Anatomy of a Fall (portuguese version)

Capítulo 22 - Parte Onze - B

Aquelas não eram as melhores últimas palavras, mas ele estava cansado e não conseguia pensar em nada melhor. "Vai. Se. Foder."

"Seu merdinha!" Mark disse, seu rosto ficando vermelho­-sangue. E então a porta foi aberta por um chute. Tudo ficou muito alto e confuso e Gerard fechou os olhos, esperando pela dor e o clarão de luz, como Pop Rocks, mas havia apenas mais gritos e luta.

Uma voz se ergueu sobre as outras, fazendo Gerard virar a cabeça para enxergar melhor a pessoa à qual a voz pertencia: um homem de terno, com olheiras profundas ao redor de seus olhos e uma gravata da Hanna Montana. Ele empurrou Mark contra a parede, os dentes brilhando no que pareceu ser um sorriso. Alguém estava ao seu lado, apontando uma arma e gritando ordens.

Gerard piscou, sem ter certeza absoluta se ele estava alucinando ou se seu cérebro estava danificado. Foi a gravata que realmente o confundiu. Talvez ele já estivesse morto? Frank disse que morrer era confuso e aquilo com certeza era confuso pra caralho.

"Sentiu minha falta, desgraçado?" o homem rosnava. E então, finalmente, a mulher com ele sussurrou algo em seu ouvido e ele deixou Mark deslizar na parede. Ela manteve sua arma apontada para Sikowski enquanto o outro homem se afastava, arrumando sua gravata e sorrindo animadamente. "Certo, como manda o figurino. Claro. Eu sou o Agente Especial James Dewees do FBI, esta é a Agente Molly Hand. E vocês, seus desgraçados medíocres, estão todos presos pelo assassinato de Frank Iero e o sequestro de Gerard Way. Tudo o que disserem poderá e será usado contra vocês no tribunal. Soa legal pra vocês, camaradas? Ótimo." Sua parceira estava encarando-­o de olhos cerrados e ele fez uma cara de 'Que é?' para ela. "Aww, qual é! O figurino é chato, Moll."

Homens vestindo coletes à prova de balas entraram no lugar e estavam empunhando suas armas para os outros sequestradores, sem ser especialmente gentis com aquele ato. Puta merda, era igual nos filmes, Gerard pensou, levemente fascinado.

"Nós não queríamos matar Frank", um dos homens estava dizendo, enquanto era algemado — irmão do Isaac, talvez. "Nós encobrimos o Mark, não matamos ninguém. Jimmy, você tem que—"

"Eu não 'tenho que' fazer nada além de jogar sua bunda gorda na cadeia. E se você não o matou pessoalmente, bem, então são associados. Sem mencionar as complicações pelo sequestro. E vão em frente, liguem para quantos advogados quiser, seus cabeça-­de-­merda. Eu vou ver suas bundas no tribunal de qualquer jeito."

Houve muito mais barulho depois daquilo, mas Gerard estava ocupado engolindo o ar fortemente. Ele não ia morrer. Ele pensou que— ele realmente pensou que—

"Você está bem, criança?" Agente Dewees perguntou, curvando-­se e olhando nos olhos de Gerard. "Vamos te tirar dessas cordas, quer um pouco de água? Molly, nós temos água?" Sua parceira lhe entregou uma garrafa de água, que foi entregue à Gerard após ele ser libertado das cordas. Gerard não conseguia fazer suas mãos funcionarem, seus dedos estavam entorpecidos. O homem apenas sorria encorajadoramente, fechando sua mão ao redor da de Gerard e o ajudando a beber. Então ele começou a libertar os pés de Gerard.

"Como caralhos o FBI se envolveu nisso?" Gerard perguntou fracamente, após esvaziar a garrafa. Dewees sorriu para ele. A gravata da Hanna Montanna estava brilhante, rosa berrante e Gerard estava ao mesmo tempo fascinado e horrificado. Mark estava do lado de fora, gritando ameaças que soavam como promessas, cem por cento insano. Gerard estava começando a se sentir um pouco insano também.

"Assassinato em área federal, meu amigo", Dewees informou Gerard, dando um leve tapinha em seu ombro. "E, bem... Frankie era meu melhor amigo. Eu estive esperando essa chamada por quase onze anos — tive pessoas de olho por mim. Sabia que o bastardo iria fazer merda de novo, cedo ou tarde." Sua voz era triste, mas afetuosa. Ele parecia estar olhando através de Gerard por um momento, distante.