Eu venci

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Sentada no banco da praça a espera do Victor, eu só conseguia pensar nas palavras do advogado, de acordo com ele, as chances de eu ganhar o processo eram quase nulas e isso era devido ao vídeo. Ao que parecia a palavra do Antônio tinha mais valor que a minha. Isso me entristecia um pouco, mas eu não me deixaria vencer e um dia provaria a verdade.
 
Penso na conversa que o Thiago teve com o Victor e segundo ele o Victor diria a verdade, eu não acreditava muito nisso, ele não era mais a pessoa corajosa e justa de antes. Mudamos muito com o tempo.

Vejo o Victor se aproximar com a sua cadeira e noto como ele está diferente, talvez sair do país tenha feito bem a ele. Respiro fundo e noto que tinha acabado de receber uma mensagem do Thiago e quando vejo o que está escrito, não consigo evitar o sorriso.

“Estou te esperando com um beijo.”

Sinto meu coração dançar de alegria e amor, como ele era especial e único. O meu verdadeiro amor.

Victor: Helena está bem? – ele me olhou estranho. 

Ana: Sim! – guardei o celular – Vejo que a Espanha te fez bem. 

Victor: Fez sim – ele parecia meio envergonhado.

Ana: Porque voltou? – eu ainda não acreditava que era para falar a verdade. 

Victor: Para falar a verdade – eu o encarei em silêncio – E pra buscar o seu perdão.
 
O olhei brava, ele achava que era só falar que conseguiria o meu perdão? As coisas não eram assim.

Ana: É só com isso que está preocupado? – ele não respondeu – É só com isso?

Victor: Sei que está com raiva de mim – seu olhar era triste – Mas eu preciso do seu perdão.
 
Ana: E ai faz o quê? – eu estava furiosa – Volta para a Espanha?

Como podia ser tão egoísta assim, como não via que não era essa a solução, falar a verdade? Ele parecia não está nem ai para o resto, como se sua família não fosse importante e isso me deixou com muita raiva.

Victor: Por favor Helena! – ele disse suplicante – Eu vou consertar tudo, eu vou falar a verdade.

Ana: E acha que isso basta? – ele ficou quieto – Não é assim Victor, como pode achar que é só voltar e dizer que vai falar a verdade e pronto, problema resolvido – eu tentei me acalmar – A vida não é assim, não vê como se tornou um egoísta e covarde – eu olhei bem nos olhos dele – Você só pensa em você!

Victor: Como pode me dizer isso – ele parecia chateado – Isso não é verdade!

Ana: Não é? – estava difícil controlar a raiva – Não está nem um pouco preocupado em conseguir o perdão da sua família?
 
Victor: Por favor não fala deles – ele disse um pouco bravo.

Ana: Eu falo deles sim – eu disse dura – Não te julgo por fugir, eu sei como é, eu fugi por anos e quando eu voltei continuei fugindo – ele me encarava perdido – Mas quando eu voltei, tive que encarar tudo de frente e isso doeu e sabe porque? – ele não respondeu – Porque eu magoei todos.

Victor: Eu vou consertar as coisas – ele ainda não entendia – Eu vou falar a verdade.

Ana: ISSO NÃO É CONSERTA AS COISAS – gritei e ele me olhou assustado – Se é só isso que tem que fazer, porque não fez antes? Porquê machucou tanta gente? – o olhei magoada – Se veio com o intuito de falar a verdade só por isso, acho melhor voltar para Espanha.
 
Victor: Você sabe porque eu não disse antes – ele me olhou intensamente – Sabe o que meu pai fez comigo, como ele me manipulou, sabe como doeu em mim tudo isso.
 
Ana: Egoísta – eu ficou em silêncio – Eu sei tudo isso, assim como eu sei cada coisa que eu passei por conta dessa mentira – eu disse dura – Eu fiquei anos sem memória, anos me culpando e quando minha irmã soube a verdade ela me odiou, assim como os meus amigos – eu vi como isso o machucou – Não vê como tudo isso está destruindo a sua família? Foi embora sem se despedir do Manuel, não viu como o Alex é só um garoto perdido nisso tudo. Diz que faz isso porque não quer ver sua mãe sofrer, mas não liga que ela faça os outros sofrer – ele ainda me encarava.

Déjame dicerte Where stories live. Discover now