Uma conversa

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Com meu violão na mão, ainda podia sentir o seu abraço e podia contemplar a sua felicidade, não existia ninguém no mundo que queira a sua felicidade mais do que eu. 

Era estranho ver a República tão silenciosa assim, mas todos estão ocupados e o silêncio era bom as vezes, ele te faz pensar. E eu pensava, eu recordava de uma Ana que até então não tinha nome, não tinha vida, mas tinha o sorriso mais lindo do mundo. Ela sorria para mim na cozinha de uma casa que hoje, já não me pertence. Eu me recordava das conversas até tarde e dos seus pesadelos, do medo que ela sentia, eu lembrava da primeira vez que a ouvi cantar.

Mas a lembrança dela tocando pela primeira vez não saia da minha cabeça, seu cabelo curto e seu sorriso. Ela sentada ao piano como se soubesse o que fazer e ela sabia, eu lembro que ela respirou fundo e ao passar seus dedos por cada tecla do piano. Ela se tornou a pessoa mais transparente e foi ali, ouvindo ela tocar que eu me apaixonei. 

Nunca imaginaria o que viveríamos depois, nunca imaginei que um dia ela iria embora. Sempre sonhei que ela voltaria um dia e quando ela voltou, todos os sentimentos veio junto. Eu a amava.

A confusão que foi quando eu a beijei, nesse momento achei que tinha estragando tudo. Toda a dor que eu senti com sua recusa e o fato que toda vez que eu achava que ela sentia o mesmo e sempre vinha alguém me dizer que não. Até que um beijo seu, fez meu coração doer. Ela estava brincando comigo? Tudo era uma loucura, até que não conseguimos mais esconder.

O quão feliz eu fiquei ao saber que ela sentia o mesmo que eu, mas com isso veio o medo também. Victor estava de volta em sua vida e ele era o seu primeiro amor, aquele de quem ela falou por muito tempo e o medo de perde-la aumentava e aumentava e eu ficava quieto, sempre aguardando para mim todo esse medo e essa insegurança. E agora estávamos assim, perdidos em nós mesmo, sem saber como agir. 

Mas eu sabia o que era preciso ser feito e o medo continuava aqui em meu coração, mas não dava mais, precisávamos dessa conversa. Estávamos perdendo tudo e eu não poderia perde-la por completo. 

Deixo o violão no canto e me levanto para procura-la e quando olho ela estava lá a me observar.

Ana: Podemos conversar? – eu a olhei temeroso, eu tinha medo dessa conversa – Por favor. 

Ao olhar para ela eu podia ver o quanto estávamos distante, sim éramos amigos ainda, mas faltava alguma coisa. Faltava aquela cumplicidade que sempre tivemos, faltava a confiança, faltava o que fazíamos ser Ana e Thiago.

Faltava uma conversa. 

Thiago: Precisamos dessa conversa – eu me sentei no sofá e ela fez o mesmo – Embora eu tenha medo de como vamos sair depois de tudo isso.

Ana: Eu também tenho muito medo – ela olhou para sua mão – Eu.....

Thiago: Olha pra mim Ana!

Ana: Então segure minha mão porque eu me sinto perdida – eu segurei sua mão com força – Eu me sinto tão estranha, nunca tive medo de te contar nada e hoje esse é meu pior pesadelo.

Thiago: O meu também – respirei fundo – Nos perdemos.

Ana: Nos perdemos – eu vi uma lágrima sua cair – Quando eu descobri a verdade o mundo que eu acreditava existir sumiu e eu me perdi nele – eu a escutava – Eu sempre fui Ana e Helena a garota culpada e agora o que eu era?

Thiago: Você é a mesma pessoa – ela negou – Você é a pessoa que eu sempre vi.

Ana: Não Thiago eu era confusão, tudo sempre foi confusão e quando o Victor soube de tudo e me senti muito mais confusa. 

Déjame dicerte Where stories live. Discover now