchido com força e coragem. Mas nada, nada se compara a essa imensidão de sensações. Meus olhos marejam a medida que minha mão desce por minha pele até tocar em um ponto específico.

Minha boca treme, era uma suspeita só uma possibilidade que faz meu coração já transbordar de amor e carinho, Thiago e eu completaríamos um ano de casados, mais um ano juntos. Sorriu, um ano em meio a tantos que vivemos juntos, seja em uma fazenda ou separados pelo mundo. Ainda sim juntos.

Seco uma lágrima quando escuto o ranger da porta, Thiago estava voltando de mais uma de suas corridas o vejo entrar no banheiro através do espelho sem camisa e com os olhos cravados em mim.

Thiago: Bom dia meu amor. – suas mãos tocaram meus ombros. – Está bem?

Viro ao seu encontro e uno nossos lábios, como eu o amava, sua mão passeia pelo meu corpo enquanto ele me trazia para mais perto de si. Meu coração batia tão descompensado e minha respiração estava tão irregular.

Ana: Eu estou sim. – me afasto só o suficiente para fixar meus olhos nos seus. – Como foi a corrida?

Thiago: Muito boa, mas faltou você senhora Kunst. – tremo um pouco. – Te amo, está tão bonita.

Me limito a sorri pois sou incapaz de falar ou fazer alguma coisa. Thiago me sonda com os olhos me conhecendo o suficiente pra saber que tinha algo diferente no ar, cadê as palavras?

Ana: Thiago eu.... – tento pescar as palavras mais elas fogem de mim.

Thiago: Que foi flor? – a curiosidade estava explícita. – Ana?

Viro novamente para o espelho, seus olhos fixam naquele ponto e eu me perco na imagem que se reflete, poderia não ser e isso me dava um pouco de tristeza já que amo só fato de poder estar. Estava tudo ali, o sono excessivo e o cansaço fora do normal. A fome que aumentou e até alguns pequenos enjoos, à dias eu evitava tomar suco de maracujá.

Ana: Eu amo você. – pego sua mão, melhor do que expor minha dúvida era mostra-la, por isso desço sua mão até ela tocar o centro do meu ventre. – Eu acho que estou grávida.

Aquele olhar de novo, o mesmo que eu vi quando estava sobre o abraço dos meus pais ou quando voltei a cantar em cima de um palco. O olhar que demonstrava amor puro em sua essência.

Thiago: Acha? – a voz mal saiu devido a emoção.

Ana: Acho. – ele me vira delicadamente. – É uma possiblidade meu amor e eu quero que descobrimos juntos.

Ando até uma das gavetas que fica debaixo da pia e tiro uma embalagem, um teste. Eu o havia comprado ontem e depois de muito divagar sobre o que fazer decidi guardar para que vivemos essa experiência juntos. Sempre juntos.

Minutos mais longos da minha vida, meu coração agitado e eu andada de um lado para o outro como se esse ato acelerasse o tempo. Thiago como sempre único me chamou com as mãos a estar com ele em seus braços, e se eu não estiver? Se for um engano, não. Não era, eu não sabia que queria tanto até estar aqui na espera. Encaro o Thiago temerosa.

Thiago: Meu amor. – ele como sempre sabia o que se passava dentro de mim. – Não fique com medo, se estiver seremos as pessoas mais felizes do mundo.

Ana: E se eu não estiver?

Thiago: Significa que ainda não é a hora. – disse carinhoso. – Podemos tentar, eu amo tentar. – tive que rir.

Ana: Sempre sabe o que me dizer. – o beijo rapidamente e pego o bastonete. – Thiago! – o cutuco.

Meus olhos transbordam em lágrimas e o amor se transformam em dois riscos vermelhos, dois riscos que mudam minha vida a enchendo de um sentimento tão arrebatador que minhas pernas fraquejam. Sou amparada por sua força, doçura e amor. Um novo amor.

