Coração limpo

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Aproveito o silêncio da quadra e me concentro na bola e na adrenalina, vou fazendo as jogadas com raiva e esse sentimento não sai de mim, conversar com a Ana me fez bem, ela sempre faz. Com seu jeito doce e forte, ela tem tudo que precisa para conquistar o mundo. 

Pensar nela faz com que toda essa insatisfação transpareça junto com a mágoa, como ele era capaz de fugir assim e deixar todos aqui tendo que enfrentar essa terrível história?

Penso no Alex também, um garoto perdido em meio a isso, ele devia só ser ele mesmo e não lidar com a família complicada. Ainda não conseguia entender, na verdade eu não queria mais entender.

Mágoa e raiva era algo que eu não conseguia deixar de sentir, me machucava tudo o que aconteceu, mas o que me deixava irritado, era ele ter sumido e principalmente, o fato de ainda me preocupar com ele.

O processo estava caminhando para o final, que não seria bom para a Ana. A única pessoa que não merecia isso e eu odiava me sentir assim, incapaz. Eu queria poder resolver logo isso para ver ela feliz. 

A quadra de basquete virou o lugar onde eu posso extravasar o ódio que eu sentia, Antônio era um monstro, Marcos um maluco que queira acabar com todos e Victor ele era... 

Meu amigo, ele era uma pessoa que eu considerava meu amigo e que agora me machucou, assim como eu o feri também. A diferença era que ele não me deixou contar a minha versão da história, tudo isso me deixava nervoso, eu o queria bem apesar de tudo. Mas eu descobri também que ele era um covarde e sua covardia, estava destruindo a mulher que eu amo.

A adrenalina e a raiva me consome a bola está na minha mão, me viro a lançando usando toda a minha força, eu precisava colocar para fora todos esses sentimentos e a bola de basquete me ajudaria nisso. Respiro fundo me sentido um pouco melhor ao fazer isso, mas paro ao me dar conta de que eu acertei alguém bem no meio da cara. Essa pessoa era nada mais e nada menos que Victor Guterres.

Ele parecia o mesmo apesar de ter mudado um pouco, a raiva que eu achava que tinha colocado para fora, volta com força total. 

Victor: Isso doeu – ele disse baixo ao passar a mão no rosto – Sei que está com raiva de mim, mas precisa disso?

Thiago: Foi sem querer – ele sabia que sim – Mas foi bem feito também – ele negou com a cabeça – O que faz aqui Victor?

Victor: Eu vi tudo que estava acontecendo – fui até a bola que estava do outro lado a pegando para guardar – Eu preciso resolver isso.

Guardei a bola e peguei uma garrafinha de água, Victor ainda me olhava triste, eu sabia que não era fácil para ele, mas quer saber? Eu não estava nem ai.

O chamei para irmos nos sentar e ele se manteve em silêncio por um bom tempo. 

Thiago: Como foi na Espanha? – ele ainda permaneceu quieto – Espero que tenha te feito bem – ele disse que sim – Pelo menos valeu a pena a fuga. 

Victor: Thiago eu sei que está chateado com tudo o que eu te disse – ele me olhou com um pouco de raiva – Mas por favor, você precisa me entender. 

Thiago: Acontece que eu não quero te entender Victor – ele me olhou desolado – Viu o que tudo isso fez com a Ana e com a família dela? – eu podia ver como escutar isso o estava deixando com raiva – Vê o que isso está fazendo com a sua família?

Ele ficou me encarando, eu estava farto de guarda isso, de entender que ele sofreu e que foi difícil. Eu sabia e ainda me preocupava com ele, mas eu sempre iria priorizar a Ana.

Victor: O que sabe da minha família? – ele deixou transparecer a sua raiva – Não se meta nisso. 

Thiago: O que veio fazer aqui então? – ele ia responder mais eu o cortei – Gosta de falar as suas verdades, mas não gosta de escutar – me aproximei um pouco dele – O que eu sei da sua família? Sei que seu pai é um louco que não para de perseguir a Ana – eu notei como ele ficou estranho quando eu a chamei de Ana – Sua mãe está com raiva e dizendo coisas horríveis e seu irmão está perdido no meio disso – tentei me acalmar – É isso que eu sei sobre a sua família. 

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