Parte V

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Em toda minha vida, não achei que acontecesse mesmo de meu pai estar saindo com a mãe do cara que praticou bullying comigo. Segundo ele, já faz um bom tempo que isso acontece. Mesmo trabalhando ele arrumou um jeito de seguir com sua vida amorosa. Sou maduro o suficiente para aceitar num boa, pois conheço meu pai, ele não faria isso se não estivesse realmente apaixonado pela mulher. Afinal, ele vai namorar a mãe e não aquele metido a valentão.

  — Desculpe por te avisar após dois meses nesse relacionamento. Não sabia como você iria reagir. — Meu pai comenta. Eu estava dirigindo até o restaurante que aconteceria o jantar entre minha nova madrasta, seu filho incompetente, meu pai e eu.

  — Você sabe o que penso sobre essa família, mas aparentemente você está feliz. É o que importa, pai. — Sorrio para transmitir confiança.

Estacionei numa vaga livre, arrumei a roupa do meu pai e adentramos o restaurante. A mulher estava sozinha tomando vinho branco e sorriu ao nos ver. Nos cumprimentamos.

  — Bom saber que Hoseok aceitou numa boa, meu bem. Diferente do San, que está uma fera comigo.

  — Onde ele está? — Pergunto.

  — Foi ao toalete.

  — Irei trocar uma palavra com ele. Podem pedir, se quiserem. — Me direcionei até o banheiro, presenciando Choi San chorando em frente ao espelho. — Meu pai não vai ser um padrasto ruim.

  — Cala sua boca. — Rosna. — Você aceitou essa barbaridade numa boa?

  — Eles estão felizes.

  — Achei que fosse menos idiota. — Resmunga enquanto molha o rosto. — Ele só quer namorar minha mãe por ela ser bem-sucedida na cidade.

  — Não precisamos do seu dinheiro. Temos consciência e conhecemos algo chamado trabalho duro. Você nasceu em berço de Ouro, mas nós suamos pelo dinheiro.

  — Eu vou embora. Nem sonhando que irei ouvir baboseiras de amor e paixão. — San deixa o banheiro as pressas. Paro na porta ao vê-lo gritar com a mãe e ir embora dalí. Presenciei meu pai acalmando a mulher e trocando carícias.

Resolvi deixar o local também. Precisavam ficar a sós, não tinha mais nada para fazer alí. Teríamos outras oportunidades. Trilhei meu caminho até uma loja de conveniência bem afastada da cidade, não percebi que havia andado tanto. Parei para comprar algo, mas estava um silêncio assustador.

  — Olá?! — Toquei a campanhia no balcão, mas ninguém saiu. Saí para fazer uma ligação no telefone público e disquei o número. Antes que pudesse apertar o botão para chamar, alguém me impediu.

  — O telefone está quebrado. — Um homem mais alto, de cabelos encaracolados e sorriso sinistro apareceu. — Use o meu. — Ele abriu espaço para sair da cabine entregando-me seu celular.

Disquei o número de Jimin, torcendo para que ele me atendesse, mas foi em vão. Ao menos chamou. Agradeci a Deus por ele não atender, saiu há pouco tempo do hospital, poderia colocá-lo novamente em perigo.

  — Não consegui, mas obrigada. — Fiz reverência. — Onde está o dono? Gostaria de comprar água.

  — Ele está afastado, mas posso te ajudar. — Segui o homem de volta para a loja, comprei o que queria e paguei ao desconhecido.

  — Que barulho foi esse? — Perguntei ao ouvir algo estrondoso vindo dos fundos.

  — Se quiser continuar respirando, sugiro que vá embora. — Fala de forma fria. O pirulito em sua boca movia-se algumas vezes e ele inclinou o rosto esperando algo. — Cinco. Quatro. — Ele começou a contar e sorriu. Corri o mais rápido que pude dalí, mas em uma fração de segundos apareceu em minha frente. Para meu azar, nenhum carro passava no local. — Três. Dois. Um. Acabou o tempo. Onde estão seus pais, criança?

Coração Valente | kth & jhsWhere stories live. Discover now