Thiago: Está grávida Ana. – sou tirada do chão em meio ao riso. – Já me faz feliz de todas as formas possíveis, mas hoje e agora você está tão linda meu amor. – sua mão tocou minha barriga. – Um bebê nosso.

Ana: Um bebê. – rio por entre as lágrimas.

Passo minhas pernas em volta da sua cintura enquanto ele caminha até nossa cama, estou tão feliz que é expressar. Thiago me coloca devagar sobre a cama e seu corpo cobre o meu, os beijos começam a ser depositados no meu pescoço e carinhosamente vai descendo até minha barriga onde ele demora.

Thiago: Eu amo você e prometo ser o melhor pai do mundo. – fecho os olhos aproveitando as carícias.

Ele se volta até sua boca cobrir a minha, nos amamos nessa manhã e foi tão diferente de todas as vezes, o cuidado os olhos mais brilhantes o sorriso repleto de amor de adoração. Um amor mais maduro. Me agarro mais a ele que faz um carinho em meu braço, fecho os olhos aproveitando a manhã. O dia começa a ganhar vida dentro da República, era só aguçar mais os ouvidos que se podia ouvir o as vozes dos moradores, era hora de levantar.

Thiago me convida para tomar banho juntos, o clima de surpresa e comemoração nos rodeava. Havia um mundo de perguntas e até um pouco de receio, eu queria ir até minha mãe e pedir seus conselhos e experiências. Minha família eu não via a hora de contar para eles.

Quando estávamos prontos descemos para a cozinha e eu estava morrendo de fome, Pietro como sempre em uma conversa particular com suas panelas e sobre a bancada um maravilhoso e exagerado café da manhã.

Thiago: Comida para um batalhão? – sento reparando em como o Pietro está elétrico.

Pietro: Estou nervoso e sabe o que acontece né. – sabíamos ele exagerava ao cozinhar. – Bom dia Ana está diferente, mais bonita não sei. – reprimo o sorriso. – Fiz suco de maracujá quer um pouco?

Respiro fundo olhando para a jarra em cima da bancada e meu estômago protesta nem um pouco animado, olho para o Thiago desolada e agradecida quando ele tira o suco levando para a geladeira. Pietro não notou o ato pois estava mais concentrado em tirar uma travessa com vários bolinhos do forno.

Ana: Porque está tão nervoso? – meus olhos até brilham ao ver os bolinhos. – Hum isso aqui está ótimo.

Thiago: E quente também. – colocou na minha frente um copo com suco de morango.

Pietro: Estou com saudades da Daisy. – sentou em um dos bancos.

Thiago; Daqui três dias ela estará aqui.

Tínhamos um sonho em conjunto que era o BeU e todos nós lutamos por ele, mas havia também os sonhos individuais. Daisy estava realizando o dela a alguns meses quando foi convidada a ser coreógrafa em uma companhia de dança, foi uma apresentação que rodou por toda Argentina. E em uns dias estaria de volta.

Pietro: Eu sei é por isso que eu estou surtando. – rimos ele era uma figura. – Qual a programação pra hoje?

Ana: Tenho que dar aula em duas horas. – mastigo o bolinho, estava tão bom.

Thiago: Vou resolver algumas coisas com a Pixie e por falar nisso estou atrasado. – se levantou e meu deu um beijo. – Te amo.

Volto a comer meio aera, grávida eu estou grávida. Não via a hora de contar para todos. Depois de comer e ajudar o Pietro vou para a sala e organizo minhas partituras para dar minha primeira aula, vejo o Jandino passar e o cumprimento, Guilhermo também aparece no meio da manhã.

Me despeço do meu último aluno do dia, porém não deixo o piano, toco com todo o amor que carrego dentro de mim. O som preenche a sala e me entrego a música de olhos fechados, a música vai chegando ao seu final e quando toco a última tecla escudo palmas. Thiago estava no sofá com os olhos fixos em mim.

