Capítulo 11 - Parte Seis - A

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Mikey rolou seus olhos.

"O que?" Gerard disse defensivamente. "Okay, tudo bem, eu não vou levar nenhum tubo de ensaio. Mas ainda assim vou compra o leitor de EMP no eBay."

"Você é tão vergonhoso", Mikey disse rouco, mas ainda sorrindo, só um pouco. Gerard tinha o laptop de sua mãe balançando cuidadosamente sobre seus joelhos, eles estavam assistindo episódios online gravados do grupo Paranormal Investigative, que estava investigando uma antiga fábrica têxtil. Gerard tinha passado a viagem até o hospital trocando mensagens com Mikey, e seu irmão parecia ter aceitado provisoriamente que seu irmão não era um esquizofrênico paranóico e delirante. Porém ele estava meio puto com Gerard por não ter tirado fotos.

Uma câmera, aquilo devia definitivamente estar na lista de suprimentos de Gerard. Ele escreveu aquilo em seu caderno.

"Você pode zombar, mas eu tenho uma obrigação com à ciência", Gerard disse um pouco alto demais, e cerrou os olhos para a tela novamente. "Você acha que eu devia levar um gravador? Para EVP?"

"Eu pensei que você pudesse ouvir Frank sem a ajuda de eletrônicos?" Mikey perguntou, virando panorâmico para encarar o irmão. Era como se ele pudesse rolar os olhos com o corpo inteiro. Talvez seu irmãozinho tivesse poderes sobrenaturais de sarcasmo. Era possível. Qualquer coisa era possível.

"É um mundo novo!" Gerard disse espalhafatoso e Mikey rolou os olhos. De novo.

"Tão. Vergonhoso", ele repetiu, esfregando seu peito distraidamente. "Então. Como o Frank morreu?"

Gerard se ocupou com o mouse do laptop. "Não sei", ele murmurou. E então seu rosto se iluminou. "Ah, olhe. Imagem térmica! Ei, aquela filmadora que você ganhou no último Natal tem umas configurações esquisitas, né? Acha que tem sensor de calor?"

Mikey o encarou e fez o sinal sibilar universal para 'se você roubar minhas coisas eu vou acabar com sua vida de merda': olhos cerrados e um solavanco rápido de sua cabeça, seguido pela boca aberta em descrença e Deus­-sabe-­o-­que-­mais.

"Eu não vou quebrá-­la, meu Deus", Gerard disse ofendido, e Mikey suspirou resignado.

"Tenha cuidado, Gee" Sua voz saiu fraca e suave, mas Gerard já tinha se acostumado a escutar seu irmão meio que puxar o ar para respirar e falar sussurrando. Ele conseguiu ouvir. "Se Frank está mesmo morto... tenha cuidado com ele."

"Hã? Frank não vai me machucar", Gerard disse, ocupando-­se em olhar para cima. Mikey estava encarando-­o com olhos solenes e machucados. Gerard queria envolvê-­lo em dez mil quiltes e levá­lo para casa e lhe encher de cerveja e Hot Pockets e programas horríveis que passam na TV de madrugada. Ele odiava as luzes do hospital, estéreis e inesquecíveis, vomitando sombras desoladas por todo o lugar. Ele não entendia como Mikey conseguia aguentar aquilo, mas o doutor disse que ele talvez pudesse ir para casa na próxima semana e apenas voltar de vez enquanto para acompanhar o tratamento, então... Havia esperança.

"Não é o que eu quis dizer", Mikey respondeu lentamente. "Você sabe o que eu quero dizer." Gerard fingiu confusão e acelerou o vídeo para pular o intervalo comercial. O grupo estava indo para um lago de patos assombrado na próxima parte. Aquilo era quase aplicado na situação de Gerard com Frank. Fantasmas ao ar livre.

"Talvez eu saia dessa merda de hospital semana que vem", Mikey disse. "Talvez eu pudesse—" Ele se interrompeu e tossiu cuidadosamente. Gerard balançou o caderno e a caneta em sua direção, franzindo a testa e fazendo uma carranca.

"Okay, maneire a fala ou você vai ficar preso aqui para sempre", ele disse, repousando a caneta na mão de seu irmão. Mikey torceu seu nariz e suspirou. "Ei! Talvez você possa conhecer Frank semana que vem!"

Anatomy of a Fall (portuguese version)Where stories live. Discover now