O começo de uma família

505 33 18
                                    

Sinto um alívio grande ao abraçar a Ana, estava acabado, essa história tinha terminado para ela, mas para o Victor e sua família tinha apenas começado.

A dor vivida ali era enorme e ao olhar para uma Paula que chorava, eu me senti mal por vê-la assim, seu choro era sentido e mostrava toda a dor que uma mãe sentia. Alex estava quieto e tinha o Manuel por perto e o Victor, ele tentava a todo o momento falar com a mãe, que não o respondia. Não tinha nada, só uma mulher destruída, eu sabia que cada palavra errada que ela já disse para os Urquizas, fazia ela se sentir mais péssima ainda. Estava doendo em todos. A família que ela lutou tanto para se manter tinha sido desfeita, as pessoas que ela confiava, havia mentido.

A vida mostra que tudo que você faz, volta para você de alguma forma e Paula magoou e feriu outra mãe, que agora olhava para ela. Alice melhor do que ninguém sabia o quão difícil era, a dor e o desespero, a mentira destrói e ela sabia. Quantas vezes Paula humilhou sua família? Quantas vezes ela disse coisas horríveis sobre sua filha?
 
O que você faria se a vida de desse a chance de fazer com uma pessoa, o mesmo que ela fez com você? Faria igual? Ou deixaria de lado?

Quando Alice se aproximou da Paula, ela poderia muito bem dizer a ela todas as coisas horríveis que já ouviu, mas assim como a Paula, ela também era mãe e sabia como o coração dessa mulher estava. E nesse momento, ela ensinou a todos uma grande lição. As vezes estender a mão a alguém que te fez algum mal é a chave para algo grande.
  
O que víamos era um abraço de perdão entre duas mães, que de alguma forma se magoaram. Era um abraço que devia ter acontecido a muito tempo, quando as duas tinham perdidos seus filhos. Alice chorava junto com ela e todos nós, só acompanhávamos a conversa baixa entre as duas.

Alice: Pode parecer que não – as duas se olhavam – Mas vai passar, Lucas não é culpado – o choro da Paula era ainda mais dolorido – Ninguém é. Foi um acidente.
 
Paula olhou para Alice e nos braços de uma das pessoas que mais odiou, ela se entregava a dor, pois estava segura.

Paula: Eu sinto muito – ela tentava falar – Eu sou uma pessoa horrível.
 
Alice: Não é, só deixou o ódio dominar – ela tentou sorrir – Pode não parecer, mas a raiva que eu já senti acabou, somos vítimas Paula.
 
Paula olhou para Alice e viu sinceridade, os Urquizas nunca quiseram o mal de sua família, mas sim justiça.
 
Paula: Obrigada – ela olhou o filho e tinha tanta mágoa.

Duas mães que viveram algo parecido, mas que agora os papéis estavam invertidos. Paula não sabia, mas aprenderia muitas coisas.

Alice: Espero que possa ser feliz – ela se levantou – É forte Paula, ainda vai se dar conta disso.
 
Então ela se afastou e o Victor tentou se aproximar, o olhar que ela tinha para ele não era de ódio. Era decepção pura, seu filho aquele que ela cuidou por tanto tempo tinha a magoado, tinha mentido e ela estava farta.
 
Victor: Mamãe – ela se manteve calada – Me perdoa?

Paula: Não posso – eu senti o peso de suas palavras – Mentiu para mim todo esse tempo, como pode?
 
Victor: Eu tinha medo mamãe – ele tentou ir até ela e ela se afastou ainda mais – Não me deixa sozinho por favor.
 
Paula: Sinto muito – ela secou suas lágrimas – Me magoou, não confiou em mim que sempre estive aqui para você, deixou essa mentira ser contada por anos – ela pegou sua bolsa que estava do seu lado – Eu teria lutado contra tudo para te proteger Victor, eu fiz isso por anos. Sinto muito filho, mas está sozinho agora!

Então ela saiu sem olhar para trás, sem responder todas as vezes que o Victor a chamava, Paula estava magoada e por mais que ela estivesse preocupada com os filhos, ela fez algo que poucas mães fazem, ela o deixou. Ela por um momento deixou de lado todo o seu amor de mãe e se priorizou, ela estava ferida e só ela poderia cuidar de si mesma. Victor teria que aprender a fazer o mesmo.
 
O silêncio se fez presente mais uma vez, mais ainda poderia piorar, Alex tinha raiva nos olhos, ele tinha perdido sua família.
 
Alex: Magoou a todos – ele sim tinha raiva – Me deixou sozinho aqui – ele se aproximou da porta – Eu espero que fique bem, mas nunca mais fala comigo.
 
Era o começo da ruptura de uma família já quebrada.

Déjame dicerte Where stories live. Discover now