Thiago: Linda. – saiu do piano e vou até ele sentando no seu colo.

Ana: Nem ouvi você chegar. – estávamos diferentes de um jeito encantador.

Thiago: Não era pra ouvir. – brincou. – Queria apreciar a mãe mais linda tocando. – mordo a boca, mãe. – Te trouxe um presente.

No sofá tinha uma pequena caixinha azul, a pego atenta aos detalhes. Abro e com cuidado tiro o pequeno par de sapatinhos vermelhos e eu não sabia se ria ou chorava então o abraço.

Ana: É lindo. – me separo apenas para beija-lo. – Eu amo você......

Decidimos passar em uma primeira consulta antes de contar para todos e quatro dias depois estávamos diante do meu médico quê sorria ao dizer que eu já estava com oito semanas, ele nos deu todas as orientações e como funcionária o pré natal e eu tive que rir quando o Thiago perguntou se dava para saber o sexo. Ainda estava cedo mas o coração esse eu podia ouvir.

Cada batida apressada fazia meu amor trasbordar ainda mais se é que era possível, tinha uma vida dentro de mim que a cada dia se desenvolvia, como eu a esperava.

Thiago: Olha como é forte. – ele fazia um carinho em meus cabelos. – Puxou você Ana. – suas palavras tocaram minha alma.

Saímos do consultório médico com um sorriso no rosto e fomos comer alguma coisa porque fome era o que eu mais sentia ultimamente, paramos em um restaurante e enquanto esperávamos listávamos tudo o que o médico disse.

Thiago: Eu estou aqui pensando e se fizéssemos um jantar para todos?

Ana: Soltamos a bomba e deixamos todos surtarem?

Thiago: Você entendeu o espírito.

Foi exatamente o que fizemos, despachamos o Pietro da cozinha e nós dois cozinhados ou melhor tentamos, no fim deu certo e a cozinha ficou uma tremenda bagunça. Todos não entendia muito bem o porquê do repentino jantar, mas de todos uma única pessoa me olhava de uma forma distinta única. Seus olhos cintilaram em sabedoria. Mães, elas sempre sabem de tudo.

Daisy: Vai qual é a novidade? – disse empolgada, como eu estava com saudades dessa minha amiga.

Bia: Helena vai fala logo. – disse quase pulando do sofá. – Thiago o que está pegando?

Olho para minha mãe e para o meu pai, depois encaro minha maninha e a família que constitui na República. Manuel e Luan estavam em expectativa. Por último meu olhar recai no meu amor e pisco o incentivando a contar.

Thiago: Ok. – fez um charme deixando todos em polvorosa. – Ana e eu vamos ter um bebê.

Eu queria poder guardar na memória todas as reações, meu pai repleto de orgulho, mamãe que veio me abraçar em seguida. Daisy que fez uma dancinha maluca e o Pietro que veio com suas prioridades anunciando que seria o padrinho e que por cima estragaria a criança. Luan com seu jeito de sempre e o Manuel que abraçava minha irmã.

Bia: Um bebê? – seus olhos revelava todo o seu amor. – É a notícia mais linda do mundo Helena. – veio me abraçar.

Alice: Parabéns ao novos papais.

Mariano: Parabéns meu amor. – o abraço carinhosamente.

Os dias passaram e se transformou em semanas, Thiago que já era cuidadoso ficou ainda mais. O pessoal do BeU e os moradores da República celebraram a notícia e nos desejaram muita sorte, gerar uma vida é gratificante e cheia de altos e baixos, meu humor mudou um pouco e nesses quatro meses se gestação eu tive muitos enjoos.

Acordo escutando uma conversa que parecia longa, estava mais para um debate na minha opinião. Thiago tinha sua mão sobre minha barriga que já estava um pouco visível e tentava entrar em um consenso com o bebê.

