CAPÍTULO 19 - Felicidade

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Acordar dois dias seguidos ao lado de Jared Frost Müller - considerando o que ele havia dito sobre não ter dormido com mulher nenhuma - era realmente um privilégio. E isso não se devia somente por ele ser incrivelmente lindo, o que ela notou bem conforme observava cada detalhe do seu rosto: os cílios compridos, as sobrancelhas grossas, o nariz fino e aquilino, a barba que cercava seu maxilar marcado ou o contorno deu seus lábios, mas, além de tudo isso, por poder vê-lo sorrir quando estava com sono antes de finalmente adormecer, do cafuné constante que ele fazia em sua cabeça quase sem parar, do jeito que ele se aconchegar ao seu corpo, tão íntimo, mas tão cuidadoso.

Era todo o pacote que ele havia lhe trago desde o banho de banheira na noite passada.

Verônica acordou, tomando consciência primeiramente do volume de seus braços grandes em volta de si, depois do do corpo quente delineando o seu.

Eles eram um emaranhado de pernas, tão enrolados um no outro e próximos que ela conseguia sentir sua respiração batendo contra seu rosto. Graças ao isolamento acústico, ela não conseguia ouvir nada do lado de fora do quarto exceto que alguém gritasse no corredor chamando por algum deles, então, ela só sabia que as gaivotas estavam voando ali pela praia pois conseguia ver o céu pela cortina aberta.

Jake se remexeu e ela abaixou os olhos para seu rosto novamente. A mão que não estava sobre ela permanecia abaixo do seu rosto e a íris azul acinzentada parecia brilhar à luz da manhã.

— Bom dia, tenente Ashford — sua voz soou rouca devido ao excesso de sono.

— Bom dia, banqueiro Müller — respondeu no mesmo tom e ele fez uma careta, fechando os olhos, franzindo a testa.

— Um horror de bom dia esse seu — afirmou e ela deu os ombros, o edredom cobrindo seu rosto nu.

— Eu só queria responder a devida altura — falou, virando-se para lhe dar as costas. Jake a puxou assim que o fez, colando suas costas em seu peito. Ela conseguia saber que, por mais que tivesse acabado de acordar, ele já estava pronto para qualquer investida e mordeu os lábios, tentando evitar pensamentos pecaminosos antes do café da manhã.

— Acho que você deveria permanecer em silêncio. Que horas são, seis? — Verônica riu, negando com a cabeça enquanto ele empurrava seus fios com a mão que antes estivera debaixo de seu rosto, afundando o rosto no vão do seu pescoço.

— Já se passa das onze — resmungou observando o relógio digital ao lado da cama.

Ele gemeu.

— E porque eu estou com tanto sono? — questionou — Eu estou com tanto sono, parece que um furacão passou por cima de mim — ele abriu a boca para falar, mas ele continuou: — Ah, foi o furacão Verônica! No caso, foi bem em cima mesmo!

Ela bateu no braço que a envolvia e Jake riu.

— Meu Deus, você é pobre!

— Eu estou falando a verdade, não sou de mentir, muito menos para você!

— Quando esse final de semana acaba? Não quero mais ficar perto de você — Jake deu de ombros.

— Temos um pouco tempo, fique tranquila — debochando ele se ergueu, espreguiçando e mostrando toda a glória de suas costas musculosas — A propósito, que história daremos a meu pai? Podemos falar que você vomitou de novo, se quiser, ele com certeza vai notar que saímos da festa antes dos parabéns.

Verônica ergueu uma das sobrancelhas.

— É tão ruim assim assumir que dormiu com a plebeia?

— Plebeia? — Jake pareceu confuso.

— Sim — deu de ombros com um sorriso sem graça — Seu pai deve achar que o pobre e inocente Jake Müller está sendo usurpado pela grande vadia que é a ex-tenente Verônica Ashford, da plebe de Nova Iorque.

Vizinhos, vizinhos, amores à parte.Where stories live. Discover now