Novos momentos

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A arquibancada da quadra estava lotada e eu sabia pois podia escutar os gritos de todos, hoje seria a final do campeonato e nesse momento estávamos no vestiário prontos para dar o nosso melhor.

Thiago: Já sabem – eu olhava para todos com um orgulho sem igual – Passamos por muitas coisas, quero que entre lá e se divirtam. Venceram gente – todos prestavam atenção – Venceram a dificuldade que a deficiência física trouxe para vida de vocês – todos estavam animados – Venceram o preconceito e agora é hora de irmos buscar o nosso prêmio. 

Todos aplaudiram e fomos caminhando em direção a quadra, a cada passo que dávamos, os gritos ficavam cada vez mais alto. Eu sabia que o Luan e o Pietro se encarregaram da torcida, mas acho que eles pensam que estão em uma final de copa do mundo. 

Um sorriso nasce em meu rosto quando vejo todos ali, os pais da Ana, minha família da República. Meus amigos e o principal, todos os familiares dos meus alunos. 

Noto em meio a multidão uma Ana de cabelos soltos e sorriso fácil, quando ela olha em minha direção, me manda um beijo e se vira de costas. Não consigo evitar a gargalhada quando vejo que em sua blusa estava escrito “Sargento Kunst”.

Nego com a cabeça e me concentro no que tenho que fazer, vou até o treinador do outro time e o comprimento feliz, o que realmente importa para nós dois é  ver todos eles fortes e contentes, superando tudo e o basquete estava trazendo isso para eles.

Faltava alguns minutos para o jogo realmente começar e como todos estavam conversando com seus familiares, eu fui fazer o mesmo. Ao me aproximar deles, notei que o Luan estava com uma vuvuzela e isso era engraçado. 

Luan: Vamos ganhar de virada pra ser mais emocionante – ele disse empolgado.

Pietro: Nada disso, vamos ganhar de lavada – ele e a Dayse bateram suas mãos em um comprimento.
 
Manuel: Vamos só nos concentrar em ganhar – eu observava a conversa, até meus olhos pousarem na Ana, como ela estava linda – Thiago? – o olhei – Você não vai ficar assim na hora da partida não né?

Thiago: Não prometo nada – brinquei – Depois eu volto. 

Me afastei e fui em direção a Ana que ainda me sorria, de repente todo o barulho que tinha ao redor desapareceu e era só nós dois ali, a cada passo meu coração disparava, o que ela me fazia sentir era inexplicável. Eu a ama e como amava.

Ana: Gostou – ela me mostrou a frase e eu toquei em sua costa – Bia fez para mim – me aproximei e a abracei, beijando seu pescoço.
 
Thiago: Eu amei – ela se virou para mim – Está perfeita como sempre, senhorita Urquiza – a beijei rápido. 

Ana: Sei o quanto tudo isso te importa – eu olhava em seus olhos – Ver o crescimento de cada um deles e poder fazer parte disso é algo que te motiva. Já ganhou sargento – ela tocou no apito em meu peito – Mas queremos o troféu – ela disse charmosa – Vamos ganhar.

Ela me deu mais um beijo e se afastou, então voltei para perto dos meus alunos. Seu uniforme era vermelho, dando um contraste diferente.

Thiago: Vamos nessa? – eles gritaram – Bora!

O juiz apitou dando início a partida, então esqueci um pouco tudo ao meu redor e passei a me concentrar em todos os jogadores, a cada momento eu gritava um aviso ou dizia um incentivo, todos estavam empenhados em ganhar e isso era ótimo. Vou andando em direção ao outro lado da quadra para ver melhor, acompanho a todos.

Thiago: Caio concertação – disse rápido – Vamos lá, precisão.

Na arquibancada eu podia ouvir a voz da Ana e de todos cantando algum tipo de música, olho para ela e vejo o seu orgulho, ela sabia o quanto tudo isso era importante para mim. Não era só um jogo, era a luta de pessoas que tiveram que aprender a viver novamente, eu sentia que tinha encontrado algo especial, impulsionar todas essas pessoas usando o esporte que eu tanto amo. Era magnífico.

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