Thiago: Que tal hoje você deixar eu saber se é menino ou menina? – os dedos lentamente gelados contornavam minha barriga. – Nada de dar trabalho. – sorriu o fazendo notar que acordei. – Bom dia flor do dia.

Faço uma careta e ele vem ao meu encontro me colando contra seu peito, era assim todas as manhãs. A náusea e o mal estar vinha então eu ficava protegida nos seus braços por alguns minutos até que tudo parasse de girar. Thiago sempre foi tão companheiro e sempre perguntava como poderia ajudar, passamos por um susto quando semanas atrás eu tive um sangramento e ele foi tão forte, cuidou de tudo e me deu tanta certeza de que tudo ficaria bem. E ficou foi apenas um susto.

Thiago: Melhor? – disse depois de um tempo.

Ana: Sim. – respiro dando conta de que o enjoo evaporou por completo. – Será que essa criança vai deixar a gente saber o sexo?

Thiago: Eu espero que sim em. – se levantou. – Eu acho que é uma menina.

Ana: Já eu acho que é um menino. – vou para o banheiro tomar um banho.

Teríamos uma consulta com o obstetra e esperávamos que dessa vez o bebê colaborasse, quando estávamos prontos fomos tomar café da manhã, todos estavam eufóricos.

Pietro: Suco de maracujá pra mamãe mas fofa do mundo. – ele colocou o copo ao lado do meu prato. – Sorte sua que eu te amo bebê que será menina. Onde já se viu ficar com enjoo do meu tempero.

Ele ainda seguia inconformado com fato de que passei dias semanas evitando sua comida, ainda bem que estava passando. Como escutando sobre o novo projeto que todos participaram, fazia tempo que eles não colaborava assim todos juntos.

Daisy: Quem é o bebê mais lindo da dinda? – cumprimentou primeiro minha barriga depois eu, era assim agora. – Quando esse menino nascer vai ser uma festa.

Thiago: Vai ser menina. – ele e o Pietro fizeram um toque.

Manuel: Bom dia e vai ser menino. – realmente estávamos dividido.

Ana: O que acha que vai ser Luan? – ele acabava de chegar.

Luan: O bebê? – afirmo. – Uma menina é claro.

Ok esse era o impasse, Thiago junto com o Pietro, o Luan a Bia e minha mãe acham ou afirmam no caso que é uma menina. Agora eu o Manuel a Daisy e meu pai juramos que é menino.

Daisy: E como sabe disso?

Luan: Intuição. – brincou.

Antes da consulta fomos na casa dos meus pais, Bia estava lá com as amigas que fizeram suas apostas, um pouco antes de ir Bia me trouxe um presente.

Bia: Só abre depois que saber qual o sexo tá? – balanço a cabeça.

Dou um beijo em todos e nos despedimos indo para o consultório médico, quando chegamos lá fizemos os procedimentos básicos o médico disse que logo as náuseas sumiriam. Thiago sempre atento queria saber de todos os detalhes, tão presente como sempre.

Médico: Tudo certo Ana. – olhávamos para a tela do ultrassom. – Peso e o batimento cardíaco e olha parece que hoje é um bom dia pra saber o sexo. – ele era divertido. – Qual a aposta de vocês?

Thiago: Uma menina linda e cheia de energia como a mãe.

Médico: E você Ana?

Ana: Eu sou contraditória. – escutei o riso do Thiago. – Um menino.

Médico: Bom o que posso dizer é que essa criança vai ser linda e cheia de energia como a mãe.

De novo as lágrimas, menina. Uma menininha, não noto o médico nos dando privacidade só vejo o Thiago próximo a mim sorrindo abertamente, sua mão vem parar no meu rosto enquanto sento na maca, engulo em seco tremendo de felicidade.

Thiago: Quando me imaginei pai, sempre vinha uma garotinha na mente. – mal consigo enxerga-lo de tanta emoção. – Risonha como você.

