Respiro fundo tentando acalmar meus ânimos, falar com um advogado, contar novamente tudo isso é horrível. E o pior é fazer tudo isso sozinha, sem a mão do Thiago a me amparar. Só eu o advogado e um delegado, estava feito, eu tinha dado o meu depoimento.
Não é uma coisa boa a ser feita, acusar alguém de mentir, eu me sentia péssima. Tento controlar minhas lágrimas, tudo ficaria bem. Isso era mentira, nada ficaria bem.
Ainda podia escutar a voz doce da minha mãe dizendo que me ama, ainda podia ver em seus olhos a preocupação. Vítima, ela disse que eu era a vítima em tudo isso. Mas existia um problema, eu não queria ser a vítima.Ao sair da delegacia abraço o Thiago em busca de me sentir melhor, mas seu abraço não aplaca toda a dor e confusão que está meu coração. Seguro sua mão e tento fingir que tudo está bem, o que se torna em vão. Ele me conhece como ninguém, ele sabe que nada está bem e ele mesmo assim respeita o meu silêncio.
Thiago: Vou ficar com você Ana – neguei – Não me deixa fora dessa.
Ana: Não estou deixando – fui para os seus braços – Mas você precisa resolver o problema com o BeU – ele fechou os olhos procurando se acalmar – Porque tudo tem que ser difícil? – ele não sabia responder – Porque ele não deixa o pessoal em paz?Thiago: Eu não sei meu amor – ele me deu um beijo – Eu não sei.
Depois da nossa noite em família cheio da mais bela calmaria, uma grande guerra começou e quem foi as pessoas mais atingidas? Nós! Marcos não nos deixou em paz e passou a atacar todos. Mentiras foram ditas, falsas denúncias foram feitas e derrubamos uma a uma. Mas estávamos sendo vítima de suas armações e isso estava nos cansando.
Carmin revidou, assim como a Dayse, Alex não conseguia se desvincular do seu pai e isso estava acabando com ele, todos nós estávamos enfrentando nossa guerra particular e parecia que estávamos perdendo.
Tento deixar o Thiago mais calmo para que ele possa ir resolver mais uma denúncia que foi feita, de novo o Marcos fez acreditar que havia muito ruído em volta da República e mais uma vez o Thiago mostraria que não.
Eu não estava bem, eu estava cansada de ser a vítima disso tudo. Eu odiava ser a vítima.
Saiu da República tentando buscar um pouco de ar e passo a pensar em tudo que está acontecendo, dez anos sendo uma outra pessoa, anos sem memória. Sem saber de nada, sem futuro, sem vida e quando eu começo a me reerguer. Eu lembro do meu nome, seco uma lágrima ao lembrar da felicidade que eu senti. Até saber que Helena Urquiza era uma assassina.
“Você é uma vítima nessa história.”
Estava lá para todos verem, eu era a responsável e agora. Agora eu era a vítima.
Eu não queria ser a vítima.
Ninguém quer ser e sabe porque? Porque é um lugar difícil de se estar.
Todos os anos onde eu mesma me acusei de ser culpada me vem a mente e isso me sufoca, procuro me amparar em um banco próximo e isso é o suficiente para eu desabar. Eu era culpada, tudo isso era minha culpa.
“Você é uma vítima.”
Uma dor que vem de dentro do coração rasga todo meu corpo e minha alma, é uma dor sufocante que me deixa sem ar e sem chão, era eu quebrando. Eu estava mais uma vez desmoronando, eu era só a vítima dessa cruel história.
Voltar pra casa doeu, saber que todos sofriam por minha causa era cruel e eu só os queria bem. Eu não conseguia entender, eu não conseguia aceitar todo o mal que eu fiz, não fazia sentido, mas a cada dia que se passava a culpa me corroía e quando eu enfim aceitei toda a culpa, eu descubro que ela nunca foi minha.
CZYTASZ
Déjame dicerte
RomansMinhas últimas palavras são Volta por favor Se você guardar rancor Eu não tenho pressa e eu sempre estarei te esperando Sempre estarei te buscando Só me diz meu amor Que ainda existe esperança pra nós dois