Ana: Já eu imaginei uma criança com a sua cara. – ele beija minha testa. – Que tal uma mistura de nós dois?

Thiago: Perfeito.

Ele me ajuda a trocar de roupa e depois ouvimos as recomendações no meu médico, quando voltamos para casa pego o presente que a Bia me deu e o abro tomada pela curiosidade.

“Para Helena e Thiago, com todo o meu amor.”

Era um desenho de nós três e era tão especial, aquecia meu coração ser envolvida por seu amor, o desenho chamava atenção por si só,  era extraordinário, estávamos Thiago e eu junto com uma bebê. Sim uma menina.

Ana: Olha. – mostro o desenho para o Thiago.

Thiago: Lindo. – ele levou minha mão até sua boca a beijando. – Tem outra presente aí linda.

Procuro na caixa delicada e encontro um pequeno macacão rosa, é impossível não se emocionar. Tínhamos combinados que ninguém daria um presente temático antes de sabermos o sexo. E agora o primeiro presente pra nossa filha recebia foi dado pela minha irmã.

Ana: Vocês tinham tanta certeza.

Thiago: Como diz o Luan intuição. – sorrio.

Quando chegamos na República sabíamos que todos estaríamos lá, Pietro como sempre fez sua comida maravilhosa e todos estavam no espaço BeU. Muitas coisas vivemos aqui, penso no dia que contei minha história bem nesse mesmo lugar. Do medo do julgamento da dor e de como eu não estava bem, do abraço dos meus amigos. Do Luan e do meu amor assistindo tudo. Penso também no dia que me debulhei em lágrimas porque tinha magoado o Thiago e como eu estava temerosa em perder sua amizade. Hoje eu contava bem aqui nesse espaço único que Thiago e eu lutamos pra manter, novo capítulo dessa nossa jornada.

Ana: Bia? – ela sorriu. – Eu amei o seu presente. – era um bom jeito de contar. – Né meu amor. – me viro para o Thiago.

Thiago: Sim, é lindo e nossa filha gostou muito.

Milhões de abraços foi o que recebi e durante os meses que seguiram aprendi tanto sobre maternidade, Thiago e eu montando e decoramos com toda a alegria do mundo. Tantos presentes essa pequena garotinha, em muitos momentos tive que conter o Thiago que não podia ver nada que já comprava. Acho que ele perdia só para meu pai ele estava alucinado. Ela ainda não tinha chegado pra conhecer esse mundo mas já estava sendo coberta de amor.

Thiago: Olha Ana.

Foco no trabalho terminado, as roupinhas lavadas e passadas estavam guardadas e o quartinho era repleto de cor e lembrava muito uma e Helena novinha. Pego o desenho da que minha irmã fez e coloco sobre a cômoda.

Ana: Está perfeito. – sento em uma poltrona. – Essa bebê precisa de um nome.

Estávamos indecisos sobre o nome e embora tivéssemos milhares de opções nenhuma parecia certa ou combinava, aderimos até a sites e revista de nomes. Thiago que ajeitava um quadro na parede se virou e piscou pra mim.

Thiago: Estava pensando em um nome. – esperei. – Alissa significa nobre, respeitosa e majestosa. Mas também significa uma garota decidida, curiosa e cheia de energia. – ele veio até mim. – Uma mistura perfeita de quem somos, Thiago e Ana. – meu sorriso foi involuntário. – Helena.

Ana: Alissa Kunst. – testo gostando de como soa. – É perfeito.

Levanto para ser recebida por seu amor, beijo seus lábios repetida vezes. Eu nunca cansaria do seu toque, da sua proteção e zelo e da sua amizade.

O tempo voou e com ele um dia extraordinário, ou melhor uma noite de geada as pontadas veio e com elas o pânico, as horas pararam e com ela a dor aumentou. Eu andava dentro daquela sala e toda vez que a dor parecia rascar meu corpo de dentro pra fora, eu escutava sua voz rouca no meu ouvido dizendo que era a mulher mais forte do mundo.

Ana: Eu to com medo. – digo assustada quando entramos no centro cirúrgico.

Thiago: Ei eu estou aqui com você. – eu sabia que sim. – Foi tão forte, incrível e todo esse tempo sonhamos com esse momento. Estamos aqui, nos reencontramos meu amor. – ele deu um beijo no topo na minha cabeça. – Agora é hora de encontrar nossa pequena Alissa.

Suas palavras proporciona a força que necessito, a cada pedido do médico eu apertava a mão do Thiago e o escutava murmurar o quanto me ama, a dor era descomunal e eu estava tão cansada.

Thiago: Você consegue meu amor....

Sempre ouvi por aí que a dor do parto e terrivelmente dolorosa e de fato é mas ao mesmo tempo que ouvia tais palavras ela vinham juntas com “É um dor repleta de amor” agora eu sabia a razão, ao escutar seu choro copioso e forte a dor estava e o amor ele sobressaía todo. Nunca na vida na tinha experimentado essa emoção, nada no mundo se comprara.

Ana: Thiago. – me assusto. – Minha bebê.

Médico: Calma mamãe. – me sinto um pouco confusa. – Já vai ter sua bebê, Thiago. - o chamou.

Ele de deixa por uns instantes que mais parecem horas, ainda podia escutar o choro baixo por todo o quarto e quando penso que nada no mundo pode superar esse momento o vejo com uma rouba hospitalar.

Thiago: Ana. – minha respiração estava irregular. – Nossa filha meu amor.

Um pacotinho ainda enrugada, com um pouco de sangue devido ao parto. Toco seu rosto como se esse pequenino anjinho fosse de porcelana, não resisto a olhar seus dedos tão delicado e uma razão desconhecida conto cada um.

Ana: Oi. – a voz embarga e a trago para senti seu cheiro de bebê. – Eu te esperei tanto. – sinto o Thiago beijar minha temporã. – Olha ela tem os seus cabelos.

Thiago: E o seu nariz. – a mão foi até o rostinho da nossa pequena. – Quando te vi tocar pela primeira vez me apaixonei. – eu amava escuta ele falar sobre esse tema. – Quando te vi no hall da República a paixão adormecida voltou com força, todos os dias aumentava ainda mais – ele agora brincava com os dedinhos da Alissa. – Quando disse que sentia o mesmo que eu o amor só cresceu, quando nos ferimos e nos perdemos o amor se transformou de novo e quando nos encontramos, pensei que fosse impossível te amar com mais intensidade. – seus olhos se voltaram para mim. – Porque eu te amo com tudo que sou e tenho, amo a Ana assustada, amo a Ana fujona e amo a Ana que tantas vezes se perdeu de mim. A corajosa e a Ana que é Helena, tão forte e tão inspiradora. Eu realmente pensei não dava mais e mais uma vezes você mostrou que sim. – beijou levemente meus lábios. – Eu amo você e amo o que nosso amor se transformou hoje, amo a vida que você trouxe ao mundo.

De novo as palavras somem e a única coisa que sou capaz de fazer é beijar sua boca e dizer milhões de vezes que o amo, não estávamos sozinhos e eu tive que deixar minha bebê por algum tempo, mal reparo quando adormeço por conta do cansaço e só desperto em um quarto normal do hospital, o Thiago disse que dormir por poucas horas e que meus pais e a Bia estavam loucos para nos ver.

A primeira a se aproximar foi minha irmã, os olhos marejados como o meu e repleto de amor. Foi nesse momento que a enfermeira trouxe nossa filha. Thiago me ajudou a sentar na cama mesmo eu achando que poderia correr uma maratona. Os três observava nossa interação com a Alissa.

Thiago: Bia? – ele sorria. – Vem cá. – minha irmã chegou mais perto enquanto coloco nossa filha em seu colo. – Porque não apresenta sua sobrinha para os avós?

Os olhos da garota que sempre encheu meu mundo de luz iluminou o quarto inteiro, Bia segurou a Alissa como se ela fosse seu mundinho Como eu a segurei anos atrás.

Bia: Mamãe. – parou em frente à nossa mãe. – Essa aqui a Alissa.

Ver os três babando de amor por nossa pequena não tem comparação. Thiago rodeia meus ombros e passa a ver a interação de todos, as palavras que minha mãe dizia tocou profundamente minha alma, mas ainda tinha outra parte da família que queria vê-la e os três se despediram.

Quando minha família da República entrou foi uma algazarra meio silenciosa, Daisy segurava a Alissa enquanto o Luan e o Manuel brigavam baixinho sobre com quem ela se parecia.

Pietro: Realmente uma mistura do dois.

Thiago: Aqui Pietro. – entregou nossa bebê pra ele. – Sua afilhada.

Pietro: Lindinha, vou te ensinar a cozinhar e a fugir pelo encanamento.

Ana: Nem pense nisso.

Todos ficaram mais um tempo até a enfermeira dizer que a visita acabou, Thiago foi para depois de muito protesta e de noite estava de volta. Ficamos dois dias no hospital e as enfermeiras e minha mãe nos deu ótimas dicas, quando a chegamos na República ela estava vazia a pedido do Thiago e insistência do Pietro. A verdade era que tínhamos que dar um jeito em como ficaria tudo.

Thiago: Está vendo Alissa. – ele a carregava com tanto amor. – Sua casa, mas ela não é um casa convencional. Aqui é a cozinha e vive lotada.

Ana: Espero que ela cozinhe melhor que os pais. – chego mais perto. – Te amo Thiago. – beijo seu rosto.

Thiago: Temos muito que mostrar para essa lindinha, mas a dois lugares que quero que ela veja primeiro mesmo que não entenda nada.

Concordo e subimos para o último andar, um lugar cheio de cor e com a identidade visual de cada um. Único onde só podemos ser nós mesmo.

Ana: Esse é o BeU. – toco o rostinho da bebê que não entende nada. – Tentaram nos tirar esse lugar e lutamos bravamente por ele, sua tia Bia vai amar contar como esse sonho nasceu, na verdade ela vai contar tudo.

Thiago: A com certeza, sua mãe e eu vivemos umas boas aventuras.

Ele continuou conversando com ela como se ela entendesse e talvez de fato compreendesse, mostrou fotos, contou histórias e logo descemos para a sala. Por um curto tempo fui esquecida por ambos, era um mundo particular deles. Vou até a cozinha beber água e quando paro no vão da porta que dividia a sala da cozinha me prendo a cena mais linda do mundo.

Thiago: Vai passar muito tempo aqui sabia? – ele estava sentando no piano passando os dedos nas teclas e ao mesmo tempo evitando fazer qualquer som para não assusta-la. – Escutando sua mãe tocar e até mesmo tocando com ela, no meu caso eu sempre gostei de observa-la e me perder nos seus olhos e contar também. Ela é minha professora e me ensinou a amar esse instrumento quando na verdade sugeri ter aulas...

Ana: Para ajudar uma amiga. – completo sua linha de raciocínio. – Sempre cuidando de mim, incentivando. – sento ao seu lado. – Me deu tudo Thiago, me trouxe de volta pra casa e com isso eu recuperei minha irmã e minha família mas principalmente, reencontrei comigo mesma. – o beijo rapidamente. – E de tudo que me deu o melhor está aqui nos seus braços.

O amor dos dois amigos em forma de vida, em forma de choro e sorriso e que só cresceria com o tempo. Aproveito o silêncio da sala, Alissa estava quase pegando no sono então canto baixo a música composta por nós dois, Thiago acompanha na mesma intensidade que minha voz e a garotinha de cabelos escuros como pai sorri em meio ao sono enchendo meu coração de mais amor......



Thiago.......

Coço meus olhos ao sentir pequenas e delicadas mãos apertar meu nariz, ao abrir de fato os olhos encaro a garotinha de cabelos até a altura dos ombros alguns cachos se formavam nas pontas. O nariz e os olhos eram da Ana o sorriso era meu assim como a covinha da bochecha, minha pequena corajosa a personalidade era uma mescla de nós dois embora os avós assegure que ela lembre a Ana quando era mais nova, espevitada.

Alissa: Bola papai. – olho para o relógio no criado mudo, sete e meia da manhã.

Thiago: Vem cá tampinha. – ajudo a subir na cama. – Que tal dormir mais um pouco?

Alissa: Eu trouxe a bola. – tento não rir.

Ela não dormiria mais então deixo a Ana dormindo e seguro a mão da garotinha de quatro anos, ela adorava basquete assim como eu e tinha sua própria mine bola. A República mudou nos últimos anos, alguns deixaram esse lugar, mas não deixaram de ser minha família. Só foram viver mais uma etapa de suas vidas.

Thiago: Uma cesta de três pontos? – ficou confusa.

Alissa: Vamos fazer a cesta? – ela ofereceu os braços.

Pego minha princesinha esportista no colo e dou a pequena bola de brinquedo. Ajudo ela a colocar no aro e quando cai a vejo bater palmas contente.

Alissa: Ponto da Alissa!

Thiago: Ganhou o jogo meu amor.

Como uma boa mistura nossa ela era apaixonada tanto pelo basquete quanto pelo piano e eu amava vê-las juntas por horas, Ana tocava e ela tentava a todo o custo apertar as teclas. Era tão fofo.

Por mais que alguns seguiram seu rumo o projeto de anos atrás ainda nos unia.

Ana: Foram jogar e não me chamaram?

Entrou na sala com os olhos brilhando e em busca da nossa fujona, se comum acordar com ela em nossa cama, coloco nossa pequena no chão para vê-la correr para os braços da mãe.

Alisaa: Mamãe eu fiz uma cesta bem legal.

Ana: É mesmo pequena? – apertou nossa filha nos braços. – Com fome? – ela negou. – Vamos jogar mais?

Alissa: Vamos mamãe.

Thiago: Bom dia linda. – a beijo.

Ana: Bom dia.

Nos beijamos rapidamente já que a Alissa queria atenção, ela amava contar mil coisas de uma vez. Nossa manhã era sempre uma aventura nova e logo os moradores acordariam  e o espaço BeU seria aberto para mais um dia, não importa os anos esse sempre seria um lugar especial.

Alissa: Papai o tio Pietro vem hoje? – eu adorava sua voz infantil.

Thago: Vem sim filha.

Alissa: Ebaaaaa ele vai me mostrar o encana. – não conseguiu terminar.

Ana: Encanamento filha? – ela assentiu no sofá. – Eu vou esganar o Pietro.

Thiago: Eu ajudo.

Ana: Vamos pequena, subir que vamos tomar banho.

Vejo as duas subirem conversando em uma língua só delas, como eu amava as duas e a vida que construímos ao longo do tempo. Eu agradecia por tudo que vivemos, principalmente pela perda. Porque as vezes para se encontrar é preciso se perder. E ao nos perdemos aprendemos uma lição que tínhamos esquecido a um tempo. Conversar.

Deixa eu te dizer.

Eu passaria a vida expressando meus sentimentos e dizendo o que sinto.


Fim........





♡Peguei vcs de surpresa não é? Estava relendo a fic e senti que precisava compartilhar mais algumas coisas sobre thiana de Dejame dicerte e aqui está. Espero do fundo do coração que gostem pois escrevi com todo o amor do mundo. Há eu chorei bastante ao detalhar esse momento especial que nosso casal viveu..............


Bjos e fui!

Déjame dicerte Where stories live. Discover now